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Mundo

Embaixador líbio no Brasil se nega a renunciar ao cargo

24 fev 2011 - 13h31
(atualizado às 15h58)
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Laryssa Borges
Direto de Brasília

O embaixador da Líbia no Brasil, Salem Ezubedi, afirmou nesta quinta-feira que não pretende renunciar ao cargo por considerar que sua saída diante das manifestações que tomam conta do país norte-africano seria uma "traição" ao governo local.

Desde o estouro dos protestos contra o governo do ditador Muammar Kadafi já renunciaram os embaixadores líbios nos Estados Unidos, Índia, China, Austrália, Bangladesh, Indonésia, Malásia e Polônia, além do representante da Liga Árabe e dos ministros do Interior e da Justiça.

"Não sou um funcionário ou diplomata tradicional. Sou professor universitário, fui escolhido pelo Congresso Popular de base para trabalhar na diplomacia popular e fui encarregado pelo Estado para trabalhar no Brasil. Aqui represento o meu país e considero que o trabalho na minha posição é uma responsabilidade e honra. O abandono do cumprimento da minha responsabilidade seria traição ao meu país, a qual não é aceita pela minha cultura, caráter ou honra da minha família", disse o embaixador em pronunciamento em Brasília.

Líbios enfrentam repressão e desafiam Kadafi

Impulsionada pela derrocada dos presidentes da Tunísia e do Egito, a população da Líbia iniciou protestos contra o líder Muammar Kadafi, que comanda o país desde 1969. As manifestações começaram a tomar vulto no dia 17 de fevereiro, e, em poucos dias, ao menos a capital Trípoli e as cidades de Benghazi e Tobruk já haviam se tornado palco de confrontos entre manifestantes e o exército.

Os relatos vindos do país não são precisos, mas tudo leva a crer que a onda de protestos nas ruas líbias já é bem mais violenta do que as que derrubaram o tunisiano Ben Ali e o egípcio Mubarak. A população tem enfrentado uma dura repressão das forças armadas comandas por Kadafi. Há informações de que Força Aérea líbia teria bombardeado grupos de manifestantes em Trípoli. Estima-se que centenas de pessoas, entre manifestantes e policiais, tenham morrido.

Além da repressão, o governo líbio reagiu através dos pronunciamentos de Saif al-Islam , filho de Kadafi, que foi à TV acusar os protestos de um complô para dividir a Líbia, e do próprio Kadafi, que, também pela televisão, esbravejou durante mais de uma hora, xingando os contestadores de suas quatro décadas de governo centralizado e ameaçando-os de morte.

Além do clamor das ruas, a pressão política também cresce contra o coronel Kadafi. Internamente, um ministro líbio renuncioue pediu que as Forças Armadas se unissem à população. Vários embaixadores líbiostambém pediram renúncia ou, ao menos, teceram duras críticas à repressão. Além disso, o Conselho de Segurança das Nações Unidas fez reuniões emergenciais, nas quais responsabilizou Kadafi pelas mortes e indicou que a chacina na Líbia pode configurar um crime contra a humanidade.

info infográfico líbia infromações sobre o país
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Foto: AFP
Fonte: Terra
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