Alunos de medicina da Unicamp decidem boicotar exame do Cremesp

Os estudantes de medicina da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) informaram em nota na segunda-feira que decidiram em assembleia pelo boicote ao Exame do Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp). Em julho, o órgão determinou que, a partir deste ano, egressos dos cursos de medicina do Estado teriam que apresentar declaração de realização da prova, até então opcional, para obter o registro profissional.

André Palma, do 2º ano do curso de medicina da Unicamp e integrante do Centro Acadêmico Adolfo Lutz, explica que os alunos optaram por marcar todas as opções do exame com a letra "B", de boicote. "Nosso objetivo é mostrar para a sociedade que o exame não vai melhorar a educação médica e muito menos a saúde pública", afirma.

Os alunos já haviam divulgado na internet um abaixo-assinado se mostrando contrários ao exame e afirmando que a prova será prejudicial aos currículos, "que passarão a seguir menos as diretrizes curriculares do MEC (Ministério da Educação) e mais os macetes para sua aprovação".

Na ocasião em que foi anunciada a obrigatoriedade do exame, o Cremesp explicou que a resolução tem como objetivo avançar o debate sobre a criação do Exame Nacional de Habilitação como requisito para o exercício legal da medicina no Brasil, a exemplo do Exame de Ordem da OAB, que avalia os estudantes de direito e a aprovação é requisito necessário para a inscrição como advogado.

De acordo com dados do conselho, em dez anos aumentou em 302% a quantidade de processos ético-profissionais, relacionados a má prática, erro médico ou infrações diversas ao Código de Ética Médica, em andamento a partir de denúncias contra médicos. O número passou 1.022 processos em 2001 para 3.089 processos em 2011. No mesmo período, os médicos que foram julgados culpados e receberam uma das penalidades previstas em lei passaram de 246, em 2001, para 444 em 2011, aumento de 180%.

O exame deste ano está previsto para dia 11 de novembro e contará com o mesmo índice de dificuldade, em nove áreas básicas do conhecimento médico.

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