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USP classifica ocupação de 'barbárie'; reitoria será reaberta em 15 dias

A universidade disse que está fazendo levantamento dos prejuízos, que incluem furtos e danos a equipamentos e pichação de paredes

12 nov 2013 - 17h15
(atualizado às 17h16)
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<p>Sala foi mais um dos locais pichados pelos estudantes grevistas</p>
Sala foi mais um dos locais pichados pelos estudantes grevistas
Foto: Bruno Santos / Terra

A Universidade de São Paulo (USP) divulgou nota nesta terça-feira em que classifica a depredação da reitoria da instituição, verificada após a desocupação dos prédios ocupados há mais de 40 dias,  como uma "barbárie". "A grande maioria da comunidade universitária e da sociedade civil se cansou desse método violento e ilegal utilizado por certas minorias. Trata-se de uma barbárie diante dos paulistas que mantém a USP", disse a universidade.

A operação para devolver a posse da reitoria à USP teve início por volta das 5h30 desta terça. Cerca de 50 policiais da Tropa de Choque participaram da operação, que durou aproximadamente 40 minutos. Ao perceberem a chegada da PM, estudantes no campus da Cidade Universitária alertaram colegas que ocupavam o prédio com o uso de fogos de artifício. A maior parte dos alunos que continuava ali deixou o local, mas duas pessoas foram encaminhadas ao 93° Distrito Policial de São Paulo. 

A chegada da Polícia Militar abriu caminho para a realização de perícia no prédio da reitoria, ocupado desde o dia 1º de outubro por estudantes que exigem, entre outras demandas, as eleições diretas para reitor. De acordo com a USP, funcionários devem concluir na quinta-feira uma auditoria patrimonial no prédio da reitoria e na Torre do Relógio para contabilizar todos prejuízos. A universidade informou que, numa primeira análise, foi verificado furto  e danos de equipamentos e móveis, arrombamento de portas e pichação de paredes.

"Face ao estado em que se encontra o prédio, prevê-se que seu funcionamento pleno se efetive em duas ou mais semanas", disse a USP na nota. No prédio da reitoria trabalham cerca de 1 mil servidores.

Ocupação da reitoria da USP

ocupação da reitoria da Universidade de São Paulo foi feita no dia 1º de outubro como forma de protesto pelo modelo de escolha do reitor e vice-reitor da universidade. Um dos pontos mais criticados por alunos e funcionários é a lista tríplice, sistema pelo qual os nomes dos três candidatos mais votados são enviados ao governador do Estado, que decide quem será o reitor. Os alunos também cobram paridade entre eleitores na escolha do reitor. Atualmente, o pleito ocorre por meio de colégios eleitorais – representados majoritariamente por professores titulares.

Os estudantes criticam ainda a presença da Polícia Militar dentro do campus da universidade e exigem que a segurança dos alunos seja feita por uma guarda comunitária. Eles também decretaram greve, em decisão que contou com o apoio de funcionários da universidade por meio do Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp).

Após a USP entrar com um pedido de reintegração de posse do prédio, a Justiça determinou a realização de uma audiência de conciliação entre alunos, funcionários, professores e representantes da universidade. Como não houve acordo, foi estabelecido em 15 de outubro um prazo de 60 dias para que a reitoria e os manifestantes estabelecessem diálogo. A USP solicitou a antecipação desse prazo, e no dia 4 de novembro o Tribunal de Justiça de São Paulo decidiu pela reintegração de posse imediata da reitoria. Em assembleia, os alunos decidiram permanecer no prédio. A Tropa de Choque da Polícia Militar cumpriu na madrugada de 12 de novembro a reintegração de posse da reitoria.

Confira a íntegra da nota da reitoria:

"São lamentáveis as cenas de depredação e vandalismo presenciadas no prédio da Administração Central da Universidade. A grande maioria da comunidade universitária e da sociedade civil se cansou desse método violento e ilegal utilizado por certas minorias. Trata-se de uma barbárie diante dos paulistas que mantém a USP. Há meios legítimos em uma sociedade de direito plena para resolver questões ou impulsionar mudanças. Protestos extraordinários são cabíveis em um Estado democrático de Direito, mas nunca com a utilização de atos considerados como crime pelo direito penal.

Como desdobramento do processo de reintegração, está sendo realizada uma auditoria patrimonial no prédio e na Torre do Relógio, para que se possa estabelecer uma estimativa dos prejuízos causados pela ocupação, referentes, principalmente, a furtos e danos a equipamentos e móveis, arrombamento de portas e pichação de paredes. Esforços estão sendo envidados para que o processo seja finalizado até a próxima quinta-feira, dia 14/11.

Face ao estado em que se encontra o prédio, prevê-se que seu funcionamento pleno se efetive em duas ou mais semanas. No local, trabalham cerca de 1000 servidores e estão instalados órgãos, como a Vice-Reitoria Executiva de Relações Internacionais, Programa USP Internacional, parte das Pró-Reitorias de Cultura e Extensão Universitária e de Graduação, Agência USP de Inovação, Superintendências de Espaço Físico, Gestão Ambiental, Relações Institucionais, Comunicação Social, Saúde e Segurança, Secretaria Geral, Ouvidoria, Escola Técnica e de Gestão da USP e Departamento de Recursos Humanos.

Nos meses de outubro e novembro, foram realizadas seis reuniões de negociação da Comissão da Universidade com representantes do DCE Livre da USP. A proposta de termo de acordo estava condicionada à desocupação imediata e espontânea daquele prédio, bem como o fim da greve, o que, infelizmente, não se concretizou."

Fonte: Terra
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