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Mundo

Trípoli registra confrontos e tiroteiros após discurso de Kadafi

22 fev 2011 - 16h17
(atualizado às 16h32)
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Confrontos entre manifestantes e forças de segurança e uma intensa troca de tiros foram registrados nesta terça-feira no centro de Trípoli após o término do discurso do líder líbio, Muammar Kadafi, segundo a emissora de televisão Al Jazeera.

O canal acrescentou que os enfrentamentos e os disparos ocorreram no bairro de Bin Ashur e na avenida al-Jumhuriya, no centro da capital. Em Benghazi, o discurso de Kadafi na rede de televisão estatal gerou revolta entre os manifestantes.

Segundo testemunhas disseram à Al Jazeera, além de gritarem, os opositores lançaram sapatos contra a imagem do líder, um gesto de desprezo no mundo árabe. Cerca de 300 pessoas morreram nos últimos dias em Benghazi por conta dos disparos e dos bombardeios dirigidos aos protestos civis que explodiram na cidade, que está sob controle das forças da oposição.

Apesar das violentas manifestações registradas na Líbia, Kadafi afirmou em seu discurso que está "disposto a morrer na Líbia" e a combater "os ratos que promovem os distúrbios" até a "última gota" de seu sangue.

Ao comentar as palavras do líder líbio, o ativista opositor exilado em Londres Jomaa al Qamati disse em entrevista a Al Jazeera que "o discurso reflete o grau de desespero de Kadafi". Qamati afirmou que o dirigente líbio deu a entender que a permanência dele e de sua família no poder é "a única alternativa contra a destruição do país".

"Este homem necessita ser internado em um hospital psiquiátrico. Temos informações que apontam que, caso se sinta acabado, incendiará poços de petróleo, e isto causará uma catástrofe ambiental, econômica e política", acrescentou o ativista.

Mundo árabe em convulsão

A onda de protestos que desbancou em poucas semanas os longevos governos da Tunísia e do Egito segue se irradiando por diversos Estados do mundo árabe. Depois da queda do tunisiano Ben Alie do egípcio Hosni Mubarak, os protestos mantêm-se quase que diariamente e começam a delinear um momento histórico para a região. Há elementos comuns em todos os conflitos: em maior ou menor medida, a insatisfação com a situação político-econômica e o clamor por liberdade e democracia; no entanto, a onda contestatória vai, aos poucos, ganhando contornos próprios em cada país e ressaltando suas diferenças políticas, culturais e sociais.

No norte da África, a Argélia vive - desde o começo do ano - protestos contra o presidente Abdelaziz Bouteflika, que ocupa o cargo desde que venceu as eleições, pela primeira vez, em 1999; mais recentemente, a população do Marrocos também aderiu aos protestos, questionando o reinado de Mohammed VI. A onda também chegou à península arábica: na Jordânia, foi rápida a erupção de protestos contra o rei Abdullah, no posto desde 1999; já ao sul da península, massas têm saído às ruas para pedir mudanças no Iêmen, presidido por Ali Abdullah Saleh desde 1978, bem como em Omã, no qual o sultão Al Said reina desde 1970.

Além destes, os protestos vêm sendo particularmente intensos em dois países. Na Líbia, país fortemente controlado pelo revolucionário líder Muamar Kadafi, a população entra em sangrento confronto com as forças de segurança; em meio à onda de violência, um filho de Kadafifoi à TV estatal do país para tirar a legitimidade dos protestos, acusando um "complô" para dividir o país e suas riquezas. Na península arábica, o pequeno reino do Bahrein - estratégico aliado dos Estados Unidos - vem sendo contestado pela população, que quer mudanças no governo do rei Hamad Bin Isa Al Khalifa, no poder desde 1999.

Além destes países árabes, um foco latente de tensão é a república islâmica do Irã. O país persa (não árabe, embora falante desta língua) é o protagonista contemporâneo da tensão entre Islã/Ocidente e também tem registrado protestos populares que contestam a presidência de Mahmoud Ahmadinejad, no cargo desde 2005. Enquanto isso, a Tunísia e o Egito vivem os lento e trabalhoso processo pós-revolucionário, no qual novos governos vão sendo formados para tentar dar resposta aos anseios da população.

'Morrerei como um mártir', diz Kadafi em discurso na TV:
EFE   
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