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Europa

Embaixador da Líbia em Portugal renuncia e denuncia regime 'tirânico'

25 fev 2011 - 15h42
(atualizado às 16h13)
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O embaixador da Líbia em Portugal, Ali Ibrahim Emdored, apresentou sua renúncia nesta sexta-feira e denunciou um regime "facista, tirânico e injusto", convocando-o a deixar o poder imediatamente, em um comunicado enviado à AFP.

"Anuncio que dei um fim a todas as minhas funções profissionais, políticas e administrativas neste regime fascista, tirânico e injusto, que não tem alternativa a não ser o abandono imediato do poder", declarou o embaixador em um comunicado cuja autenticidade foi confirmada pelo ministro português das Relações Exteriores.

"Estou anunciando ao mesmo tempo a minha adesão à revolução jovem de 17 de fevereiro de 2011. Considero-me a partir de agora como membro desta jovem revolução, e coloco toda a minha experiência e capacidade ao seu dispor", afirma o embaixador.

"O país está acima de tudo e sua defesa não é uma traição", acrescentou. Nesta sexta-feira de manhã, os embaixadores da Líbia na França e na Unesco, com sede em Paris, também anunciaram sua renúncia para condenar "os atos de repressão na Líbia e sua adesão à revolução contra o coronel Muammar Kadafi.

Líbios enfrentam repressão e desafiam Kadafi

Impulsionada pela derrocada dos presidentes da Tunísia e do Egito, a população da Líbia iniciou protestos contra o líder Muammar Kadafi, que comanda o país desde 1969. As manifestações começaram a tomar vulto no dia 17 de fevereiro, e, em poucos dias, ao menos a capital Trípoli e as cidades de Benghazi e Tobruk já haviam se tornado palco de confrontos entre manifestantes e o exército.

Os relatos vindos do país não são precisos, mas tudo leva a crer que a onda de protestos nas ruas líbias já é bem mais violenta do que as que derrubaram o tunisiano Ben Ali e o egípcio Mubarak. A população tem enfrentado uma dura repressão das forças armadas comandas por Kadafi. Há informações de que Força Aérea líbia teria bombardeado grupos de manifestantes em Trípoli. Estima-se que centenas de pessoas, entre manifestantes e policiais, tenham morrido.

Além da repressão, o governo líbio reagiu através dos pronunciamentos de Saif al-Islam , filho de Kadafi, que foi à TV acusar os protestos de um complô para dividir a Líbia, e do próprio Kadafi, que, também pela televisão, esbravejou durante mais de uma hora, xingando os contestadores de suas quatro décadas de governo centralizado e ameaçando-os de morte.

Além do clamor das ruas, a pressão política também cresce contra o coronel Kadafi. Internamente, um ministro líbio renuncioue pediu que as Forças Armadas se unissem à população. Vários embaixadores líbiostambém pediram renúncia ou, ao menos, teceram duras críticas à repressão. Além disso, o Conselho de Segurança das Nações Unidas fez reuniões emergenciais, nas quais responsabilizou Kadafi pelas mortes e indicou que a chacina na Líbia pode configurar um crime contra a humanidade.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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