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Mundo

Kadafi desloca militares para fronteira; cresce pressão mundial

1 mar 2011 - 07h28
(atualizado às 08h15)
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O líder líbio, Muammar Kadafi, deslocou forças de segurança para a fronteira oeste nesta terça-feira, contrapondo-se à pressão econômica e militar do Ocidente e elevando o temor de que uma das revoltas mais sangrentas no mundo árabe possa se tornar ainda mais violenta.

Aumenta a suspeita de que Kadafi, que está no poder há quatro décadas, não vá ceder ao grande número de forças agora unidas contra ele.

Pouco menos de 12 horas depois que os Estados Unidos anunciaram estar enviando navios de guerra e forças aéreas para perto da fronteira da Líbia, no norte da África, as forças líbias reforçaram sua presença na remota localidade de Dehiba, na fronteira com a Tunísia, nesta terça-feira, e decoraram o posto de passagem com as bandeiras verdes do país.

Repórteres que estão no lado tunisiano viram veículos do Exército da Líbia e soldados armados com fuzis Kalashnikov. No dia anterior, não havia presença militar líbia nesse posto fronteiriço.

"Todo o meu povo me ama. Eles morreriam para me proteger", disse Gaddafi em entrevista na segunda-feira à rede norte-americana ABC e a britânica BBC, minimizando a extensão da revolta contra seu governo e o fato de ele ter perdido o controle do leste da Líbia.

Líbios enfrentam repressão e desafiam Kadafi

Impulsionada pela derrocada dos presidentes da Tunísia e do Egito, a população da Líbia iniciou protestos contra o líder Muammar Kadafi, que comanda o país desde 1969. As manifestações começaram a tomar vulto no dia 17 de fevereiro, e, em poucos dias, ao menos a capital Trípoli e as cidades de Benghazi e Tobruk já haviam se tornado palco de confrontos entre manifestantes e o exército.

Os relatos vindos do país não são precisos, mas tudo leva a crer que a onda de protestos nas ruas líbias já é bem mais violenta do que as que derrubaram o tunisiano Ben Ali e o egípcio Mubarak. A população tem enfrentado uma dura repressão das forças armadas comandas por Kadafi. Há informações de que Força Aérea líbia teria bombardeado grupos de manifestantes em Trípoli. Estima-se que centenas de pessoas, entre manifestantes e policiais, tenham morrido.

Além da repressão, o governo líbio reagiu através dos pronunciamentos de Saif al-Islam , filho de Kadafi, que foi à TV acusar os protestos de um complô para dividir a Líbia, e do próprio Kadafi, que, também pela televisão, esbravejou durante mais de uma hora, xingando os contestadores de suas quatro décadas de governo centralizado e ameaçando-os de morte.

Além do clamor das ruas, a pressão política também cresce contra o coronel Kadafi. Internamente, um ministro líbio renuncioue pediu que as Forças Armadas se unissem à população. Vários embaixadores líbiostambém pediram renúncia ou, ao menos, teceram duras críticas à repressão. Além disso, o Conselho de Segurança das Nações Unidas fez reuniões emergenciais, nas quais responsabilizou Kadafi pelas mortes e indicou que a chacina na Líbia pode configurar um crime contra a humanidade.

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