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Julgamento do Mensalão

Mensalão baixa audiência de Jornal Nacional, diz José Dirceu

19 set 2012 - 10h48
(atualizado às 16h24)
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O ex-chefe da Casa Civil José Dirceu usou seu blog na terça-feira para discorrer sobre as possíveis razões da queda de audiência do Jornal Nacional, que chegou a marcar menor pontuação que o horário de propaganda política. Além de notícias "velhas" - "uma vez que foram divulgadas na internet durante o dia" -, a queda, segundo ele, é causada pelo "enorme tempo dedicado" ao julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo Dirceu, a ação na Corte se trata de "uma decisão política dos Marinhos e que revela que a mídia brasileira ainda não sabe lidar com as novas mídias e com a nova realidade política e social do País".

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"A Globo usa seus telejornais para fazer oposição ao governo, quando a imensa maioria da população apoia o governo. Recusa a regulação e a concorrência, o pluralismo e a diversidade. Enfim, mantém-se fiel ao discurso único, forçando a mão numa imagem que não bate com a realidade do País", disse ele. Dirceu é um dos 38 réus do processo. Ele responde pelos crimes de corrupção ativa e formação de quadrilha.

Seu envolvimento no esquema, segundo a denúncia do Ministério Público, era central, "objetivando a compra de apoio político de outros partidos políticos e o financiamento futuro e pretérito (pagamento de dívidas) das suas próprias campanhas eleitorais". "A atuação voluntária e consciente do ex-Ministro José Dirceu no esquema garantiu às instituições financeiras, empresas privadas e terceiros envolvidos que nada lhes aconteceria, como de fato não aconteceu até a eclosão do escândalo, e também que seriam beneficiados pelo Governo Federal em assuntos de seu interesse econômico, como de fato ocorreu", diz um trecho da denúncia do MP. Dirceu tinha mandato como deputado federal, mas foi cassado em 2005. Na prática, ele só poderá se candidatar a algum cargo eletivo nas eleições municipais de 2016.

O mensalão do PT
Em 2007, o STF aceitou denúncia contra os 40 suspeitos de envolvimento no suposto esquema denunciado em 2005 pelo então deputado federal Roberto Jefferson (PTB) e que ficou conhecido como mensalão. Segundo ele, parlamentares da base aliada recebiam pagamentos periódicos para votar de acordo com os interesses do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Após o escândalo, o deputado federal José Dirceu deixou o cargo de chefe da Casa Civil e retornou à Câmara. Acabou sendo cassado pelos colegas e perdeu o direito de concorrer a cargos públicos até 2015.

No relatório da denúncia, a Procuradoria-Geral da República apontou como operadores do núcleo central do esquema José Dirceu, o ex-deputado e ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, e o ex- secretário-geral Silvio Pereira. Todos foram denunciados por formação de quadrilha. Dirceu, Genoino e Delúbio respondem ainda por corrupção ativa.

Em 2008, Sílvio Pereira assinou acordo com a Procuradoria-Geral da República para não ser mais processado no inquérito sobre o caso. Com isso, ele teria que fazer 750 horas de serviço comunitário em até três anos e deixou de ser um dos 40 réus. José Janene, ex-deputado do PP, morreu em 2010 e também deixou de figurar na denúncia.

O relator apontou também que o núcleo publicitário-financeiro do suposto esquema era composto pelo empresário Marcos Valério e seus sócios (Ramon Cardoso, Cristiano Paz e Rogério Tolentino), além das funcionárias da agência SMP&B Simone Vasconcelos e Geiza Dias. Eles respondem por pelo menos três crimes: formação de quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro.

A então presidente do Banco Rural Kátia Rabello e os diretores José Roberto Salgado, Vinícius Samarane e Ayanna Tenório foram denunciados por formação de quadrilha, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro. O publicitário Duda Mendonça e sua sócia, Zilmar Fernandes, respondem a ações penais por lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O ex-ministro da Secretaria de Comunicação (Secom) Luiz Gushiken é processado por peculato. O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato foi denunciado por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

O ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) responde a processo por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A denúncia inclui ainda parlamentares do PP, PR (ex-PL), PTB e PMDB. Entre eles o próprio delator, Roberto Jefferson.

Em julho de 2011, a Procuradoria-Geral da República, nas alegações finais do processo, pediu que o STF condenasse 36 dos 38 réus restantes. Ficaram de fora o ex-ministro da Comunicação Social Luiz Gushiken e do irmão do ex-tesoureiro do Partido Liberal (PL) Jacinto Lamas, Antônio Lamas, ambos por falta de provas.

A ação penal começou a ser julgada em 2 de agosto de 2012. A primeira decisão tomada pelos ministros foi anular o processo contra o ex-empresário argentino Carlos Alberto Quaglia, acusado de utilizar a corretora Natimar para lavar dinheiro do mensalão. Durante três anos, o Supremo notificou os advogados errados de Quaglia e, por isso, o defensor público que representou o réu pediu a nulidade por cerceamento de defesa. Agora, ele vai responder na Justiça Federal de Santa Catarina, Estado onde mora. Assim, restaram 37 réus no processo.

Dirceu é julgado pelos crimes de crimes de corrupção ativa e formação de quadrilha
Dirceu é julgado pelos crimes de crimes de corrupção ativa e formação de quadrilha
Foto: Fábio Pozzebom / Agência Brasil
Fonte: Terra
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