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Distúrbios no Mundo Árabe

Yusuf al-Qaradawi pede a Mubarak que renuncie pelo bem do Egito

29 jan 2011 - 13h06
(atualizado às 14h01)
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Um dos mais influentes clérigos muçulmanos do mundo, Yusuf al-Qaradawi, lançou um apelo neste sábado ao presidente egípcio Hosni Mubarak, alvo da onda de protestos que já matou dezenas de pessoas, pedindo que deixe o poder pelo bem do país.

info infográfico distúrbio mundo árabe
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Foto: AFP

Amplamente respeitado, o clérigo sunita de nacionalidade egípcia e qatariana, também encorajou o povo egípcio a manter a linha pacífica dos protestos.

"Presidente Mubarak (...), eu o aconselho a deixar o Egito (...). Não há outra solução para este problema além da saída de Mubarak", disse al-Qaradawi, em entrevista à rede de televisão Al-Jazeera.

O clérigo, que mora no Qatar e tem um popular programa de aconselhamento baseado na lei islâmica transmitido pela Al-Jazeera, dirige a União Internacional de Acadêmicos Muçulmanos e é considerado um dos mais importantes sacerdotes sunitas do mundo.

"Vá, Mubarak, tenha misericórdia do teu povo e vá, para não aumentar a destruição do Egito", insistiu.

"Não há mais como continuar, Mubarak, eu o aconselho (a aprender) a lição de Zine El Abidine Ben Ali", acrescentou, referindo-se ao ex-presidente da Tunísia, que fugiu do país depois de deposto por uma revolta popular.

Qaradawi é líder espiritual da Irmandade Muçulmana, tradicional movimento islamita e principal força de oposição no Egito.

Egípcios desafiam governo Mubarak

A onda de protestos dos egípcios contra o governo do presidente Hosni Mubarak, iniciados no dia 25 de janeiro, tomou nova dimensão na última sexta-feira. O governo havia tentado impedir a mobilização popular cortando o sinal da internet no país, mas a medida não surtiu efeito. No início do dia dia, dois mil egípcios participaram de uma oração com o líder oposicionista Mohama ElBaradei, que acabou sendo temporariamente detido e impedido de se manifestar.

Os protestos tomaram corpo, com dezenas de milhares de manifestantes saindo às ruas das principais cidades do país - Cairo, Alexandria e Suez. Mubarak enviou tanques às ruas e anunciou um toque de recolher, o qual acabou virtualmente ignorado pela população. Os confrontos com a polícia aumentaram, e a sede do governista Partido Nacional Democrático foi incendiada.

Já na madrugada de sábado (horário local), Mubarak fez um pronunciamento à nação no qual ele disse que não renunciaria, mas que um novo governo seria formado em busca de "reformas democráticas". Defendeu a repressão da polícia aos manifestantes e disse que existe uma linha muito tênue entre a liberdade e o caos. A declaração do líder egípcio foi seguida de um pronunciamento de Barack Obama, que pediu a Mubarak que fizesse valer sua promessa de democracia. O governo encabeçado por Ahmed Nazif confirmou sua renúncia na manhã de sábado.



AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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