A Câmara dos Vereadores de São Paulo aprovou na tarde desta quinta-feira a abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Transportes protocolada pelo vereador Paulo Fiorilo (PT), que teve o apoio da base governista do prefeito Fernando Haddad (PT). A CPI foi aprovada por 40 votos a 11, com duas abstenções.
A comissão deverá ser presidida pelo vereador petista e terá em sua composição os vereadores Edir Sales (PSD), Milton Leite (DEM), Dalton Silvano (PV), Adilson Amadeu (PTB) e Nelo Rodolfo (PMDB). O único representante da oposição deverá ser Floriano Pesaro (PSDB).
A instalação da CPI deverá se dar na manhã desta sexta-feira, após uma reunião entre os vereadores. É possível que o início dos trabalhos se dê ainda em julho, mês de recesso da casa. Os detalhes serão definidos nessa reunião.
Segundo Fiorilo, o foco da CPI é claro e definido. "O que queremos investigar e debater são as planilhas do sistema. De acordo com o vereador, a CPI terá um objeto claro de investigação e não pode ser chamada de "chapa branca". "O resultado dela vai depender do parlamento. O que queremos investigar é claro: valor da passagem, subsídio repassado e qualidade do serviço", disse ele. "Queremos averiguar as planilhas, verificar o sistema e discutir a qualidade do transporte que é oferecido à população."
O vereador Ricardo Young (PPS), que tinha uma proposta considerada mais ampla, apoiada pela oposição, afirma que a sua proposição era melhor. "O sistema de transporte da cidade entrou em colapso e precisa ser repensado. É preciso abrir espaço para todas as partes envolvidas e discutir parâmetros de qualidade. Ninguém é contra a investigação, mas ela precisa ser mais ampla."
Young disse não estar decepcionado com o resultado da votação. Segundo ele, até "anteontem", a perspectiva de uma CPI era praticamente nula. "O que valeu foi a pressão popular. Com a prerrogativa de vereador vou acompanhar todos os trabalhos e todas as sessões", disse ele, já que seu partido, o PPS, ficou fora da composição da mesa.
O vereador Floriano Pesaro (PSDB) disse que seu partido será responsável por não permitir que a CPI seja "chapa branca". "Vamos denunciar cada passo e cada ponto que estará sendo discutido. O governo fará de tudo para que não se apure nada. O que muda é a opinião pública. O governo recuou, mas tem o controle absoluto da CPI. Serão seis membros de sete", disse.
No início da tarde, um grupo de manifestantes favoráveis à criação CPI fechou parte do viaduto Jacareí, onde fica a Câmara, para pressionar os parlamentares. Um grupo de manifestantes ligados a cooperativas de transporte da zona sul da capital paulista acompanhou a sessão das galerias da Câmara e se posicionou contra a proposta de Fiorilo. O grupo é ligado ao vereador Milton Leite (DEM).
Além dos três pedidos para que a CPI aborde o tema transportes, há outros 17 pedidos de CPIs para investigar outros temas na Câmara dos Vereadores de São Paulo.
6 de junho No dia 6 de junho, a cidade de São Paulo parou por causa do protesto "Se a tarifa aumentar São Paulo vai parar", contra o aumento das passagens de ônibus, trens e Metrô. Milhares de manifestantes foram às ruas exigir a diminuição da tarifa do transporte coletivo e acabaram entrando em confronto com a polícia
Foto: Gabriela Biló / Futura Press
6 de junho Encabeçado pelo Movimento Passe Livre, o protesto prega que "o modelo de transporte coletivo baseado em concessões para exploração privada e cobrança de tarifa está esgotado"
Foto: Gabriela Biló / Futura Press
6 de junho A onda de protestos contra os reajustes na tarifa de ônibus, que atinge, além de São Paulo, outras capitais do País e cidades, começou a ser gestada em Porto Alegre (RS) no início de abril
Foto: Gabriela Biló / Futura Press
6 de junho No primeiro dia de protestos em São Paulo, a Polícia Militar usou balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo contra milhares de pessoas
Foto: Tercio Teixeira / Futura Press
6 de junho Enquanto policiais usavam bombas e tiros de bala de borracha, manifestantes respondiam com pedras e rojões
Foto: Tercio Teixeira / Futura Press
