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Julgamento do Mensalão

Em memorial, Thomaz Bastos pede 'pena reduzida' a Salgado

23 out 2012 - 14h29
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O advogado Márcio Thomaz Bastos apresentou um memorial nesta terça-feira no Supremo Tribunal Federal (STF) para pedir uma "pena reduzida" ao seu cliente, o ex-vice-presidente do Banco Rural, José Roberto Salgado. A partir de hoje, os ministros da Corte começam a estipular o cálculo da pena de cada um dos réus condenados no processo do mensalão.

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Salgado foi condenado pelos ministros por gestão fraudulenta de instituição financeira, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e formação de quadrilha. De acordo com o advogado, o ex-dirigente não foi responsável por nenhum dos empréstimos autorizados pelo banco ao Partido dos Trabalhadores (PT), já que essa atribuição era de responsabilidade do então vice-presidente da instituição, José Augusto Dumont.

Ele ainda argumentou que até abril de 2004 Salgado era responsável pela área internacional e de câmbio do banco. "Logo, em 2003, quando "inaugurado" o pretenso esquema de 'operacionalização dos vultosos pagamentos em espécie às pessoas indicadas por Marcos Valério de forma a possibilitar a não identificação dos efetivos beneficiários', relação nenhuma mantinha ele com a área operacional", escreveu no memorial.

Segundo o ex-ministro da Justiça, a denúncia do Ministério Público apresentou um envolvimento de menor importância do réu nos crimes. "A rigor e considerando-se não lhe atribuir a denúncia a execução de atos propriamente típicos em relação aos preceitos incriminadores capitulados, cuida-se, pois, de concurso por participação e, emblematicamente, de menor importância", afirmou Thomaz Bastos.

Ao classificar o ex-dirigente como um "homem comum", ele buscou sensibilizar os ministros sobre a necessidade de uma pena justa. "Sem registrar qualquer envolvimento em procedimento criminal que não se refira ao próprio contexto factual trazido à baila na ação penal vertente - respeitosa e confiantemente aspira e espera, além da aplicação da regra do artigo 71 para os delitos de gestão, lavagem e evasão entre si, a fixação da pena-base no piso legal, eis que rigorosamente "suficiente para reprovação e prevenção do crime", completou.

O mensalão do PT
Em 2007, o STF aceitou denúncia contra os 40 suspeitos de envolvimento no suposto esquema denunciado em 2005 pelo então deputado federal Roberto Jefferson (PTB) e que ficou conhecido como mensalão. Segundo ele, parlamentares da base aliada recebiam pagamentos periódicos para votar de acordo com os interesses do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Após o escândalo, o deputado federal José Dirceu deixou o cargo de chefe da Casa Civil e retornou à Câmara. Acabou sendo cassado pelos colegas e perdeu o direito de concorrer a cargos públicos até 2015.

No relatório da denúncia, a Procuradoria-Geral da República apontou como operadores do núcleo central do esquema José Dirceu, o ex-deputado e ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, e o ex- secretário-geral Silvio Pereira. Todos foram denunciados por formação de quadrilha. Dirceu, Genoino e Delúbio respondem ainda por corrupção ativa.

Em 2008, Sílvio Pereira assinou acordo com a Procuradoria-Geral da República para não ser mais processado no inquérito sobre o caso. Com isso, ele teria que fazer 750 horas de serviço comunitário em até três anos e deixou de ser um dos 40 réus. José Janene, ex-deputado do PP, morreu em 2010 e também deixou de figurar na denúncia.

O relator apontou também que o núcleo publicitário-financeiro do suposto esquema era composto pelo empresário Marcos Valério e seus sócios (Ramon Cardoso, Cristiano Paz e Rogério Tolentino), além das funcionárias da agência SMP&B Simone Vasconcelos e Geiza Dias. Eles respondem por pelo menos três crimes: formação de quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro.

A então presidente do Banco Rural Kátia Rabello e os diretores José Roberto Salgado, Vinícius Samarane e Ayanna Tenório foram denunciados por formação de quadrilha, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro. O publicitário Duda Mendonça e sua sócia, Zilmar Fernandes, respondem a ações penais por lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O ex-ministro da Secretaria de Comunicação (Secom) Luiz Gushiken é processado por peculato. O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato foi denunciado por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

O ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) responde a processo por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A denúncia inclui ainda parlamentares do PP, PR (ex-PL), PTB e PMDB. Entre eles o próprio delator, Roberto Jefferson.

Em julho de 2011, a Procuradoria-Geral da República, nas alegações finais do processo, pediu que o STF condenasse 36 dos 38 réus restantes. Ficaram de fora o ex-ministro da Comunicação Social Luiz Gushiken e do irmão do ex-tesoureiro do Partido Liberal (PL) Jacinto Lamas, Antônio Lamas, ambos por falta de provas.

A ação penal começou a ser julgada em 2 de agosto de 2012. A primeira decisão tomada pelos ministros foi anular o processo contra o ex-empresário argentino Carlos Alberto Quaglia, acusado de utilizar a corretora Natimar para lavar dinheiro do mensalão. Durante três anos, o Supremo notificou os advogados errados de Quaglia e, por isso, o defensor público que representou o réu pediu a nulidade por cerceamento de defesa. Agora, ele vai responder na Justiça Federal de Santa Catarina, Estado onde mora. Assim, restaram 37 réus no processo.

Márcio Thomaz Bastos é advogado do ex-vice-presidente do Banco Rural, José Roberto Salgado
Márcio Thomaz Bastos é advogado do ex-vice-presidente do Banco Rural, José Roberto Salgado
Foto: STF / Divulgação
Fonte: Terra
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