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Estados Unidos

Hillary diz que Líbia corre risco de "guerra civil prolongada"

1 mar 2011 - 13h11
(atualizado às 15h04)
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A Líbia poderá se tornar uma democracia pacífica ou mergulhar numa guerra civil, disse a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, na terça-feira, ao solicitar que os parlamentares dos Estados Unidos não cortem os fundos necessários para lidar com as crises do exterior.

Crianças seguram antigas bandeiras da Líbia em protesto contra o governo de Kadafi, em Nalut
Crianças seguram antigas bandeiras da Líbia em protesto contra o governo de Kadafi, em Nalut
Foto: AP

A liderança norte-americana no mundo necessita de determinação e de recursos, disse Hillary ao Comitê de Negócios Estrangeiros da Câmara.

"Nos próximos anos, a Líbia pode se tornar uma democracia pacífica ou enfrentar uma longa guerra civil ou mergulhar no caos. Os riscos são grandes", disse ela.

"A região inteira (do Oriente Médio) está mudando e uma resposta norte-americana forte e estratégica será essencial."

O turbilhão na Líbia, onde Muammar Gaddafi tenta reprimir uma revolta, é um exemplo de como Washington tem de usar seus recursos diplomáticos e de defesa, assim como a assistência ao desenvolvimento, para "proteger nossos interesses e sugerir nossos valores", disse ela aos deputados, alguns dos quais favoráveis ao corte de gastos no exterior.

Hillary Clinton discursou um dia depois de os EUA terem começado a movimentar navios e aeronaves militares para uma região mais próxima da Líbia e terem congelado ativos de 30 bilhões de dólares, intensificando a pressão sobre Gaddafi para que ele renuncie.

A Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid) enviou duas equipes humanitárias à região para ajudar a fornecer alimentos e medicamentos aos Líbios que fogem para a Tunísia e para o Egito.

"Não desconsideramos nenhuma opção enquanto o governo líbio continuar a apontar suas armas contra a sua população", disse ela.

Hillary acabou de voltar de Genebra, onde debateu sobre o caso da Líbia com outros governos irritados com a tentativa violenta de Gaddafi de sufocar a rebelião contra seu regime que dura 41 anos.

A secretária de Estado foi convidada a dar seu testemunho ao painel da Casa para defender a solicitação do presidente Barack Obama de um orçamento de 47 milhões de dólares para o Departamento de Estado e para a Usaid. O valor está 1 por cento acima dos níveis de 2010.

Hillary Clinton classificou a proposta de um "orçamento enxuto para tempos áridos".

Os republicanos, que assumiram o controle da Casa nas eleições de novembro, pediram por uma revisão nos gastos não-militares no exterior, em meio aos pedidos de controle do déficit federal dos EUA.

Hillary disse que os norte-americanos estavam preocupados com razão com a dívida nacional, mas insistiu que eles também queriam investimentos no futuro, incluindo com diplomacia e a assistência a outros países.

Líbios enfrentam repressão e desafiam Kadafi

Impulsionada pela derrocada dos presidentes da Tunísia e do Egito, a população da Líbia iniciou protestos contra o líder Muammar Kadafi, que comanda o país desde 1969. As manifestações começaram a tomar vulto no dia 17 de fevereiro, e, em poucos dias, ao menos a capital Trípoli e as cidades de Benghazi e Tobruk já haviam se tornado palco de confrontos entre manifestantes e o exército.

Os relatos vindos do país não são precisos, mas tudo leva a crer que a onda de protestos nas ruas líbias já é bem mais violenta do que as que derrubaram o tunisiano Ben Ali e o egípcio Mubarak. A população tem enfrentado uma dura repressão das forças armadas comandas por Kadafi. Há informações de que Força Aérea líbia teria bombardeado grupos de manifestantes em Trípoli. Estima-se que centenas de pessoas, entre manifestantes e policiais, tenham morrido.

Além da repressão, o governo líbio reagiu através dos pronunciamentos de Saif al-Islam , filho de Kadafi, que foi à TV acusar os protestos de um complô para dividir a Líbia, e do próprio Kadafi, que, também pela televisão, esbravejou durante mais de uma hora, xingando os contestadores de suas quatro décadas de governo centralizado e ameaçando-os de morte.

Além do clamor das ruas, a pressão política também cresce contra o coronel Kadafi. Internamente, um ministro líbio renuncioue pediu que as Forças Armadas se unissem à população. Vários embaixadores líbiostambém pediram renúncia ou, ao menos, teceram duras críticas à repressão. Além disso, o Conselho de Segurança das Nações Unidas fez reuniões emergenciais, nas quais responsabilizou Kadafi pelas mortes e indicou que a chacina na Líbia pode configurar um crime contra a humanidade.

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