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Julgamento do Mensalão

Advogado de Dirceu pedirá ao STF desqualificação das acusações

3 ago 2012 - 17h51
(atualizado às 19h17)
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Gustavo Gantois
Direto de Brasília

O advogado José Luís de Oliveira Lima, que defende José Dirceu no caso do mensalão, afirmou que vai pedir aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) a desqualificação das acusações contra o ex-ministro. Pela ordem, ele é o primeiro a falar após o procurador-geral da República. Para a defesa, o Ministério Público não conseguiu provar a ligação de Dirceu com o mensalão.

Após a acusação, advogado de Dirceu será o primeiro a falar
Após a acusação, advogado de Dirceu será o primeiro a falar
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil

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"A prova testemunhal é a prova deste processo. Prova testemunhal precisa ter embasamento, precisa vir de figura íntegra", afirmou o advogado, conhecido como Juca, durante o intervalo da sessão.

Durante a acusação, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, justificou que a ausência de provas materiais contra Dirceu se deve ao fato de que "chefes de quadrilha quase nunca aparecem na execução do esquema". "O autor dos chamados crimes organizados age a quatro paredes. O autor intelectual quase sempre não fala ao telefone, não envia mensagens, não assina documentos e não movimenta contas", disse Gurgel.

Segundo o defensor, apesar de ter mostrado aos ministros um organograma fluido do esquema, o procurador não apresentou nenhuma prova nova da participação de Dirceu no mensalão. Seguindo o que já havia sido alegado na denúncia, Gurgel ateve-se aos depoimentos colhidos durante o inquérito para afirmar que o ex-ministro era o chefe da quadrilha.

O mensalão do PT
Em 2007, o STF aceitou denúncia contra os 40 suspeitos de envolvimento no suposto esquema denunciado em 2005 pelo então deputado federal Roberto Jefferson (PTB) e que ficou conhecido como mensalão. Segundo ele, parlamentares da base aliada recebiam pagamentos periódicos para votar de acordo com os interesses do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Após o escândalo, o deputado federal José Dirceu deixou o cargo de chefe da Casa Civil e retornou à Câmara. Acabou sendo cassado pelos colegas e perdeu o direito de concorrer a cargos públicos até 2015.

No relatório da denúncia, a Procuradoria-Geral da República apontou como operadores do núcleo central do esquema José Dirceu, o ex-deputado e ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, e o ex- secretário-geral Silvio Pereira. Todos foram denunciados por formação de quadrilha. Dirceu, Genoino e Delúbio respondem ainda por corrupção ativa.

Em 2008, Sílvio Pereira assinou acordo com a Procuradoria-Geral da República para não ser mais processado no inquérito sobre o caso. Com isso, ele teria que fazer 750 horas de serviço comunitário em até três anos e deixou de ser um dos 40 réus. José Janene, ex-deputado do PP, morreu em 2010 e também deixou de figurar na denúncia.

O relator apontou também que o núcleo publicitário-financeiro do suposto esquema era composto pelo empresário Marcos Valério e seus sócios (Ramon Cardoso, Cristiano Paz e Rogério Tolentino), além das funcionárias da agência SMP&B Simone Vasconcelos e Geiza Dias. Eles respondem por pelo menos três crimes: formação de quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro.

A então presidente do Banco Rural Kátia Rabello e os diretores José Roberto Salgado, Vinícius Samarane e Ayanna Tenório foram denunciados por formação de quadrilha, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro. O publicitário Duda Mendonça e sua sócia, Zilmar Fernandes, respondem a ações penais por lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O ex-ministro da Secretaria de Comunicação (Secom) Luiz Gushiken é processado por peculato. O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato foi denunciado por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

O ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) responde a processo por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A denúncia inclui ainda parlamentares do PP, PR (ex-PL), PTB e PMDB. Entre eles o próprio delator, Roberto Jefferson.

Em julho de 2011, a Procuradoria-Geral da República, nas alegações finais do processo, pediu que o STF condenasse 36 dos 38 réus restantes. Ficaram de fora o ex-ministro da Comunicação Social Luiz Gushiken e do irmão do ex-tesoureiro do Partido Liberal (PL) Jacinto Lamas, Antônio Lamas, ambos por falta de provas.

Fonte: Terra
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