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Política

SP: Câmara aprova CPI dos transportes proposta pela base governista

27 jun 2013 - 16h04
(atualizado às 23h27)
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A Câmara dos Vereadores de São Paulo aprovou na tarde desta quinta-feira a abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Transportes protocolada pelo vereador Paulo Fiorilo (PT), que teve o apoio da base governista do prefeito Fernando Haddad (PT). A CPI foi aprovada por 40 votos a 11, com duas abstenções.

A comissão deverá ser presidida pelo vereador petista e terá em sua composição os vereadores Edir Sales (PSD), Milton Leite (DEM), Dalton Silvano (PV), Adilson Amadeu (PTB) e Nelo Rodolfo (PMDB). O único representante da oposição deverá ser Floriano Pesaro (PSDB).

A instalação da CPI deverá se dar na manhã desta sexta-feira, após uma reunião entre os vereadores. É possível que o início dos trabalhos se dê ainda em julho, mês de recesso da casa. Os detalhes serão definidos nessa reunião.

Segundo Fiorilo, o foco da CPI é claro e definido. "O que queremos investigar e debater são as planilhas do sistema. De acordo com o vereador, a CPI terá um objeto claro de investigação e não pode ser chamada de "chapa branca". "O resultado dela vai depender do parlamento. O que queremos investigar é claro: valor da passagem, subsídio repassado e qualidade do serviço", disse ele. "Queremos averiguar as planilhas, verificar o sistema e discutir a qualidade do transporte que é oferecido à população."

O vereador Ricardo Young (PPS), que tinha uma proposta considerada mais ampla, apoiada pela oposição, afirma que a sua proposição era melhor. "O sistema de transporte da cidade entrou em colapso e precisa ser repensado. É preciso abrir espaço para todas as partes envolvidas e discutir parâmetros de qualidade. Ninguém é contra a investigação, mas ela precisa ser mais ampla."

Young disse não estar decepcionado com o resultado da votação. Segundo ele, até "anteontem", a perspectiva de uma CPI era praticamente nula. "O que valeu foi a pressão popular. Com a prerrogativa de vereador vou acompanhar todos os trabalhos e todas as sessões", disse ele, já que seu partido, o PPS, ficou fora da composição da mesa.

O vereador Floriano Pesaro (PSDB) disse que seu partido será responsável por não permitir que a CPI seja "chapa branca". "Vamos denunciar cada passo e cada ponto que estará sendo discutido. O governo fará de tudo para que não se apure nada. O que muda é a opinião pública. O governo recuou, mas tem o controle absoluto da CPI. Serão seis membros de sete", disse.

No início da tarde, um grupo de manifestantes favoráveis à criação CPI fechou parte do viaduto Jacareí, onde fica a Câmara, para pressionar os parlamentares. Um grupo de manifestantes ligados a cooperativas de transporte da zona sul da capital paulista acompanhou a sessão das galerias da Câmara e se posicionou contra a proposta de Fiorilo. O grupo é ligado ao vereador Milton Leite (DEM).

Além dos três pedidos para que a CPI aborde o tema transportes, há outros 17 pedidos de CPIs para investigar outros temas na Câmara dos Vereadores de São Paulo.

Cenas de guerra nos protestos em SP
A cidade de São Paulo enfrenta protestos contra o aumento na tarifa do transporte público desde o dia 6 de junho. Manifestantes e policiais entraram em confronto em diferentes ocasiões e ruas do centro se transformaram em cenários de guerra.

Durante os atos, portas de agências bancárias e estabelecimentos comerciais foram quebrados, ônibus, prédios, muros e monumentos pichados e lixeiras incendiadas. Os manifestantes alegam que reagem à repressão da polícia, que age de maneira truculenta para tentar conter ou dispersar os protestos.

Veja a cronologia e mais detalhes sobre os protestos em SP

Mais de 250 pessoas foram presas durante as manifestações, muitas sob acusação de depredação de patrimônio público e formação de quadrilha. A mobilização ganhou força a partir do dia 13 de junho, quando o protesto foi marcado pela repressão opressiva. Bombas de gás lacrimogêneo lançadas pela Polícia Militar na rua da Consolação deram início a uma sequência de atos violentos por parte das forças de segurança, que se espalharam pelo centro.

O cenário foi de caos: manifestantes e pessoas pegas de surpresa pelo protesto correndo para todos os lados tentando se proteger; motoristas e passageiros de ônibus inalando gás de pimenta sem ter como fugir em meio ao trânsito; e vários jornalistas, que cobriam o protesto, detidos, ameaçados ou agredidos.

As agressões da polícia repercutiram negativamente na imprensa e também nas redes sociais. Vítimas e testemunhas da ação violenta divulgaram relatos, fotografias e vídeos na internet. A mobilização ultrapassou as fronteiras do País e ganhou as ruas de várias cidades do mundo. Dezenas de manifestações foram organizadas em outros países em apoio aos protestos em São Paulo e repúdio à ação violenta da Polícia Militar. Eventos foram marcados pelas redes sociais em quase 30 cidades da Europa, Estados Unidos e América Latina.

As passagens de ônibus, metrô e trem da cidade de São Paulo passaram a custar R$ 3,20 no dia 2 de junho. A tarifa anterior, de R$ 3, vigorava desde janeiro de 2011. Segundo a administração paulista, caso fosse feito o reajuste com base na inflação acumulada no período, aferido pelo IPC/Fipe, o valor chegaria a R$ 3,40. No dia 19 de junho, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o prefeito Fernando Haddad (PT) anunciaram a redução dos preços das passagens de ônibus, metrô e trens metropolitanos para R$ 3. O preço da integração também retornou para o valor de R$ 4,65 depois de ter sido reajustado para R$ 5.

Na terça-feira (25), em sessão ordinária na Câmara, a base governista conseguiu adiar a votação para a criação da CPI. Já na manhã desta quarta-feira, Haddad anunciou o cancelamento da licitação com as empresas de ônibus. Segundo ele, a ideia é criar um conselho de transporte para abrir as planilhas com os gastos do transporte antes de assinar o contrato com as viações.

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Fonte: Terra
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