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Mundo

Cerca de 6 mil tunisianos deixam a Líbia

23 fev 2011 - 15h37
(atualizado às 16h33)
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Cerca de 6 mil tunisianos residentes na Líbia abandonaram o país nos três últimos dias por causa da violência, depois que o líder líbio, Muammar Kadafi, decidiu utilizar a força para conter as revoltas populares que tem o objetivo de tirá-lo do poder.

Alguns dos expatriados revelaram nesta quarta-feira à agência EFE que, além de tunisianos, também estão migrando para a Tunísia egípcios e turcos.

Além disso, a imprensa tunisiana informou que as fronteiras entre a Líbia e a Tunísia estão em colapso por causa do êxodo em massa de pessoas que fogem dos bombardeios ordenados por Kadafi contra os grupos de civis que protestam nas principais cidades do país, sobretudo na capital líbia, Trípoli.

O ministério do Interior tunisiano anunciou nesta quarta-feira a adoção de "medidas excepcionais" com o objetivo de facilitar a entrada de todos os tunisianos procedentes da Líbia, onde a repressão desencadeada por Kadafi contra a população civil pode ter provocado centenas de mortes, de acordo com diversas fontes.

O ministério determinou que todos os postos fronteiriços com a Líbia permaneçam abertos 24 horas por dia e que se proporcione a ajuda necessária às pessoas que chegarem ao país.

Em comunicado, o ministério do Interior afirmou que mobilizou, em coordenação com o Exército, unidades médicas e de primeiros socorros, assim como todos os meios para facilitar o trânsito de pessoas procedentes da Líbia e garantir-lhes as mínimas condições de segurança e saúde.

A televisão nacional tunisiana informou que uma caravana composta por ao menos 20 veículos com alimentos, cobertores e material de primeiros socorros partiu nesta quarta-feira de Tunís para a localidade de Ben Guerdan, a 550 km da capital tunisiana e fronteiriça com a Líbia.

Segundo a imprensa tunisiana, companhias de transporte aéreo, terrestre e marítimo aumentaram suas unidades disponíveis com o objetivo de repatriar milhares de tunisianos que permanecem na Líbia.

A companhia aérea tunisiana Tunis Air ampliou para cinco o número de voos previstos para Trípoli, em vez dos dois habituais, com o objeto de transportar cerca de 1,5 mil pessoas ao dia.

Por sua vez, a companhia de navegação tunisiana tenta fretar um navio com destino a Benghazi, a segunda maior cidade da Líbia.

A televisão tunisiana informou que milhares de tunisianos trabalham em Benghazi e que pelo menos mil deles teriam se refugiado em uma escola à espera da repatriação.

Mundo árabe em convulsão

A onda de protestos que desbancou em poucas semanas os longevos governos da Tunísia e do Egito segue se irradiando por diversos Estados do mundo árabe. Depois da queda do tunisiano Ben Alie do egípcio Hosni Mubarak, os protestos mantêm-se quase que diariamente e começam a delinear um momento histórico para a região. Há elementos comuns em todos os conflitos: em maior ou menor medida, a insatisfação com a situação político-econômica e o clamor por liberdade e democracia; no entanto, a onda contestatória vai, aos poucos, ganhando contornos próprios em cada país e ressaltando suas diferenças políticas, culturais e sociais.

No norte da África, a Argélia vive - desde o começo do ano - protestos contra o presidente Abdelaziz Bouteflika, que ocupa o cargo desde que venceu as eleições, pela primeira vez, em 1999; mais recentemente, a população do Marrocos também aderiu aos protestos, questionando o reinado de Mohammed VI. A onda também chegou à península arábica: na Jordânia, foi rápida a erupção de protestos contra o rei Abdullah, no posto desde 1999; já ao sul da península, massas têm saído às ruas para pedir mudanças no Iêmen, presidido por Ali Abdullah Saleh desde 1978, bem como em Omã, no qual o sultão Al Said reina desde 1970.

Além destes, os protestos vêm sendo particularmente intensos em dois países. Na Líbia, país fortemente controlado pelo revolucionário líder Muamar Kadafi, a população entra em sangrento confronto com as forças de segurança; em meio à onda de violência, um filho de Kadafifoi à TV estatal do país para tirar a legitimidade dos protestos, acusando um "complô" para dividir o país e suas riquezas. Na península arábica, o pequeno reino do Bahrein - estratégico aliado dos Estados Unidos - vem sendo contestado pela população, que quer mudanças no governo do rei Hamad Bin Isa Al Khalifa, no poder desde 1999.

Além destes países árabes, um foco latente de tensão é a república islâmica do Irã. O país persa (não árabe, embora falante desta língua) é o protagonista contemporâneo da tensão entre Islã/Ocidente e também tem registrado protestos populares que contestam a presidência de Mahmoud Ahmadinejad, no cargo desde 2005. Enquanto isso, a Tunísia e o Egito vivem os lento e trabalhoso processo pós-revolucionário, no qual novos governos vão sendo formados para tentar dar resposta aos anseios da população.

EFE   
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