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Julgamento do Mensalão

Defesa: Genu foi denunciado para PGR alcançar deputados do PP

9 ago 2012 - 18h25
(atualizado às 19h37)
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Gustavo Gantois
Direto de Brasília

O advogado Maurício Maranhão de Oliveira afirmou nesta quinta-feira que João Cláudio Genu, ex-assessor do Partido Progressista, só está na acusação porque, assim, a Procuradoria Geral da República "não teria como alcançar os outros deputados do PP". Segundo ele, Genu não pode ser responsabilizado pelos saques de R$ 700 mil que foram distribuídos a parlamentares do partido. O ex-assessor, de acordo com o advogado, era um funcionário recém-contratado e que só cumpria ordens do presidente da legenda, o ex-deputado José Janene, morto em 2010.

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"O mero mensageiro não pode ser considerado como instrumento que atua com dolo (intenção). O defendente somente cumpriu ordens dadas por seus superiores. Como a pessoa há 40 dias contratada, iria supor que havia algo de ilícito naqueles saques?", indagou Oliveira.

De acordo com o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, recibos informais apreendidos no Banco Rural demonstraram que João Cláudio Genu recebeu, em nome de José Janene, Pedro Henry e Pedro Corrêa, a quantia em espécie de R$ 1,1 milhão. O valor é contestado pela defesa, que afirma que R$ 700 mil teriam sido retirados em três saques. Ainda segundo a acusação, João Cláudio Genu era o homem de confiança da cúpula do partido e atuou dolosamente como intermediário na arrecadação do dinheiro.

O advogado, no entanto, nega a relação e afirma que Genu foi denunciado apenas para que a PGR preenchesse o requisito mínimo de quatro pessoas para a tipificação do crime de formação de quadrilha.

"O Ministério Público abusou de seu direito de acusar. Ele não poderia ser equiparado aos parlamentares. Essa acusação chegou às raias do absurdo", atacou.

Nos autos, o próprio João Cláudio Genu admite os saques, tendo afirmado que suas visitas eram sempre precedidas da autorização de Pedro Corrêa e José Janene. Na acusação, Gurgel destacou que Simone Vasconcelos, ex-diretora financeira da agência SMP&B, confirmou os pagamentos feitos a Genu, inclusive a utilização de um carro forte para o transporte do dinheiro.

Ao negar a acusação de lavagem de dinheiro, o advogado destacou que Genu assinou os recibos, apresentando nome e identidade, o que caracterizaria a intenção de não agir ilegalmente. "Ele não tentou ocultar. Ele deixou registro na instituição financeira", afirmou Oliveira.

O mensalão do PT
Em 2007, o STF aceitou denúncia contra os 40 suspeitos de envolvimento no suposto esquema denunciado em 2005 pelo então deputado federal Roberto Jefferson (PTB) e que ficou conhecido como mensalão. Segundo ele, parlamentares da base aliada recebiam pagamentos periódicos para votar de acordo com os interesses do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Após o escândalo, o deputado federal José Dirceu deixou o cargo de chefe da Casa Civil e retornou à Câmara. Acabou sendo cassado pelos colegas e perdeu o direito de concorrer a cargos públicos até 2015.

No relatório da denúncia, a Procuradoria-Geral da República apontou como operadores do núcleo central do esquema José Dirceu, o ex-deputado e ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, e o ex- secretário-geral Silvio Pereira. Todos foram denunciados por formação de quadrilha. Dirceu, Genoino e Delúbio respondem ainda por corrupção ativa.

Em 2008, Sílvio Pereira assinou acordo com a Procuradoria-Geral da República para não ser mais processado no inquérito sobre o caso. Com isso, ele teria que fazer 750 horas de serviço comunitário em até três anos e deixou de ser um dos 40 réus. José Janene, ex-deputado do PP, morreu em 2010 e também deixou de figurar na denúncia.

O relator apontou também que o núcleo publicitário-financeiro do suposto esquema era composto pelo empresário Marcos Valério e seus sócios (Ramon Cardoso, Cristiano Paz e Rogério Tolentino), além das funcionárias da agência SMP&B Simone Vasconcelos e Geiza Dias. Eles respondem por pelo menos três crimes: formação de quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro.

A então presidente do Banco Rural Kátia Rabello e os diretores José Roberto Salgado, Vinícius Samarane e Ayanna Tenório foram denunciados por formação de quadrilha, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro. O publicitário Duda Mendonça e sua sócia, Zilmar Fernandes, respondem a ações penais por lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O ex-ministro da Secretaria de Comunicação (Secom) Luiz Gushiken é processado por peculato. O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato foi denunciado por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

O ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) responde a processo por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A denúncia inclui ainda parlamentares do PP, PR (ex-PL), PTB e PMDB. Entre eles o próprio delator, Roberto Jefferson.

Em julho de 2011, a Procuradoria-Geral da República, nas alegações finais do processo, pediu que o STF condenasse 36 dos 38 réus restantes. Ficaram de fora o ex-ministro da Comunicação Social Luiz Gushiken e do irmão do ex-tesoureiro do Partido Liberal (PL) Jacinto Lamas, Antônio Lamas, ambos por falta de provas.

Fonte: Terra
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