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África

Ministro líbio exige que Kadafi deixe poder, diz emissora

21 fev 2011 - 16h43
(atualizado às 19h07)
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O ministro líbio de Imigração e Comunidade Estrangeira, Ali Errichi, exigiu formalmente nesta segunda-feira que o líder líbio, Muamar Kadafi, abandone o poder, informou a rede de televisão Al Jazeera. Em entrevista à emissora, o ministro, que está em Boston (EUA), informou que, por enquanto, se limitava a fazer este apelo a Kadafi, mas advertiu que dará novas declarações nos próximos dias.

20 de março - Rebelde exibe a bandeira da Líbia após subir nos tanques das forças de Kadafi, bombardeados durante a noite pelos aviões ocidentais
20 de março - Rebelde exibe a bandeira da Líbia após subir nos tanques das forças de Kadafi, bombardeados durante a noite pelos aviões ocidentais
Foto: EFE

Errichi expressou sua intenção de renunciar em sinal de protesto pelos eventos que estão ocorrendo em seu país nos últimos dias e nos quais morreram várias centenas de pessoas nos confrontos entre as forças de segurança e opositores que pedem a saída de Kadafi do poder. O ministro pediu aos embaixadores da Líbia em todos os países para que apresentem o pedido de renúncia "e se unam aos manifestantes que reivindicam a queda do regime de Kadafi".

Segundo a Al Jazeera, vários embaixadores líbios credenciados em diversos países anunciaram sua demissão, como previamente formalizaram os que estão lotados em Índia, Indonésia e Reino Unido. Errichi é o segundo membro do governo líbio a renunciar nas últimas horas, após o titular da pasta de Justiça, Mustafa Abdel Jalil, que tomou essa decisão para protestar pela "situação sangrenta" que vive seu país.

Mundo árabe em convulsão

A onda de protestos que desbancou em poucas semanas os longevos governos da Tunísia e do Egito segue se irradiando por diversos Estados do mundo árabe. Depois da queda do tunisiano Ben Alie do egípcio Hosni Mubarak, os protestos mantêm-se quase que diariamente e começam a delinear um momento histórico para a região. Há elementos comuns em todos os conflitos: em maior ou menor medida, a insatisfação com a situação político-econômica e o clamor por liberdade e democracia; no entanto, a onda contestatória vai, aos poucos, ganhando contornos próprios em cada país e ressaltando suas diferenças políticas, culturais e sociais.

No norte da África, a Argélia vive - desde o começo do ano - protestos contra o presidente Abdelaziz Bouteflika, que ocupa o cargo desde que venceu as eleições, pela primeira vez, em 1999; mais recentemente, a população do Marrocos também aderiu aos protestos, questionando o reinado de Mohammed VI. A onda também chegou à península arábica: na Jordânia, foi rápida a erupção de protestos contra o rei Abdullah, no posto desde 1999; já ao sul da península, massas têm saído às ruas para pedir mudanças no Iêmen, presidido por Ali Abdullah Saleh desde 1978, bem como em Omã, no qual o sultão Al Said reina desde 1970.

Além destes, os protestos vêm sendo particularmente intensos em dois países. Na Líbia, país fortemente controlado pelo revolucionário líder Muamar Kadafi, a população entra em sangrento confronto com as forças de segurança; em meio à onda de violência, um filho de Kadafifoi à TV estatal do país para tirar a legitimidade dos protestos, acusando um "complô" para dividir o país e suas riquezas. Na península arábica, o pequeno reino do Bahrein - estratégico aliado dos Estados Unidos - vem sendo contestado pela população, que quer mudanças no governo do rei Hamad Bin Isa Al Khalifa, no poder desde 1999.

Além destes países árabes, um foco latente de tensão é a república islâmica do Irã. O país persa (não árabe, embora falante desta língua) é o protagonista contemporâneo da tensão entre Islã/Ocidente e também tem registrado protestos populares que contestam a presidência de Mahmoud Ahmadinejad, no cargo desde 2005. Enquanto isso, a Tunísia e o Egito vivem os lento e trabalhoso processo pós-revolucionário, no qual novos governos vão sendo formados para tentar dar resposta aos anseios da população.

EFE   
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