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África

Opositores de Muammar Kadafi controlam o leste da Líbia

23 fev 2011 - 13h20
(atualizado às 13h26)
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Os opositores ao homem forte da Líbia, Muamar Kadhafi, pareciam controlar nesta quarta-feira a costa oriental do país, onde os militares se somaram ao movimento de protesto contra o regime em vigor há 42 anos, constataram correspondentes da AFP no local.

A equipe da AFP viu rebeldes - em maioria armados - na estrada próxima ao litoral mediterrâneo que vai da fronteira com o Egito à cidade de Tobruk, a 150 km mais a oeste.

Por todas as partes via-se insurgentes com a bandeira da independência de 1951, anterior ao regime de Kadafi.

Nas estradas, as pessoas faziam o sinal da vitória mostrando sua felicidade ante a certeza de que o líder líbio terminará caindo, comprovaram os jornalistas que deixavam de carro a cidade de Tobruk em direção a oeste.

Os moradores da região contaram à AFP que o movimento contra Kadhafi controlava a região que vai da fronteira egípcia a Ajdabiya, mais a oeste, passando por Tobruk e Benghazi.

Muitos moradores da cidade de Al-Baida também disseram que os milicianos leais a Kadafi tinham sido executados.

Ainda segundo os moradores, os militares apoiam a rebelião na região do leste que o regime diz, no entanto, manter sob controle.

"Que Deus dê a vitória a nosso dirigente e a nosso povo!", dizia mensagem transmitida através da rede líbia de telefonia móvel, que prometia também tempo de comunicação grátis às pessoas que a enviassem a outros assinantes.

O ministro Franco Frattini, das Relações Exteriores da Itália, país que mantém fortes relações econômicas com a Líbia, informou na manhã desta quarta-feira que a província de Cirenaica (leste) já não está sob controle do governo líbio.

O movimento de rebelião sem precedentes contra o regime de Muammar Kadafi começou no dia 15 de fevereiro e deixou 300 mortos, segundo os números oficiais, e mais de 600, na contagem de organizações não governamentais.

Mundo árabe em convulsão

A onda de protestos que desbancou em poucas semanas os longevos governos da Tunísia e do Egito segue se irradiando por diversos Estados do mundo árabe. Depois da queda do tunisiano Ben Alie do egípcio Hosni Mubarak, os protestos mantêm-se quase que diariamente e começam a delinear um momento histórico para a região. Há elementos comuns em todos os conflitos: em maior ou menor medida, a insatisfação com a situação político-econômica e o clamor por liberdade e democracia; no entanto, a onda contestatória vai, aos poucos, ganhando contornos próprios em cada país e ressaltando suas diferenças políticas, culturais e sociais.

No norte da África, a Argélia vive - desde o começo do ano - protestos contra o presidente Abdelaziz Bouteflika, que ocupa o cargo desde que venceu as eleições, pela primeira vez, em 1999; mais recentemente, a população do Marrocos também aderiu aos protestos, questionando o reinado de Mohammed VI. A onda também chegou à península arábica: na Jordânia, foi rápida a erupção de protestos contra o rei Abdullah, no posto desde 1999; já ao sul da península, massas têm saído às ruas para pedir mudanças no Iêmen, presidido por Ali Abdullah Saleh desde 1978, bem como em Omã, no qual o sultão Al Said reina desde 1970.

Além destes, os protestos vêm sendo particularmente intensos em dois países. Na Líbia, país fortemente controlado pelo revolucionário líder Muamar Kadafi, a população entra em sangrento confronto com as forças de segurança; em meio à onda de violência, um filho de Kadafifoi à TV estatal do país para tirar a legitimidade dos protestos, acusando um "complô" para dividir o país e suas riquezas. Na península arábica, o pequeno reino do Bahrein - estratégico aliado dos Estados Unidos - vem sendo contestado pela população, que quer mudanças no governo do rei Hamad Bin Isa Al Khalifa, no poder desde 1999.

Além destes países árabes, um foco latente de tensão é a república islâmica do Irã. O país persa (não árabe, embora falante desta língua) é o protagonista contemporâneo da tensão entre Islã/Ocidente e também tem registrado protestos populares que contestam a presidência de Mahmoud Ahmadinejad, no cargo desde 2005. Enquanto isso, a Tunísia e o Egito vivem os lento e trabalhoso processo pós-revolucionário, no qual novos governos vão sendo formados para tentar dar resposta aos anseios da população.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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