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Alunos da Unicamp fazem abaixo-assinado contra exame do Cremesp

Alunos da Unicamp fazem abaixo-assinado contra exame do Cremesp

28 set 2012 - 18h14
(atualizado às 20h30)
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Alunos da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) criaram um abaixo-assinado na internet contra o Exame do Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp). Em julho, o órgão determinou que, a partir deste ano, egressos dos cursos de medicina do Estado teriam que apresentar declaração de realização da prova, até então opcional, para obter o registro profissional.

No abaixo-assinado, os estudantes afirmam que o exame não melhorará a educação médica nem a saúde no País. "A prova do Cremesp não é a vacina tetravalente que erradicará em uma única dose e com suas questões de múltipla escolha a deficiência da educação médica, o número de erros médicos, a abertura irracional de novas escolas médicas e o impedimento da entrada de médicos estrangeiros mal qualificados no país", critica o documento. "A prova nada garantirá aos reprovados, a não ser taxá-los pelos problemas de um processo de seis anos de déficit", continua.

Segundo os estudantes, a prova será prejudicial aos currículos, "que passarão a seguir menos as diretrizes curriculares do MEC (Ministério da Educação) e mais os macetes para sua aprovação". O abaixo-assinado diz, ainda, que em vez de centralizar o problema no estudante, seria necessário reavaliar os currículos e a estrutura universitária, e pede uma avaliação continuada e que "garanta infraestrutura material e humana adequadas".

Conforme informado pelo Cremesp em julho, a iniciativa de tornar obrigatória a participação em um exame de final de curso foi tomada em decorrência da queda acentuada na qualidade do ensino médico. Os exames opcionais realizados pelo conselho nos últimos sete anos revelaram que quase metade dos graduandos saem das escolas despreparados, sem condições de exercer a medicina.

Para Bráulio Luna Filho, coordenador do Exame, os estudantes não têm argumentos fundamentados contra a prova. "Os alunos da Unicamp são privilegiados, pois estudam em uma das melhores universidades públicas do País. Eles devem pensar que nem todas as escolas médicas têm boas condições, e é isso que queremos evidenciar", afirma.

Ele aponta que o objetivo do exame não é interferir no currículo nem na autonomia das faculdades, mas saber se os alunos que saem das instituições têm condições de atender à população. "Eles (os alunos da Unicamp) deveriam estar preocupados com as outras escolas que formarão pessoas que exercerão a medicina. Queremos saber se as escolas cumprem o que prometem", complementa, ao explicar que um dos motivos para o exame ter se tornado obrigatório é obter uma amostra maior que possa demonstrar a má qualidade da educação e trazer a discussão à tona.

Luna Filho diz ainda que considera a luta dos estudantes "errada". "Os alunos deveriam estar lutando por boa formação para todos e por investimento na saúde", declara. Ele aponta que o próximo exame, que acontece no dia 11 de novembro, já conta com mais de 80 alunos inscritos apenas da Unicamp, e mais de 2,2 mil no total. Para ele, isso comprova que a grande maioria compreendeu o papel do conselho e do exame. "O que muda a realidade é a participação individual e coletiva de todos nós. O que queremos é que a prova traga mobilização acerca do tema", conclui. O coordenador destaca também que os nomes das escolas com piores resultados não serão divulgados.

Fonte: Terra
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