Em 5 anos, Sarkozy enfrentou drástica queda de popularidade
20 abr2012 - 10h47
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Nicolas Sarkozy foi eleito em 2007 com a proposta de transformar uma França adormecida. Mas durante seu mandato, que espera renovar, foi construída uma imagem de um presidente desorganizado, impulsivo e personalista, tornando-se o governante mais impopular da V República.
Nicolas Sarkozy de Nagy-Bocsa, filho de um imigrante húngaro, sonhava desde criança ser presidente. Entrou na militância política na direita aos 19 anos. Aos 28 se elegeu prefeito de Neuilly, subúrbio rico de Paris. Sarkozy se tornou deputado aos 34 anos e ministro apenas quatro anos mais tarde. Apesar de não fazer parte da elite e não ter um diploma de advogado pelas mais prestigiadas universidades francesas, como os principais políticos do país, alcançou a presidência aos 52 anos.
Ao chegar ao poder com 53% dos votos em maio de 2007 com a promessa de "reformar a França", gozava de uma popularidade sem igual para um presidente francês desde o general Charles de Gaulle, fundador da V República em 1958. "Não tenho direito de decepcionar", disse no dia de sua posse. Mas o estado de graça durou pouco e está terminando seu mandato com o presidente mais impopular da França.
O caso de amor com os eleitores começou a ruir logo após vencer o pleito. Na noite da eleição, celebrou em grande estilo - exageradamente aos olhos do público - sua vitória no caríssimo restaurante Le Fouquet's da Champs-Elysées, via mais famosa de Paris. Posteriormente, partiu para férias no iate de um rico empresário. Sarkozy também nunca conseguiu separar sua vida pessoal de sua imagem política. Logo após ser eleito, se divorciou de Cecilia Ciganer e engatou um romance com a modelo italiana Carla Bruni, o que o tornou alvo dos paparazzi.
"O mais importante é a maneira como dessacralizou a política e rebaixou a função presidencial a serviço de sua pessoa. O que os franceses reprovam nele é sua forma de ser e de fazer", opina a cientista política Stephane Rozes de Cap.
Também desagrada sua maneira de exercer o poder e sua vontade de controlar e decidir tudo, relegando ao chefe do governo, François Fillon, o cargo de simples "colaborador". A multiplicação das reformas e as decisões tomadas em função de informações de casos policiais fazem com que até mesmo as figuras de seu grupo o considerem disperso.
Por outro lado, seus partidários louvam seu voluntarismo. Essa determinação que o levou em 2011 a ser o motor da intervenção militar internacional na Líbia ou a contribuir para encontrar soluções para evitar a falência do sistema bancário mundial em 2008. Admiram também sua "coragem" para impor medidas impopulares para, segundo eles, fazer com que a França avance, como a reforma do sistema de aposentadorias, a redução do número de funcionários públicos ou o serviço mínimo nos transportes públicos em caso de greve.
"Lançou mais reformas do que realmente levou até o final, mas tentou incentivar algumas que seus predecessores não ousaram enfrentar", enfatiza Bruno Jeanbart, do instituto de pesquisa OpinionWay.
O conservador Nicolas Sarkozy, 57 anos, da União por um Movimento Popular (UMP), é o atual presidente e tentará a reeleição no pleito de abril. Apesar da máquina pública influenciar a favor, seu favoritismo não se confirma nas pesquisas de intenção de voto. A diferença para o segundo colocado, François Hollande, é de apenas 0,5%. Além disso, Sarkozy nao vive um bom momento de popularidade - ele é o mais impopular dos cinco principais líderes europeus, segundo uma pesquisa recente
Foto: AFP
O deputado François Hollande, 57 anos, ex-prefeito de Tulle e membro do Partido Socialista, é o principal adversário de Sarkozy nas eleições presidenciais. O socialista chegou a liderar as pesquisas de intenção de voto, caiu para a segunda colocação, com pequena margem de diferença, mas ainda pode surpreender devido à queda na popularidade do atual presidente. Hollande foi marido de Ségolène Royal, antiga rival de Sarkozy na corrida eleitoral
Foto: Reuters
A ultradireitista Marine Le Pen, 43 anos, herdou a liderança do pai, Jean-Marie Le Pen, na liderança do Partido da Frente Nacional. Segundo as recentes pesquisas de intenção de voto, ela entrou definitivamente na briga como a terceira colocada. Assim como o pai, Marine é conhecida pelas frases fortes e postura provocativa, mas seu talento oratório também é reconhecido
Foto: AP
O centrista François Bayrou, 60 anos, da União para a Democracia Francesa, concorre pela terceira vez às eleições presidenciais. Fundador do Partido Democrata Europeu, ao lado de Francesco Rutelli, Bayrou também foi ministro da Educação entre 1993 e 1997. Segundo as pesquisas de intenção de voto, não deve ter grandes avanços em sua posição
Foto: Reuters
O político Jean-Luc Mélenchon, 60 anos, é o candidato do Partido da Esquerda no pleito presidencial. Mélenchon tem 10% nas pesquisas de intenção de voto e reúne muitos simpatizantes da esquerda que não foram seduzidos pelo discurso de François Hollande. Professor e jornalista, o candidato também já foi ministro de governo e senador em seu país
Foto: Reuters
A franco-norueguesa Eva Joly, 68 anos, é deputada pelo Partido Os Verdes desde 2009. Ex-juíza da Alta Corte de Paris, a candidata ficou conhecida nos anos 1990 por lutar contra a corrupção em casos importantes como o da companhia petrolífera Elf Aquitaine e do ex-ministro Bernard Tapie. Apesar do reconhecimento por sua ética profissional, Eva Joly não deve surpreender no pleito de abril
Foto: AFP
A ultraesquerdista Nathalie Arthaud, 42 anos, é candidata pelo Partido dos Trabalhadores. Arthaud é professora e concorre às eleições pela segunda vez. Em 2009, ela obteve pouco mais de 24,7 mil votos (0,84%)
Foto: Reuters
O trotskista Philippe Poutou, 45 anos, é sindicalista e representa a extrema-esquerda francesa nas eleições pelo Novo Partido Anticapitalista. Funcionário de uma fábrica de automóveis, Poutou liderou a Liga COmunista Revolucionária nas eleições legislativas de 2007, onde obteve apenas 2,7% dos votos. Philippe Poutou não deve sair das últimas colocações segundo as intenções de voto
Foto: Reuters
O nacionalista Nicolas Dupont-Aignan, 51 anos, lidera o Levante da República (DLR, na sigla em francês) em sua sgeunda participação em pleitos presidenciais. Ex-prefeito de Yerres, Dupont-Aignan é vice-presidente do Partido Eudemocrata (EUDemocrats, em inglês), a Aliança das Democracias para a Europa. Ele não tem grandes ambições no pleito e deve figurar nas últimas colocações
Foto: AFP
O esquerdista Jacques Cheminade, 70 anos, nascido em Buenos Aires, é um ativista político francês. Atualmente, é o líder do Movimento LaRouche na França. Formado em Direito e funcionário de carreira do Ministério da Economia, Cheminade vai para sua segunda disputa presidencial - a primeira foi em 1995. Não deve sair das últimas colocações segundo as intenções de voto