Kadhaf al-Dam, assessor e primo de Kadafi, renuncia
Kadhaf al-Dam, assessor e primo do ditador líbio Muammar Kadafi, renunciou na quinta-feira a todos os cargos, no momento em que o regime enfrenta uma rebelião popular e a deserção de vários altos funcionários, informou a agência de notícia egípcia Mena.
"Kadhaf al-Dam anunciou a demissão de todas as funções no regime líbio para protestar contra a gestão da crise líbia", afirma um comunicado citado pela agência egípcia.
Segundo o gabinete de Kadhaf, o primo do ditador, que abandonou o país na semana passada, era responsável pelas relações Egito-Líbia, entre outras funções, e possui uma residência no Cairo.
Ao apresentar a demissão, Al-Dam pediu o "fim do banho de sangue e o retorno da razão para preservar a unidade e o futuro da Líbia", segundo a agência Mena.
Líbios enfrentam repressão e desafiam Kadafi
Impulsionada pela derrocada dos presidentes da Tunísia e do Egito, a população da Líbia iniciou protestos contra o líder Muammar Kadafi, que comanda o país desde 1969. As manifestações começaram a tomar vulto no dia 17 de fevereiro, e, em poucos dias, ao menos a capital Trípoli e as cidades de Benghazi e Tobruk já haviam se tornado palco de confrontos entre manifestantes e o exército.
Os relatos vindos do país não são precisos, mas tudo leva a crer que a onda de protestos nas ruas líbias já é bem mais violenta do que as que derrubaram o tunisiano Ben Ali e o egípcio Mubarak. A população tem enfrentado uma dura repressão das forças armadas comandas por Kadafi. Há informações de que Força Aérea líbia teria bombardeado grupos de manifestantes em Trípoli. Estima-se que centenas de pessoas, entre manifestantes e policiais, tenham morrido.
Além da repressão, o governo líbio reagiu através dos pronunciamentos de Saif al-Islam , filho de Kadafi, que foi à TV acusar os protestos de um complô para dividir a Líbia, e do próprio Kadafi, que, também pela televisão, esbravejou durante mais de uma hora, xingando os contestadores de suas quatro décadas de governo centralizado e ameaçando-os de morte.
Além do clamor das ruas, a pressão política também cresce contra o coronel Kadafi. Internamente, um ministro líbio renuncioue pediu que as Forças Armadas se unissem à população. Vários embaixadores líbiostambém pediram renúncia ou, ao menos, teceram duras críticas à repressão. Além disso, o Conselho de Segurança das Nações Unidas fez reuniões emergenciais, nas quais responsabilizou Kadafi pelas mortes e indicou que a chacina na Líbia pode configurar um crime contra a humanidade.