PUBLICIDADE

Mundo

Deserções em Sirte enfraquecem poder de Kadafi

5 mar 2011 - 11h45
(atualizado às 12h55)
Compartilhar

As deserções de alguns comandantes militares até então leais a Muammar Kadafi, após a derrota em Ras Lanuf, a apenas 200 quilômetros da cidade natal do líder líbio, podem significar o enfraquecimento de sua capacidade militar nessa área, rumo à qual os rebeldes avançam.

info infográfico líbia infromações sobre o país
info infográfico líbia infromações sobre o país
Foto: AFP

A emissora Al Jazeera relatou que foram registrados atritos tribais devido à recusa de um dos clãs da cidade portuária de combater os rebeldes junto às brigadas governistas enviadas nesta sexta-feira para conter o avanço dos milicianos, que finalmente tomaram o controle de Ras Lanuf. A divisão política nesta cidade de 135 mil habitantes pode significar uma nova fissura no poder de Kadafi e seu controle sobre algumas das tribos que mantiveram fidelidade mais forte na região de Trípoli.

Sirte, sede de alguns ministérios, é um dos principais redutos de Kadafi. Algumas informações procedentes do grupo opositor assinalam que os milicianos se preparam para avançar sobre Wadi Al Ahmar, a cerca de 100 quilômetros de Rus Lanuf, o que situaria a meio caminho o avanço das forças combatentes empenhadas em derrubar Kadafi. A defesa desta frente, sob a direção de Saedi Kadafi, filho do líder líbio, porá à prova a força dos revolucionários e a capacidade militar do regime líbio, que em mais de 40 anos debilitou progressivamente suas Forças Armadas para substituí-las por forças paramilitares submetidas a Kadafi.

Caso seja confirmado que foram encontrados em Ras Lanuf 50 corpos uniformizados, de mãos atadas e com marcas de bala, como informou neste sábado à Agência Efe o diretor do centro de informação da oposição rebelde em Benghazi, Mohammed Salem Moussa, será uma prova evidente do tamanho das divergências e suas possíveis repercussões em Sirte. "Foram assassinados por não quererem enfrentar as forças revolucionárias", assegurou Moussa, em referência aos corpos encontrados. A cidade litorânea de Sirte está a cerca de 450 quilômetros da capital e é um dos principais enclaves defensivos de Trípoli.

Líbios enfrentam repressão e desafiam Kadafi

Impulsionada pela derrocada dos presidentes da Tunísia e do Egito, a população da Líbia iniciou protestos contra o líder Muammar Kadafi, que comanda o país desde 1969. As manifestações começaram a tomar vulto no dia 17 de fevereiro, e, em poucos dias, ao menos a capital Trípoli e as cidades de Benghazi e Tobruk já haviam se tornado palco de confrontos entre manifestantes e o exército.

Os relatos vindos do país não são precisos, mas a onda de protestos nas ruas líbias já é bem mais violenta que as que derrubaram o tunisiano Ben Ali e o egípcio Mubarak. A população tem enfrentado uma dura repressão das forças armadas comandas por Kadafi. Há informações de que aeronáutica líbia teria bombardeado grupos de manifestantes em Trípoli. Estima-se que centenas de pessoas, entre manifestantes e policiais, tenham morrido. Muitas dezenas de milhares já deixaram o país.

Além da repressão, o governo líbio reagiu através dos pronunciamentos de Saif al-Islam , filho de Kadafi, que foi à TV acusar os protestos de um complô para dividir a Líbia, e do próprio Kadafi, que, também pela televisão, esbravejou durante mais de uma hora, xingando os contestadores de suas quatro décadas de governo centralizado e ameaçando-os de morte. Desde então, as aparições televisivas do líder líbio têm sido frequentes, variando de mensagens em que fala do amor da população até discursos em que promete vazar os olhos da oposição.

Não apenas o clamor das ruas, mas também a pressão política cresce contra o coronel. Internamente, um ministro líbio renunciou e pediu que as Forças Armadas se unissem à população. Vários embaixadores líbios também pediram renúncia ou, ao menos, teceram duras críticas à repressão. Além disso, o Conselho de Segurança das Nações Unidas fez reuniões emergenciais, nas quais responsabilizou Kadafi pelas mortes e indicou que a chacina na Líbia pode configurar um crime contra a humanidade. Mais recentemente, o Tribunal Penal Internacional iniciou investigações sobre as ações de Kadafi, contra quem também a Interpol emitiu um alerta internacional.

EFE   
Compartilhar
Publicidade