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Distúrbios no Mundo Árabe

Egito: Irmandade Muçulmana diz que novo governo é "1º passo"

29 jan 2011 - 08h25
(atualizado às 10h58)
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O grupo Irmandade Muçulmana, que tem como braço político a Frente de Ação Islâmica (FAI), mostrou-se insatisfeito neste sábado com o discurso de ontem à noite do presidente egípcio Hosni Mubarak e disse que a destituição do governo, anunciada por ele e confirmada hoje, é "apenas um passo" antes de aceitar as reivindicações da oposição e do povo.

Para reprimir as manifestações, o governo egípcio convocou o exército
Para reprimir as manifestações, o governo egípcio convocou o exército
Foto: AP

"A mudança do governo não é o objetivo fundamental, já que há um conjunto de solicitações reivindicadas pelas forças políticas, como a derrogação da lei de emergência, a dissolução do Parlamento e eleições livres e limpas", disse à Efe Walid Shalabi, assessor de imprensa do líder do grupo, principal partido de oposição no Egito.

Na sede do movimento, considerado ilegal mas tolerado pelo regime, Shalabi indicou que outras das exigências da oposição e do povo são obter liberdades públicas e julgar os corruptos. "Desejamos um governo que tenha interesse em lançar as liberdades públicas, que resolva o problema do desemprego e que não trabalhe em benefício de um só grupo", disse ele.

Walid Shalabi afirmou também que seu grupo trabalha pelo "interesse da pátria" e, em sua opinião, isso requer a solução dos problemas. "Queremos que as exigências dos jovens e dos partidos políticos sejam cumpridas", afirmou. Ele disse que a Irmandade Muçulmana "esteve como todo o povo no centro dos eventos (desta sexta-feira)" e criticou a atuação da polícia frente aos protestos, qualificando-a de "inaceitável". Para ele, os agentes de segurança "devem enfrentar sua responsabilidade".

A Irmandade Muçulmana, maior movimento islâmico do mundo, foi fundada em 1928, com o slogan "Islã é a solução". O grupo quer estabelecer um Estado governado por leis islâmicas, entrando em conflito com a constituição secular do Egito. O movimento está proibido de concorrer às eleições como um partido político (as leis egípcias proíbem partidos com políticas religiosas), o que obriga seus candidatos a concorrerem como independentes.

Egípcios desafiam governo Mubarak

A onda de protestos dos egípcios contra o governo do presidente Hosni Mubarak, iniciados no dia 25 de janeiro, tomou nova dimensão na última sexta-feira. O governo havia tentado impedir a mobilização popular cortando o sinal da internet no país, mas a medida não surtiu efeito. No início do dia dia, dois mil egípcios participaram de uma oração com o líder oposicionista Mohama ElBaradei, que acabou sendo temporariamente detido e impedido de se manifestar.

Os protestos tomaram corpo, com dezenas de milhares de manifestantes saindo às ruas das principais cidades do país - Cairo, Alexandria e Suez. Mubarak enviou tanques às ruas e anunciou um toque de recolher, o qual acabou virtualmente ignorado pela população. Os confrontos com a polícia aumentaram, e a sede do governista Partido Nacional Democrático foi incendiada. O número de mortos é incerto, mas se aproxima de 50 em todo o país, segundo fontes médicas. Os feridos passam de 800.

Já na madrugada de sábado (horário local), Mubarak fez um pronunciamento à nação no qual ele disse que não renunciaria, mas que um novo governo seria formado em busca de "reformas democráticas". Ele defendeu a repressão da polícia aos manifestantes e disse que existe uma linha muito tênue entre a liberdade e o caos. A declaração do líder egípcio foi seguida de um pronunciamento de Barack Obama, que pediu a Mubarak que fizesse valer sua promessa de democracia. Neste sábado, o governo egípcio pediu demissão, atendendo ao pedido feito por Mubarak.



EFE   
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