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Estados Unidos

Obama e Romney contrapõem visões de mundo no último debate de 2012

22 out 2012 - 23h03
(atualizado em 23/10/2012 às 11h36)
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O presidente democrata e candidato à reeleição, Barack Obama, e seu rival republicano, Mitt Romney, subiram ao palco montado na Lynn University, em Boca Ratón, na Flórida, para o terceiro e último debate presidencial de 2012. O debate foi aberto instantes após as 23h de Brasília pelo jornalista e moderador Bob Schieffer, da rede CBS, e nele Obama e Romney aprofundaram suas contrastantes visões sobre o papel dos Estados Unidos no mundo.

Romney e Obama disputam o direito da palavra durante o tumultuado e tortuoso debate de Boca Ratón
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Foto: AP

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Questionado sobre o que fazer em relação à Síria, um dos primeiros e principais temas do debate, Obama afirmou que os EUA continuarão "apoiando" os oposicionistas, mas criticou a proposta de fornecer "armas pesadas" aos rebeldes. "Não podemos pôr armas pesadas nas mãos de gente que poderia utilizá-las contra nós", assegurou Obama. "Devemos reconhecer que avançar rumo a um maior envolvimento militar é um passo sério. E devemos estar totalmente seguros de que sabemos quem estamos ajudando. (...) Devemos fazer o possível para criar uma liderança moderada na Síria, preparada para completar a transição de poder", acrescentou.

Romney, por sua vez, disse que os EUA deveriam representar "um papel-chave" na Síria para pôr fim à crise nesse país e ter um papel de liderança na região, ao tempo que pediu a renúncia de Assad. O ex-governador de Massachusetts, todavia, também se mostrou contrário a uma intervenção militar dos EUA na Síria e defendeu o prosseguimento da colaboração com os países aliados para buscar uma saída ao conflito.

Sobre o polêmico programa nuclear do Irã, apontado como uma fachada para obter a bomba atômica, Obama prometeu que "enquanto eu for presidente dos Estados Unidos, Teerã não conseguirá uma arma nuclear". Obama advertiu ainda que o "relógio está andando" e que "não vamos permitir ao Irã que nos envolvam em negociações que não levem a lugar nenhum". "O relógio está andando e vamos fazer o que for necessário", advertiu.

Romney manteve posição idêntica à do presidente democrata, mas voltou ao ataque ao criticar a suposta falta de liderança de Obama e o fato de que, hoje, "o Irã está quatro anos mais perto de obter uma arma atômica". O candidato republicano também disse que uma ação militar contra o Irã deve ser "o último recurso" e defendeu que esse país seja "isolado diplomaticamente".

A relativa proximidade no tocante à questão iraniana foi também sentida quando ambos os candidatos foram questionados sobre Israel. Sobre sua posição diante de um eventual ataque contra o governo de Tel Aviv, Obama e Romney concordaram que apoiarão o Estado hebreu de todas as formas, inclusive militarmente.

"Se Israel for atacada, os Estados Unidos vão ficar do lado de Israel", garantiu Obama. "Montamos a maior cooperação militar e de inteligência da história de Israel (...) e enquanto eu for presidente dos Estados Unidos, o Irã não vai obter uma arma nuclear" para ameaçar o Estado Hebreu. Romney, por sua vez, garantiu que "ficaremos ao lado de Israel" contra o Irã, "inclusive militarmente, mas nossa missão é dissuadir os iranianos através de meios diplomáticos e de sanções mais rígidas, absolutamente fundamentais", como o fechamento dos portos aos petroleiros iranianos e um maior isolamento de Teerã.

Embora possuam visões de mundo sensivelmente diferentes - principalmente expostas pela preponderância que Obama dá à busca pelo entendimento e pela importância que Romhey confere à capacidade de liderança americana -, este último debate foi marcado também pela relativa aproximação do discurso de Romney ao de Obama. O fato foi inclusive motivo de comentário irônico por parte do democrata. "Ele (Romney) não tem ideias diferentes das minhas sobre a Síria porque nós estamos fazendo as coisas do jeito certo", disparou.

Obama, que manteve a postura mais ofensiva e menos tímida do segundo debate, voltou mesmo a acusar Romney de falsidade em suas proposições e traçou uma panorama satírico de suas propostas de governo. "Quando se trata de política externa, o senhor parece querer voltar às políticas dos anos 1980, às políticas sociais dos anos 1950 e às políticas econômicas dos anos 1920", disse o presidente.

Romney, empresário de carreira e visivelmente menos confortável em pautas internacionais, defendeu-se dos ataques de Obama. "Me atacar não é uma agenda", disse Romney. "Me atacar não é a maneira de lidar com os desafios do Oriente Médio", disse, retomando novamente o que considera uma atuação cambaleante de Obama na região.

O debate curiosamente não perdurou tanto quanto se nos temas da China, pelo qual Romney é famoso ao prometer declarar o governo de Pequim um manipulador cambial no primeiro dia de campanha, e no da Líbia, ponto sensível à administração Obama depois do ataque que matou o embaixador americano no país.

No entanto, à parte a exclusão de alguns temas e um debate tumultuado na abordagem de outros, duas manifestações sintetizaram o espírito do último debate de 2012 e o espíritos das diferenças mais fundamentais entre Obama e Romney.

Num primeiro momento, Obama criticou o legado americano de interferir nas políticas de outros países, referindo à - para ele fracassada - política de "construir nações". Obama disse que os Estados Unidos "ditaram" outras nações, mas Romney foi ágil e sagaz ao retrucar o presidente. "Os Estados Unidos não ditaram sobre outras nações. Nós liberamos outras nações de ditadores", disse o republicano.

Romney, por sua vez, insistiu no papel de liderança a ser novamente assumido pelos Estados Unidos no mundo, pelo qual defendeu, por exemplo, o aumento do número de tropas no Iraque e se mostrou um entusiasta dos drones (as polêmicas aeronaves não tripuladas, muito usadas no combate ao terrorismo no Oriente Médio). Ouvindo tais promessas, Obama revidou: "Após uma década de guerra, eu penso que todos reconhecemos que temos trabalhar para construir uma nação aqui na nossa casa", disse, em referências às dificuldades por que passam não apenas o mundo, mas também os Estados Unidos.

Com informações de AFP, EFE e Reuters.

Fonte: Terra
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