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Tragédia em Santa Maria

Tragédia no RS: no máximo 5 pacientes usariam 'pulmão' externo

3 fev 2013 - 23h31
(atualizado às 23h31)
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"Convocado" pelo Ministério da Saúde para ajudar as vítimas do incêndio na boate Kiss, de Santa Maria, o médico brasileiro Marcelo Cypel chegou neste domingo ao aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, e foi diretamente ao Hospital de Clínicas para avaliar pacientes. Cypel, que trabalha na Universidade de Toronto, no Canadá, vai ajudar com sua experiência no uso do chamado suporte pulmonar extracorpóreo - um equipamento que faz o trabalho de respiração do corpo, diminuindo o esforço dos pulmões. Segundo o especialista, após conversas com os médicos dos hospitais onde se recuperam os pacientes, ele avalia que poucos precisarão passar pelo procedimento.

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"É uma 'grande minoria' de pacientes que deve precisar. Atualmente tem 35 pacientes, mais ou menos, entubados ainda. Desses, eu diria que no máximo cinco vão precisar (do equipamento)", diz o especialista, que ainda vai avaliar pessoalmente as vítimas. O médico afirma que o equipamento é usado comumente em bebês e crianças, mas dificilmente em adultos - e é por isso que ele vem ajudar os médicos brasileiros com sua experiência.

O equipamento usa um tubo que tira o sangue, o oxigena e remove o gás carbônico - basicamente, o mesmo trabalho do pulmão no corpo. Cypel explica que a ventilação mecânica pode forçar o órgão e causar lesões (geralmente não permanentes) - mas somente em casos muito graves. Com o uso do procedimento extracorpóreo, a recuperação é acelerada.

Em casos ainda mais complicados, os órgãos podem não dar conta. "Em algumas situações, o pulmão, mesmo em ventilação mecânica, ele não é suficiente para manter o paciente vivo. A colocação basicamente salva o paciente. Então, você tem basicamente duas opções: uma é para acelerar a recuperação e a outra é para o paciente que não tem outra opção", explica.

Cypel explica esse procedimento passou por uma grande evolução nos últimos anos. Antes, o equipamento carregava um risco maior de infecção e de sangramento. Hoje, os médicos conseguem utilizar uma quantidade menor de anticoagulantes (o que diminui o risco de sangramento) e apenas um tubo para retirar e devolver o sangue ao corpo (com uma chance menor de infecção).

O médico diz que neste domingo e na segunda-feira vai visitar pacientes em hospitais Porto Alegre. Na terça-feira, ele avalia as vítimas internadas em Santa Maria.

INCÊNDIO EM SANTA MARIA

Entenda detalhes de como aconteceu a tragédia em Santa Maria, na região central do RS, que chocou o País e o mundo e como era a Boate Kiss por dentro

Incêndio na Boate Kiss

Um incêndio de grandes proporções deixou mais de 230 mortos na madrugada do dia 27 de janeiro, em Santa Maria (RS). O incidente, que começou por volta das 2h30, ocorreu na Boate Kiss, na rua dos Andradas, no centro da cidade. O Corpo de Bombeiros acredita que o fogo tenha iniciado com um artefato pirotécnico lançado por um integrante da banda que fazia show na festa universitária.

Segundo um segurança que trabalhava no local, muitas pessoas foram pisoteadas. "Na hora que o fogo começou, foi um desespero para tentar sair pela única porta de entrada e saída da boate, e muita gente foi pisoteada. Todos quiseram sair ao mesmo tempo e muita gente morreu tentando sair", contou. O local foi interditado e os corpos foram levados ao Centro Desportivo Municipal, onde centenas de pessoas se reuniam em busca de informações.

A prefeitura da cidade decretou luto oficial de 30 dias e anunciou a contratação imediata de psicólogos e psiquiatras para acompanhar as famílias das vítimas. A presidente Dilma Rousseff interrompeu uma viagem oficial que fazia ao Chile e foi até a cidade, onde se reuniu com o governador Tarso Genro e parentes dos mortos. A tragédia gerou uma onda de solidariedade tanto no Brasil quanto no exterior.

Os feridos graves foram divididos em hospitais de Santa Maria e da região metropolitana de Porto Alegre, para onde foram levados com apoio de helicópteros da FAB (Força Aérea Brasileira). O Ministério da Saúde, com apoio dos governos estadual e municipais, criou uma grande operação de atendimento às vítimas.

Na segunda-feira, quatro pessoas foram presas temporariamente - dois sócios da boate, Elissandro Callegaro Sphor, conhecido como Kiko, e Mauro Hoffman, e dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira, Luciano Augusto Bonilha Leão e Marcelo de Jesus dos Santos. Enquanto a Polícia Civil investigava documentos e alvarás, a prefeitura e o Corpo de Bombeiros divergiam sobre a responsabilidade de fiscalização da casa noturna.

A tragédia fez com que várias cidades do País realizassem varreduras em boates contra falhas de segurança, e vários estabelecimentos foram fechados. Mais de 20 municípios do Rio Grande do Sul cancelaram a programação de Carnaval devido ao incêndio.

Fonte: Terra
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