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África

Filho de Kadafi diz que aviões bombardearam depósitos de armas

21 fev 2011 - 19h58
(atualizado às 22h05)
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Seif al Islam, filho do líder líbio, Muammar Kadafi, afirmou nesta segunda-feira que os aviões das Forças armadas do país bombardearam depósitos de armas situados em regiões afastadas das zonas urbanas e negou que tenham lançado bombas sobre a população, segundo a televisão estatal.

info infográfico líbia infromações sobre o país
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Foto: AFP

A televisão líbia assegurou que o filho de Kadafi desmentia desta forma "as informações, segundo as quais, as Forças armadas bombardearam as cidades de Trípoli e Benghazi".

"As Forças armadas bombardearam depósitos de armas situados em regiões afastadas das concentrações urbanas para evitar que os grupos que participam dos distúrbios possam conseguir armas", assegurou Seif al Islam à agência oficial líbia "Jana", segundo o canal estatal.

"A missão das Forças aéreas é proteger o país e não disparar sobre o povo", acrescentou o filho de Kadafi, que no domingo tinha advertido que o Exército "permanecerá fiel à Líbia" e que "destruirá aos que realizarem um complô contra o país".

Em discurso televisionado que desencadeou ainda mais o cólera dos manifestantes, o considerado até agora provável sucessor de Kadafi, disse na noite de domingo que "se o caos chegar, em vez de chorar pelos 80 mortos nos últimos dias, choraremos por centenas de milhares de nossos irmãos e seremos obrigados a fugir de nosso país".

Segundo a rede de televisão "Al Jazeera", pelo menos 250 pessoas morreram nesta segunda-feira em Trípoli nos bombardeios da Aeronáutica líbia contra os manifestantes que reivindicam a queda do regime.

Citando moradores da cidade, e emissora por satélite indicou que os bombardeios foram "intensos" e foram realizados em vários bairros.

Mundo árabe em convulsão

A onda de protestos que desbancou em poucas semanas os longevos governos da Tunísia e do Egito segue se irradiando por diversos Estados do mundo árabe. Depois da queda do tunisiano Ben Alie do egípcio Hosni Mubarak, os protestos mantêm-se quase que diariamente e começam a delinear um momento histórico para a região. Há elementos comuns em todos os conflitos: em maior ou menor medida, a insatisfação com a situação político-econômica e o clamor por liberdade e democracia; no entanto, a onda contestatória vai, aos poucos, ganhando contornos próprios em cada país e ressaltando suas diferenças políticas, culturais e sociais.

No norte da África, a Argélia vive - desde o começo do ano - protestos contra o presidente Abdelaziz Bouteflika, que ocupa o cargo desde que venceu as eleições, pela primeira vez, em 1999; mais recentemente, a população do Marrocos também aderiu aos protestos, questionando o reinado de Mohammed VI. A onda também chegou à península arábica: na Jordânia, foi rápida a erupção de protestos contra o rei Abdullah, no posto desde 1999; já ao sul da península, massas têm saído às ruas para pedir mudanças no Iêmen, presidido por Ali Abdullah Saleh desde 1978, bem como em Omã, no qual o sultão Al Said reina desde 1970.

Além destes, os protestos vêm sendo particularmente intensos em dois países. Na Líbia, país fortemente controlado pelo revolucionário líder Muamar Kadafi, a população entra em sangrento confronto com as forças de segurança; em meio à onda de violência, um filho de Kadafifoi à TV estatal do país para tirar a legitimidade dos protestos, acusando um "complô" para dividir o país e suas riquezas. Na península arábica, o pequeno reino do Bahrein - estratégico aliado dos Estados Unidos - vem sendo contestado pela população, que quer mudanças no governo do rei Hamad Bin Isa Al Khalifa, no poder desde 1999.

Além destes países árabes, um foco latente de tensão é a república islâmica do Irã. O país persa (não árabe, embora falante desta língua) é o protagonista contemporâneo da tensão entre Islã/Ocidente e também tem registrado protestos populares que contestam a presidência de Mahmoud Ahmadinejad, no cargo desde 2005. Enquanto isso, a Tunísia e o Egito vivem os lento e trabalhoso processo pós-revolucionário, no qual novos governos vão sendo formados para tentar dar resposta aos anseios da população.

EFE   
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