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Distúrbios no Mundo Árabe

Otan se prepara para eventual intervenção na Líbia

17 mar 2011 - 10h01
(atualizado às 10h47)
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A Otan se prepara para intervir na Líbia se a ONU aceitar impor uma zona exclusão aérea para tentar impedir uma vitória do coronel Muamar Kadhafi sobre os rebeldes, apesar do risco de desempenhar um papel mínimo e tardio devido às divisões de seus Estados membros. "A Otan quer que seus planos operacionais estejam prontos até o fim de semana ou no início da próxima semana. Está acelerando seus preparativos, mas atenção: não há nenhum sinal verde para agir", declararam fontes diplomáticas à AFP.

Os militares apresentaram nas últimas 48 horas aos 28 países membros da Aliança Atlântica diferentes opções de intervenção na Líbia: impor uma zona de exclusão aérea, aplicar um embargo às armas e lançar uma missão e caráter humanitário. Em resposta, os membros da organização pediram aos militares que continuem planejando, já que não descartam novas reuniões durante esta sexta-feira e o fim de semana para decidir seguir ou não adiante.

Por ora, uma intervenção na Líbia, defendida pela França e Grã-Bretanha, assim como por alguns países árabes, continua dependendo de um esperado voto do Conselho de Segurança da ONU, que poderá acontecer nesta quinta-feira. Embora a China, membro permanente do Conselho de Segurança, possa utilizar seu direito de veto contra esta decisão, as divisões dentro da Aliança Atlântica complicam que a discussão chegue a este ponto.

Turquia e Alemanha se opõem energicamente à qualquer ação militar no mundo árabe e os Estados Unidos não estão muito entusiasmados em impor uma zona de exclusão aérea para fazer pender a balança dentro da aliança, segundo fontes militares. "Os americanos acham que esta opção não serve para nada, dada a superioridade do exército fiel a Kadhafi sobre os rebeldes, e que a única forma de ser eficiente seria intervir com soldados no terreno, algo que não farão, porque já estão muito ocupados no Iraque e Afeganistão", explicaram.

A França, favorável inclusive a uma intervenção que inclua ataques seletivos contra objetivos-chave para o exército líbio, não quer que a Otan esteja na primeira linha da ação, segundo as mesmas fontes. Paris privilegia uma ação militar com os britânicos e alguns países da região, depois que a Liga Árabe se mostrou partidária de impor uma zona de bloqueio aéreo.

A Otan poderá pedir neste fim de semana a seus países membros que antecipem quais seriam suas contribuições nacionais para os três tipos de operações planejadas.

Líbios enfrentam repressão e desafiam Kadafi

Motivados pela onda de protestos que levaram à queda os longevos presidentes da Tunísia e do Egito, os líbios começaram a sair às ruas das principais cidades do país há quase um mês para pedir a renúncia do líder Muammar Kadafi, no comando do país desde a revolução de 1969. Entretanto, se tunisianos e egípcios fizeram história através de embates com as forças oficiais e, principalmente, protestos pacíficos por democracia, a situação da Líbia já toma contornos bem distintos.

Diferentemente da queda de Hosni Mubarak, cujo símbolo foi a aglomeração sistemática de centenas de milhares de manifestantes no centro do Cairo, a contestação de Kadafi tem levado a Líbia a uma situação próxima de uma guerra civil. Após a realização de protestos em grandes cidade, como Trípoli e Benghazi, o litoral mediterrânico da Líbia virou cenário de uma batalha diária entre as forças do coronel e a resistência rebelde pelo controle das cidades, como Sirte- cidade natal de Kadafi - e a petrolífera Ras Lanuf.

Não há números oficiais, mas estima-se que mais de mil pessoas já tenham morrido desde meados de fevereiro. A onda de violência, por sua vez, gerou um êxodo de mais de pelo menos 100 mil pessoas, muitas das quais fogem pelas fronteiras egípcia e tunisiana. Esses números, aliados à brutalidade dos confrontos - como, por exemplo, o bombardeio a cidades rebeldes - vêm mobilizando lideranças da comunidade internacional, que cogitam a instauração de uma zona de exclusão aérea na Líbia, mas ainda não acenam para uma intervenção no país.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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