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Estados Unidos

EUA questionam nomeação de D'Decoto como representante líbio

30 mar 2011 - 19h34
(atualizado às 20h31)
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O governo dos Estados Unidos questionou nesta quarta-feira a designação do ex-chanceler nicaraguense Miguel D'Decoto como representante permanente do regime de Muammar Kadafi perante a ONU e ressaltou que carece de um visto diplomático apropriado.

"Não foi nomeado por ninguém que represente o Governo líbio", disse a embaixadora dos EUA, Susan Rice, em referência a que D'Decoto foi nomeado pelo ministro de Exteriores líbio, Mussa Kussa, que nesta quarta-feira abandonou o governo de Kadafi.

Susan afirmou que D'Decoto "não tem visto para ser o representante permanente de nenhum país perante a ONU", já que lembrou que, apesar de ter nascido nos EUA, o ex-chanceler renunciou a essa nacionalidade. A embaixadora americana ressaltou que seu atual status migratório permite um visto de turista, por isso assegurou que "precisa ir embora dos Estados Unidos e solicitar o visto apropriado, que é um G-1" se quiser representar qualquer país perante a ONU.

Se D'Decoto não realizar esse procedimento, "seu status migratório será revisado", afirmou Susan. O político nicaraguense, que é sacerdote católico e que presidiu a Assembleia Geral da ONU até setembro de 2009, foi designado por Kadafi como seu representante perante o organismo internacional, anunciou na terça-feira o governo de Daniel Ortega.

Essa nomeação, da qual a ONU assegurou não ter informação oficial, aconteceu através de uma carta dirigida ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, por Moussa Kusa, já ex-representante das relações exteriores da Líbia depois de ter renunciado seu posto no governo de Kadafi. D'Decoto anunciou uma entrevista coletiva para quinta-feira na sede da ONU para explicar sua nomeação, algo que a embaixadora americana colocou em suspenso.

"Não é o presidente da Assembleia Geral, portanto não tenho certeza do que vai fazer na quinta-feira em uma instalação da ONU. É, pelo menos, questionável que alguém que não representa ninguém convoque uma entrevista coletiva na ONU", disse Susan, que afirmou que perguntaria à instituição a respeito.

Após as palavras de Susan, o escritório do porta-voz do secretário-geral revisou as convocações para a imprensa e eliminou a entrevista coletiva de D'Decoto. Previamente, fontes diplomáticas nicaraguenses informaram que D'Decoto, assessor para assuntos de relações internacionais do presidente Ortega, já está em Nova York e confirmaram o encontro com a imprensa na sede do organismo internacional.

As mesmas fontes explicaram que, embora "a logística" dessa entrevista coletiva seja organizada pela Missão da Nicarágua perante a ONU, o diplomata falará "em nome" da Líbia. A carta, na qual Kusa nomeava D'Decoto para representar a Líbia perante a ONU, faz referência ao fato de no dia 27 de fevereiro, Trípoli ter revogado a nomeação de Abdulrahman Mohammed Shalgam como seu representante perante a ONU.

Também se menciona na carta, divulgada pelo governo nicaraguense, que Washington havia negado o visto de entrada no país a Ali Abdussalam Treki, o diplomata designado para o cargo e que sucedeu D'Decoto como presidente da Assembleia Geral do organismo no 64º período de sessões que terminou em setembro de 2010.

Líbia: de protestos contra Kadafi a guerra civil e intervenção internacional

Motivados pela onda de protestos que levaram à queda os longevos presidentes da Tunísia e do Egito, os líbios começaram a sair às ruas das principais cidades do país em meados de fevereiro para contestar o líder Muammar Kadafi, no comando do país desde a revolução de 1969. Mais de um mês depois, no entanto, os protestos evoluíram para uma guerra civil que cindiu a Líbia em batalhas pelo controle de cidades estratégicas.

A violência dos confrontos entre as forças de Kadafi e a resistência rebelde, durante os quais milhares morreram e multidões fugiram do país, gerou a reação da comunidade internacional. Após medidas mais simbólicas que efetivas, o Conselho de Segurança da ONU aprovou a instauração de uma zona de exclusão aérea no país. Menos de 48 horas depois, no dia 21 de março, começou a ofensiva da coalizão, com ataques de França, Reino Unido e Estados Unidos.

EFE   
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