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Europa

Itália envia missão à Tunísia para ajudar refugiados líbios

1 mar 2011 - 17h26
(atualizado às 19h09)
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A Itália enviará ajuda humanitária para a Tunísia para ajudar cerca de 10 mil refugiados que deixam a Líbia, decidiu nesta terça-feira o primeiro-ministro Silvio Berlusconi em uma reunião de gabinete, informou uma fonte do governo à AFP.

Berlusconi telefonou para o primeiro-ministro britânico, David Cameron, durante a reunião para informá-lo da decisão "na esperança de que outros países sigam o exemplo", disse a fonte.

A reunião foi centrada na "obrigação moral e humanitária" de ajudar "milhares de pessoas desesperadas que estão fugindo pela fronteira, incluindo muitas crianças", afirmou a fonte.

"Ajudá-las no local é o melhor caminho de abordar seriamente o risco de uma imensa onda de imigração" do norte da África, acrescentou a fonte.

A Itália já alertou para um êxodo "de proporções bíblicas" se o líder líbio Muamar Kadafi for derrubado, afirmando que mais de 300 mil imigrantes podem se dirigir à costa da Europa.

Ministros afirmam que Roma já ajudou 1,4 mil italianos e 800 estrangeiros a deixar a Líbia.

A decisão da Itália chega no momento em que o Alto Comissariado da ONU para os refugiados fez um apelo urgente para a retirada em massa de milhares de pessoas que se dirigem à Tunísia fugindo da revolta na Líbia.

Líbios enfrentam repressão e desafiam Kadafi

Impulsionada pela derrocada dos presidentes da Tunísia e do Egito, a população da Líbia iniciou protestos contra o líder Muammar Kadafi, que comanda o país desde 1969. As manifestações começaram a tomar vulto no dia 17 de fevereiro, e, em poucos dias, ao menos a capital Trípoli e as cidades de Benghazi e Tobruk já haviam se tornado palco de confrontos entre manifestantes e o exército.

Os relatos vindos do país não são precisos, mas tudo leva a crer que a onda de protestos nas ruas líbias já é bem mais violenta que as que derrubaram o tunisiano Ben Ali e o egípcio Mubarak. A população tem enfrentado uma dura repressão das forças armadas comandas por Kadafi. Há informações de que aeronáutica líbia teria bombardeado grupos de manifestantes em Trípoli. Estima-se que centenas de pessoas, entre manifestantes e policiais, tenham morrido.

Além da repressão, o governo líbio reagiu através dos pronunciamentos de Saif al-Islam , filho de Kadafi, que foi à TV acusar os protestos de um complô para dividir a Líbia, e do próprio Kadafi, que, também pela televisão, esbravejou durante mais de uma hora, xingando os contestadores de suas quatro décadas de governo centralizado e ameaçando-os de morte.

Além do clamor das ruas, a pressão política também cresce contra o coronel Kadafi. Internamente, um ministro líbio renuncioue pediu que as Forças Armadas se unissem à população. Vários embaixadores líbiostambém pediram renúncia ou, ao menos, teceram duras críticas à repressão. Além disso, o Conselho de Segurança das Nações Unidas fez reuniões emergenciais, nas quais responsabilizou Kadafi pelas mortes e indicou que a chacina na Líbia pode configurar um crime contra a humanidade.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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