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Artilharia de Kadafi bombardeia Zawiya, mas rebeldes resistem

8 mar 2011 - 09h29
(atualizado às 09h58)
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As forças leais a Muammar Kadafi voltaram a bombardear a cidade de Zawiya, que está sitiada há cinco dias e onde o cerco parecia ter vencido a resistência dos milicianos rebeldes, segundo informou a emissora Al Jazeera. A cidade, que conta com uma das mais importantes refinarias do país, voltou a ser alvo dos bombardeios de artilharia, segundo o canal, que no início da manhã desta terça-feira havia indicado que a cidade já estava em mãos de Kadafi.

No entanto, o novo ataque de artilharia perpetrado pelas brigadas do regime indica que os milicianos ainda mantêm a resistência, que nos dias anteriores havia se concentrado na praça dos Mártires. Os rebeldes conseguiram repelir três tentativas dos soldados de Kadafi de conquistar a cidade, mas perderam a comunicação com o exterior após o corte da telefonia celular na área.

Além disso, os rebeldes líbios e as tropas leais a Kadafi continuam nesta terça-feira os combates em torno da cidade litorânea de Ben Jawad, o terminal petrolífero localizado entre Sirte e Ras Lanuf, que segue em poder dos milicianos. Os opositores tentam melhorar sua capacidade ofensiva com artefatos que chegaram ao enclave petroleiro, a cerca de 200 quilômetros ao oeste de Benghazi, a capital provisória dos revolucionários.

Líbios enfrentam repressão e desafiam Kadafi

Impulsionada pela derrocada dos presidentes da Tunísia e do Egito, a população da Líbia iniciou protestos contra o líder Muammar Kadafi, que comanda o país desde 1969. As manifestações começaram a tomar vulto no dia 17 de fevereiro, e, em poucos dias, ao menos a capital Trípoli e as cidades de Benghazi e Tobruk já haviam se tornado palco de confrontos entre manifestantes e o exército.

Os relatos vindos do país não são precisos, mas a onda de protestos nas ruas líbias já é bem mais violenta que as que derrubaram o tunisiano Ben Ali e o egípcio Mubarak. A população tem enfrentado uma dura repressão das forças armadas comandas por Kadafi. Há informações de que aeronáutica líbia teria bombardeado grupos de manifestantes em Trípoli. Estima-se que centenas de pessoas, entre manifestantes e policiais, tenham morrido. Muitas dezenas de milhares já deixaram o país.

Além da repressão, o governo líbio reagiu através dos pronunciamentos de Saif al-Islam , filho de Kadafi, que foi à TV acusar os protestos de um complô para dividir a Líbia, e do próprio Kadafi, que, também pela televisão, esbravejou durante mais de uma hora, xingando os contestadores de suas quatro décadas de governo centralizado e ameaçando-os de morte. Desde então, as aparições televisivas do líder líbio têm sido frequentes, variando de mensagens em que fala do amor da população até discursos em que promete vazar os olhos da oposição.

Não apenas o clamor das ruas, mas também a pressão política cresce contra o coronel. Internamente, um ministro líbio renunciou e pediu que as Forças Armadas se unissem à população. Vários embaixadores líbios também pediram renúncia ou, ao menos, teceram duras críticas à repressão. Além disso, o Conselho de Segurança das Nações Unidas fez reuniões emergenciais, nas quais responsabilizou Kadafi pelas mortes e indicou que a chacina na Líbia pode configurar um crime contra a humanidade. Mais recentemente, o Tribunal Penal Internacional iniciou investigações sobre as ações de Kadafi, contra quem também a Interpol emitiu um alerta internacional.

EFE   
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