7 de junho Durante os atos, portas de agências bancárias e estabelecimentos comerciais foram quebrados, ônibus, muros e monumentos pichados e lixeiras incendiadas
Foto: Bruno Santos / Terra
7 de junho Os manifestantes alegam que reagem à repressão opressiva da polícia, que age de maneira truculenta para tentar conter ou dispersar os protestos
Foto: Gabriela Biló / Futura Press
7 de junho Segundo a administração pública, nos 4 primeiros dias de manifestações mais de 250 pessoas foram presas, muitas sob acusação de depredação de patrimônio público e formação de quadrilha
Foto: Bruno Santos / Terra
7 de junho O aumento das passagens de ônibus em São Paulo desencadeou uma grande manifestação, que ganhou a adesão de milhares de pessoas depois da repressão policial
Foto: Bruno Santos / Terra
7 de junho Locais tradicionais de São Paulo, como a avenida Rebouças, foram trancados pelos manifestantes, que impediam a circulação de veículos
Foto: Bruno Santos / Terra
11 de junho A repressão policial, especialmente da Tropa de Choque e da Força Tática da Polícia Militar, foram criticadas pelos manifestantes, que foram aumentando a pressão a cada novo protesto
Foto: Bruno Santos / Terra
11 de junho Em um momento tenso, a PM tentou fazer com que o protesto parasse, mas os manifestantes se recusaram e seguiram pela avenida Rangel Pestana, no Centro, próximo ao terminal Bandeira, entrando em confronto com a polícia
Foto: Bruno Santos / Terra
11 de junho O Movimento Passe Livre, criado durante o Fórum Social Mundial, em 2005, se diz autônomo, independente e apartidário e está em oito cidades
Foto: Bruno Santos / Terra
11 de junho As passagens de ônibus, metrô e trem da cidade de São Paulo passaram a custar R$ 3,20 no dia 2 de junho. A tarifa anterior, de R$ 3, vigorava desde janeiro de 2011
Foto: Bruno Santos / Terra
11 de junho A administração paulista alegou que, caso fosse feito o reajuste das tarifas com base na inflação acumulada no período, aferido pelo IPC/Fipe, o valor chegaria a R$ 3,40. O argumento não foi aceito pelos manifestantes
Foto: Bruno Santos / Terra
11 de junho As agressões da polícia repercutiram negativamente na imprensa e também nas redes sociais. Vítimas e testemunhas da ação violenta divulgaram relatos, fotografias e vídeos na internet
Foto: Bruno Santos / Terra
13 de junho De acordo com as orientações do grupo, as pessoas que moram próximas aos locais por onde passará o protesto podem disponibilizar o sinal de internet, para que os manifestantes possam compartilhar registros feitos durante a manifestação
Foto: Bruno Santos / Terra
13 de junho Plínio de Arruda Sampaio, ex-presidenciável pelo Psol, acompanhou a movimentação e criticou atos de vandalismo registrados em protestos anterioes
Foto: Alice Vergueiro / Futura Press
13 de junho Bombas de gás lacrimogêneo lançadas pela Polícia Militar na rua da Consolação deram início a uma sequência de atos violentos por parte das forças de segurança, que se espalharam pelo Centro
Foto: Gabriela Biló / Futura Press
13 de junho O cenário foi de caos: manifestantes e pessoas pegas de surpresa pelo protesto correndo para todos os lados tentando se proteger; motoristas e passageiros de ônibus inalando gás de pimenta sem ter como fugir em meio ao trânsito
Foto: Bruno Santos / Terra
13 de junho No dia seguinte ao protesto marcado pela violência, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) declarou que via "ações coordenadas" oportunistas no movimento
Foto: Bruno Santos / Terra
13 de junho O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), afirmou que a polícia deve ser investigada por abusos cometidos, mas não deixou de criticar a ação dos ativistas
Foto: Bruno Santos / Terra
13 de junho A repórter Giuliana Vallone, do jornal Folha de S. Paulo, foi atingida no olho por uma bala de borracha da PM
Foto: Guilherme Kastner / Brazil Photo Press
13 de junho Entre as orientações jurídicas, os manifestantes pedem, por meio do Facebook, atenção caso sejam presos. Na delegacia, leia tudo antes de assinar! Se o que estiver escrito não for a realidade, ou se você não disse alguma coisa que está escrita, não assine.
