PUBLICIDADE

África

Egito revive protestos de 2011 e volta às ruas para pedir renúncia do governo

1 jul 2013 - 15h55
(atualizado às 17h19)
Compartilhar
Exibir comentários
<p>Manifestantes tomam a Praça Tahrir, no Cairo: contestação em massa de volta às ruas egípcias</p>
Manifestantes tomam a Praça Tahrir, no Cairo: contestação em massa de volta às ruas egípcias
Foto: AP

A Praça Tahrir ensaia neste junho/julho de 2013 um movimento análogo ao fevereiro de 2011. As dezenas de milhares de egípcios que hoje se concentram no centro do Cairo estão mais uma vez na rua para pedir o fim de o governo de Mohamed Mursi, eleito há um ano na esperança de fazer o país superar a era Hosni Mubarak. Mas, nesses 12 meses, o presidente islâmico eleito democraticamente mostrou sinais que fizeram o povo reagir de modo similar à carga dos quase 30 anos do governo do ditador militar. Como isso se tornou possível?

Mohamed Mursi, durante a campanha de 2012
Mohamed Mursi, durante a campanha de 2012
Foto: AP

A eleição histórica e nova era democrática

Mohamed Mursi foi eleito presidente em 30 de junho de 2012 após vencer as eleições presidenciais com 51,73% dos votos. Foi uma eleição histórica, fazendo de Mursi o primeiro chefe de Estado egípcio eleito democraticamente e também o primeiro islamita e o primeiro civil a dirigir o país.

Para o país que saía de três décadas de governo extremamente centralizado e ainda motivado pela onda de protestos democráticos no mundo árabe, o momento era propício, mas decisões do governo aliadas à parcela contrária à Irmandade Muçulmana fizeram com que cedo o otimismo e a esperança cedessem espaço à tensão e á divisão.

No dia 12 de agosto, Mursi afastou o marechal Hussein Tantawi, ministro da Defesa, que se tornara chefe de Estado após a queda de Hosni Mubarak. A decisão também suspendeu amplas prerrogativas políticas dos militares, que haviam assumido provisoriamente o comando no país no período imediatamente posterior a fevereiro de 2011.

Anúncio de decretos gerou crise nova política na jovem democracia egípcia
Anúncio de decretos gerou crise nova política na jovem democracia egípcia
Foto: Reuters

Decretos polêmicos e medo do autoritarismo

Na esteira desses movimentos, Mursi emitiu no dia 22 de novembro um decreto que estendia seus poderes, colocando-os acima de qualquer controle judicial. No dia 30, um projeto de Constituição foi aprovado pela Comissão Constitucional, boicotada pela oposição de esquerda e laica, e pelos círculos cristãos. A decisão de Mursi provocou uma série de protestos, que causaram violentos confrontos entre opositores e partidários do regime. Os confrontos causaram a morte de sete pessoas e deixam centenas de feridos em 5 de dezembro perto do palácio presidencial.

A crise estava instalada. Tentando diminuir a tensão, Mursi aceitou, no dia 8 de dezembro, abandonar o projeto que fortalecia seus poderes, mas manteve o referendo sobre um polêmico projeto de Constituição. Assim, entre os dias 15 e 22 do mesmo mês, a Constituição defendida por islamitas foi aprovada com maioria simples após um referendo boicotado pela oposição.

Em 24 de janeiro de 2013, teve início de uma nova onda de violência entre manifestantes e policiais na véspera do segundo aniversário da revolta que derrubou Mubarak. Sessenta pessoas morrem em uma semana. Os protestos se alastraram pelo país que, no dia 19 de abril, viveu novos confrontos no Cairo que acabaram com cem feridos entre manifestantes anti e pró-Mursi.

<p>Protestos pela saída de Mursi após um ano de conturbado mandato</p>
Protestos pela saída de Mursi após um ano de conturbado mandato
Foto: AP

Ápice da tensão e ultimato para renúncia

No dia 2 de junho, novo atrito entre os poderes: a justiça invalida o Senado e a comissão que elaborara a Constituição. A presidência reagiu dizendo que o Senado vai continuaria a legislar até que novas eleições legislativas fossem realizadas. Poucas semanas depois, após um discurso em que alertava para a divisão nacional, novas manifestações pró e anti-Mursi tomam conta do país. Os confrontos causam oito mortes, principalmente em Alexandria e no Delta do Nilo.

O auge da crise chega ao dia 30 de junho, data do primeiro aniversário da posse de Mursi. Multidões ocuparam as ruas do Cairo e de muitas outras cidades, gritando "O povo quer a queda do regime" - mesmo lema do início de 2011 contra o governo de Hosni Mubarak. Pelo menos dezesseis mortes foram registradas.

Um dia depois, em 1º de julho, o ultimato da oposição, que dá 24 horas para que Mursi renuncie. O movimento Tamarrod (rebelião, em árabe) pede que o Exército "tome uma posição clara ao lado da vontade popular". O Exército exige que as "demandas do povo sejam atendidas". Se estas exigências não forem cumpridas no prazo de 48 horas, o Exército vai anunciar "medidas para supervisionar a sua implementação".

Texto adaptado de linha linha do tempo da agência AFP.

Fonte: Terra
Compartilhar
Publicidade
Publicidade