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Ásia

Vestígios de plutônio são detectados no solo de Fukushima

28 mar 2011 - 12h29
(atualizado às 15h27)
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A empresa japonesa Tokyo Electric Power (Tepco), responsável pela administração da usina nuclear de Fukushima Daiichi, anunciou nesta segunda-feira que técnicos detectaram plutônio no solo de cinco locais da usina. Por meio de um comunicado, a empresa disse que o plutônio pode ter sido liberado pelo combustível nuclear da usina, danificada pelo terremoto e tsunami que atingiram o país em 11 de março.

info infográfico número de usinas reatores no mundo
info infográfico número de usinas reatores no mundo
Foto: Arte / Terra

Segundo a Tepco, o nível de plutônio encontrado não oferece risco à saúde. No entanto, a empresa disse que reforçará o monitoramento do ambiente dentro e nos arredores de Fukushima Daiichi. Horas antes, as autoridades japonesas anunciaram que água com alto teor de radiação foi encontrada pela primeira vez do lado de fora de um dos reatores da usina nuclear.

A Agência de Segurança Nuclear e Industrial do governo disse que a Tepco precisará retirar mais água contaminada que vaza de um túnel ligado ao reator número 2. O vazamento da usina elevou os temores de uma possível contaminação ambiental provocada por líquidos radioativos que estariam escapando do local.

A água contaminada foi encontrada nesta segunda-feira em um túnel subterrâneo que tem uma das entradas localizadas a apenas 55 metros do mar. Porém a Tepco afirmou que não há indícios de que a água contaminada tivesse chegado ao mar. A descoberta ocorreu após o chefe de Gabinete do governo japonês, Yukio Edano, ter afirmado que a prioridade no local era garantir que a água contaminada não vazasse para o solo ou para o mar.

O diretor da Comissão de Segurança Nuclear do Japão, Haruki Madarame, disse à imprensa local que está "muito preocupado" com o alto nível de radiação detectado na água. Madarame disse ainda que não pode prever quando a emergência nuclear no país irá terminar, e apontou para a possibilidade de que as barras de combustível do reator número 2 tenham sido significativamente danificadas, após ficarem brevemente expostas.

Dados incorretos

O governo japonês também criticou fortemente a Tepco pela divulgação de dados incorretos sobre as medições de radioatividade na usina no domingo. A empresa havia afirmado que o nível de radiação dentro do reator 2 havia chegado a 10 milhões de vezes o nível normal, antes de corrigir a informação para dizer que o nível era de 100 mil vezes o normal.

"Considerando o fato de que o monitoramento da radioatividade é uma condição importante para garantir a segurança, esse tipo de equívoco é absolutamente inaceitável", afirmou Edano. A Tepco pediu desculpas pelo erro, mas o caso aumentou os questionamentos sobre a capacidade da empresa de lidar com a crise.

A companhia foi criticada por uma suposta falta de transparência, por não conseguir dar informações com rapidez e por cometer uma série de erros, inclusive na vestimenta usada pelos funcionários que tentam conter o vazamento na usina. Dois funcionários foram levados na semana passada ao hospital após serem contaminados com radiação ao trabalhar sem a proteção adequada.

A usina de Fukushima foi danificada em consequência do terremoto de magnitude 9 que atingiu o nordeste do Japão no dia 11 de março e do tsunami gerado pelo tremor. As autoridades japonesas já confirmaram oficialmente a morte de mais de 11 mil pessoas. Mais de 17 mil ainda estão desaparecidas.

Terremoto e tsunami devastam Japão

Na sexta-feira, 11 de março de 2011, o Japão foi devastado por um terremoto de 9 graus, o maior da história do país. O tremor gerou um tsunami, arrasando inúmeras cidades e províncias da costa nordeste nipônica. Além dos danos imediatos, o país e o mundo convivem com o temor de um desastre nuclear nos reatores de Fukushima. Embora a situação vá se estabilizando, o desfecho e as consequências permanecem incertas.

Juntos, o terremoto e o tsunami já deixaram quase 9 mil mortos e dezenas de milhares de desaparecidos. Os prejuízos materiais devem passar dos US$ 200 bilhões. Em meio a constantes réplicas do terremoto e cortes de energia, o Japão trabalha para garantir a segurança dos sobreviventes, evacuar áreas de risco e, aos poucos, iniciar a reconstrução do país.

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