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Julgamento do Mensalão

Julgamento segue com voto do revisor sobre João Paulo Cunha

23 ago 2012 - 05h59
(atualizado às 12h07)
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O ministro Ricardo Lewandowski, revisor do processo do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF), deve dar prosseguimento à primeira parte de seu voto nesta quinta-feira julgando o deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP). Ele é acusado de favorecer a empresa SMP&B, de Marcos Valério, em contratos com a Câmara dos Deputados, quando era presidente da Casa. Na semana passada, Cunha foi considerado culpado pelos crimes de lavagem de dinheiro, corrupção passiva e peculato pelo relator Joaquim Barbosa.

Ricardo Lewandowski prossegue com seu voto nesta quinta-feira
Ricardo Lewandowski prossegue com seu voto nesta quinta-feira
Foto: STF / Divulgação

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Único réu candidato (ele concorre à prefeitura de Osasco, na grande São Paulo), o deputado é acusado de receber R$ 50 mil de propina para escolher a agência de Valério para assinar contrato com a Câmara. "João Paulo Cunha, por seu turno, não apenas concordou com a oferta, como, ciente da sua origem criminosa, engendrou uma estrutura fraudulenta para o seu recebimento", diz um trecho da denúncia. O procurador-geral da República na época apontou ainda desvios de R$ 252 mil por João Paulo Cunha durante a execução do contrato.

Barbosa votou pela culpa de Cunha quanto aos crimes de corrupção e peculato. Valério e seus sócios Ramon Hollerbach e Cristiano Paz também foram condenados pelo relator pelos mesmos crimes. O deputado ainda foi considerado culpado por Barbosa pelo crime de lavagem de dinheiro, porque mandou a mulher sacar os R$ 50 mil em uma agência do Banco Rural, em Brasília, e, de acordo com o relator, esse ato teve como intenção esconder a origem e o destino do dinheiro.

Em sua defesa, João Paulo Cunha afirma que não houve irregularidades na contratação de uma empresa de assessoria e da agência SMP&B pela Câmara. Durante sustentação oral no STF, o advogado Alberto Toron, que defende o deputado, disse que os R$ 50 mil foram repassados pelo PT à Cunha para o pagamento de pesquisas eleitorais.

O julgamento do mensalão será retomado a partir das 14h de hoje, quando Lewandowski terá tempo e pode concluir a primeira parte de seu voto, passando, a seguir, a palavra para os demais ministros votarem no mesmo item.

O mensalão do PT
Em 2007, o STF aceitou denúncia contra os 40 suspeitos de envolvimento no suposto esquema denunciado em 2005 pelo então deputado federal Roberto Jefferson (PTB) e que ficou conhecido como mensalão. Segundo ele, parlamentares da base aliada recebiam pagamentos periódicos para votar de acordo com os interesses do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Após o escândalo, o deputado federal José Dirceu deixou o cargo de chefe da Casa Civil e retornou à Câmara. Acabou sendo cassado pelos colegas e perdeu o direito de concorrer a cargos públicos até 2015.

No relatório da denúncia, a Procuradoria-Geral da República apontou como operadores do núcleo central do esquema José Dirceu, o ex-deputado e ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, e o ex- secretário-geral Silvio Pereira. Todos foram denunciados por formação de quadrilha. Dirceu, Genoino e Delúbio respondem ainda por corrupção ativa.

Em 2008, Sílvio Pereira assinou acordo com a Procuradoria-Geral da República para não ser mais processado no inquérito sobre o caso. Com isso, ele teria que fazer 750 horas de serviço comunitário em até três anos e deixou de ser um dos 40 réus. José Janene, ex-deputado do PP, morreu em 2010 e também deixou de figurar na denúncia.

O relator apontou também que o núcleo publicitário-financeiro do suposto esquema era composto pelo empresário Marcos Valério e seus sócios (Ramon Cardoso, Cristiano Paz e Rogério Tolentino), além das funcionárias da agência SMP&B Simone Vasconcelos e Geiza Dias. Eles respondem por pelo menos três crimes: formação de quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro.

A então presidente do Banco Rural Kátia Rabello e os diretores José Roberto Salgado, Vinícius Samarane e Ayanna Tenório foram denunciados por formação de quadrilha, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro. O publicitário Duda Mendonça e sua sócia, Zilmar Fernandes, respondem a ações penais por lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O ex-ministro da Secretaria de Comunicação (Secom) Luiz Gushiken é processado por peculato. O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato foi denunciado por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

O ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) responde a processo por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A denúncia inclui ainda parlamentares do PP, PR (ex-PL), PTB e PMDB. Entre eles o próprio delator, Roberto Jefferson.

Em julho de 2011, a Procuradoria-Geral da República, nas alegações finais do processo, pediu que o STF condenasse 36 dos 38 réus restantes. Ficaram de fora o ex-ministro da Comunicação Social Luiz Gushiken e do irmão do ex-tesoureiro do Partido Liberal (PL) Jacinto Lamas, Antônio Lamas, ambos por falta de provas.

A ação penal começou a ser julgada em 2 de agosto de 2012. A primeira decisão tomada pelos ministros foi anular o processo contra o ex-empresário argentino Carlos Alberto Quaglia, acusado de utilizar a corretora Natimar para lavar dinheiro do mensalão. Durante três anos, o Supremo notificou os advogados errados de Quaglia e, por isso, o defensor público que representou o réu pediu a nulidade por cerceamento de defesa. Agora, ele vai responder na Justiça Federal de Santa Catarina, Estado onde mora. Assim, restaram 37 réus no processo.

Fonte: Terra
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