Foto: Leonardo Gali / vc repórter
13 de junho O repórter do Terra Vagner Magalhães levou um golpe de cassetete de um policial militar enquanto cobria o protesto. O jornalista foi agredido no braço
Foto: Amauri Nehn / Brazil Photo Press
14 de junho O fotógrafo Sérgio Silva, da Futura Press, mostra o olho esquerdo, que foi atingido por uma bala de borracha disparada pela Polícia Militar. Ele foi internado no hospital H. Olhos (Hospital de Olhos Paulista), no bairro Paraíso, e corre o risco de perder a visão
Foto: Arquivo Pessoal / Divulgação
17 de junho Militantes identificados com bandeiras de partidos foram hostilizados por manifestantes, que bradavam: "Nenhum partido nos representa"
Foto: Renato S. Cerqueira / Futura Press
17 de julho O jornalista Caco Barcellos, da TV Globo, e seus repórteres foram expulsos e não conseguiram ficar no protesto, que fechou a avenida Faria Lima
Foto: Fernando Borges / Terra
17 de junho Durante o percurso, muitos moradores dos prédios balançaram toalhas brancas na janela, em apoio ao movimento
Foto: Gabriela Biló / Futura Press
17 de junho Membros do Movimento Passe Livre, que encabeça os protestos contra o aumento da tarifa de transporte público em São Paulo, afirmaram na manhã desta segunda-feira que só estão dispostos a negociar a revogação do reajuste
Foto: Euclides Oltramari Jr. / Futura Press
17 de junho A mobilização em São Paulo, que segue os contornos dos protestos iniciados em Porto Alegre, desencadeou outras jornadas de manifestação pelo País. Ela parte do descontentamento da população com o reajuste de R$ 0,20 do preço de ônibus, metrô e trem, mas também dá voz a questões que ultrapassam os centavos cotidianos
Foto: André Neublum Balistrieri / vc repórter
17 de junho Violência à parte - condenada pelo governo e pela maioria dos envolvidos -, a presença massiva da população nas ruas cria espaço para um debate sobre os espaços públicos nas metrópoles brasileiras contemporâneas, bem como questiona os moldes estabelecidos da representatividade da democracia brasileira
Foto: Léo Pinheiro / Futura Press
17 de junho Todos os protestos foram organizados e propagandeados pelo Movimento Passe Livre (MPL), que se declara independente e horizontal, sem presidentes, dirigentes ou chefes
Foto: Fernando Borges / Terra
17 de junho Um dos principais reflexos das manifestações é o caos no trânsito, já que milhares de pessoas fecham as principais ruas e avenidas da cidade durante a marcha
Foto: Ale Vianna / Brazil Photo Press
17 de junho Além de horizontal e sem um comando hierarquizado, o movimento se diz também heterogêneo, uma mistura de estudantes universitários de diversas áreas, professores, engenheiros e profissionais de diversas áreas
Foto: Léo Pinheiro / Futura Press
17 de junho O perfil "linear", segundo os próprios integrantes do grupo, que tem dado força e feito o movimento crescer, com adesão de milhares de pessoas a cada manifestação agendada para pedir a redução na passagem
Foto: Léo Pinheiro / Futura Press
17 de junho O perfil dos detidos na manifestação de terça-feira, dia 11, mostrou a heterogeneidade das pessoas que compõem os protestos, sem mesmo fazer parte do MPL
Foto: Léo Pinheiro / Futura Press
17 de junho Para o movimento que organiza os protestos e luta por mudanças na política de transportes públicos, a precarização dos serviços prestados e as más condições que os usuários enfrentam diariamente é um dos principais fatores que levaram diferentes setores a se unirem às manifestações
Foto: Marcos Bizzotto / Franco Guizzetti
17 de junho Um grupo de manifestantes conseguiu arrombar a portaria 2 do Palácio dos Bandeirantes, na zona sul da capital paulista, por volta das 23h, e a polícia reagiu com bombas de efeito moral e gás de pimenta
Foto: Fernando Borges / Terra
17 de junho Apenas três equipes de polícia faziam a segurança externa do Palácio dos Bandeirantes antes da chegada dos manifestantes
Foto: Fernando Borges / Terra
17 de junho Manifestantes "alteraram" preço da passagem em ônibus que parou no local
Foto: Fernando Borges / Terra
18 de junho - Cenário era de destruição e de caos na região central de São Paulo após ação de vândalos que se aproveitaram do protesto de milhares para depredar e saquear lojas
Foto: Fernando Borges / Terra
18 de junho - Lojas Americanas também foram alvo de vândalos em São Paulo
Foto: Fernando Borges / Terra
18 de junho - Durante protesto na noite desta terça-feira no centro de São Paulo, vândalos aproveitaram o fim do ato para praticar saques e destruir lojas e agências bancárias. Na foto, jovem depreda unidade da rede McDonald's
Foto: Gabriela Biló / Futura Press
18 de junho - Após invadir loja da rede de fast food McDonald's, jovem utiliza máquina de sorvete no centro de São Paulo
Foto: Gabriela Biló / Futura Press
18 de junho - Agência do banco Itaú foi depredada na praça do Patriarca em São Paulo
Foto: Fernando Borges / Terra
18 de junho - Uma van da TV Record foi depredada e incendiada por manifestantes
Foto: Fernando Borges / Terra
18 de junho - Uma van da TV Record foi depredada e incendiada por manifestantes
Foto: Fernando Borges / Terra
18 de junho - Jovens chutam porta da prefeitura de São Paulo
Foto: Fernando Borges / Terra
18 de junho - Uma van da TV Record foi depredada e incendiada por manifestantes
Foto: Fernando Borges / Terra
18 de junho - Datafolha estimou que o protesto de hoje reuniu 50 mil pessoas em São Paulo. Na foto, os manifestantes se concentram em frente à prefeitura
Foto: AFP
18 de junho - Um grupo de manifestantes furou o bloqueio da Polícia Militar em frente à prefeitura de São Paulo e atirou grades que cercavam o prédio contra a porta
Foto: Ale Vianna / Brazil Photo Press
18 de junho - Policiais apenas observaram o ato pacífico de milhares de manifestantes que foram às ruas nesta terça-feira
Foto: Fernando Borges / Terra
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Cenas de guerra nos protestos em SP
A cidade de São Paulo enfrenta protestos contra o aumento na tarifa do transporte público desde o dia 6 de junho. Manifestantes e policiais entraram em confronto em diferentes ocasiões e ruas do centro se transformaram em cenários de guerra.
Durante os atos, portas de agências bancárias e estabelecimentos comerciais foram quebrados, ônibus, prédios, muros e monumentos pichados e lixeiras incendiadas. Os manifestantes alegam que reagem à repressão da polícia, que age de maneira truculenta para tentar conter ou dispersar os protestos.
Mais de 250 pessoas foram presas durante as manifestações, muitas sob acusação de depredação de patrimônio público e formação de quadrilha. A mobilização ganhou força a partir do dia 13 de junho, quando o protesto foi marcado pela repressão opressiva. Bombas de gás lacrimogêneo lançadas pela Polícia Militar na rua da Consolação deram início a uma sequência de atos violentos por parte das forças de segurança, que se espalharam pelo centro.
O cenário foi de caos: manifestantes e pessoas pegas de surpresa pelo protesto correndo para todos os lados tentando se proteger; motoristas e passageiros de ônibus inalando gás de pimenta sem ter como fugir em meio ao trânsito; e vários jornalistas, que cobriam o protesto, detidos, ameaçados ou agredidos.
As agressões da polícia repercutiram negativamente na imprensa e também nas redes sociais. Vítimas e testemunhas da ação violenta divulgaram relatos, fotografias e vídeos na internet. A mobilização ultrapassou as fronteiras do País e ganhou as ruas de várias cidades do mundo. Dezenas de manifestações foram organizadas em outros países em apoio aos protestos em São Paulo e repúdio à ação violenta da Polícia Militar. Eventos foram marcados pelas redes sociais em quase 30 cidades da Europa, Estados Unidos e América Latina.
As passagens de ônibus, metrô e trem da cidade de São Paulo passaram a custar R$ 3,20 no dia 2 de junho. A tarifa anterior, de R$ 3, vigorava desde janeiro de 2011. Segundo a administração paulista, caso fosse feito o reajuste com base na inflação acumulada no período, aferido pelo IPC/Fipe, o valor chegaria a R$ 3,40. No dia 19 de junho, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o prefeito Fernando Haddad (PT) anunciaram a redução dos preços das passagens de ônibus, metrô e trens metropolitanos para R$ 3. O preço da integração também retornou para o valor de R$ 4,65 depois de ter sido reajustado para R$ 5.
Na terça-feira (25), em sessão ordinária na Câmara, a base governista conseguiu adiar a votação para a criação da CPI. Já na manhã desta quarta-feira, Haddad anunciou o cancelamento da licitação com as empresas de ônibus. Segundo ele, a ideia é criar um conselho de transporte para abrir as planilhas com os gastos do transporte antes de assinar o contrato com as viações.
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