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Tragédia em Santa Maria

Advogado de sócio da Kiss, deputado deixa comando de comissão no RS

Jorge Pozzobom (PSDB) atuou na defesa de Mauro Hoffmann em processo envolvendo outra casa noturna do empresário

14 fev 2013 - 21h05
(atualizado às 21h13)
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<p>Empresário Mauro Hoffmann, um dos donos da Boate Kiss, está preso preventivamente</p>
Empresário Mauro Hoffmann, um dos donos da Boate Kiss, está preso preventivamente
Foto: Nabor Goulart / Agência Freelancer

Instalada na tarde desta quinta-feira pela Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, a comissão montada por deputados gaúchos para acompanhar a investigação do incêndio na Boate Kiss, em Santa Maria, já foi alvo de polêmica. Horas após assumir a coordenação da Comissão de Representação Externa, o deputado Jorge Pozzobom (PSDB) deixou o cargo após ser noticiada a sua atuação como advogado de um dos sócios da casa noturna, Mauro Hoffmann, em um processo envolvendo outro negócio do empresário.

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No fim da tarde, o presidente da Assembleia, Pedro Westphalen (PP), informou que Pozzobom seria substituído pelo deputado Paulo Odone (PPS), 1º vice-presidente da Casa. "Entramos em contato com o deputado Pozzobom e chegamos a um acordo de que a permanência dele certamente prejudicaria o bom andamento dos trabalhos, que têm que ser céleres e trazer resultados para a sociedade. Por isso, o deputado declinou de participar da comissão", afirmou Westphalen, ressaltando que foi Pozzobom quem tomou a iniciativa de se afastar.

Segundo Westphalen, a mudança ocorreu após tomar conhecimento, por meio da imprensa, de que Pozzobom havia sido advogado de Hoffmann em um processo envolvendo outra casa noturna do empresário em Santa Maria, a boate Absinto. O presidente da Assembleia argumentou que não tinha conhecimento do fato quando indicou Pozzobom para coordenar a comissão.

Além de Odone, farão parte da comissão os deputados Valdeci Oliveira (PT), Giovani Feltes (PMDB), Mano Changes (PP) e Gilmar Sossella (PDT). O órgão técnico terá 30 dias para formular um relatório a respeito das investigações da tragédia.

Paralelamente, uma Comissão Especial será responsável por revisar e atualizar a legislação de segurança, prevenção e proteção contra incêndios no Estado. O grupo será presidido pelo deputado Adão Villaverde (PT). Também integram a Comissão Especial os deputados Valdeci Oliveira (PT), Giovani Feltes (PMDB), Gilberto Capoani (PMDB), Frederico Antunes (PP), Gerson Burmann (PDT), Vinicius Ribeiro (PDT), Jurandir Maciel (PTB), Jorge Pozzobom (PSDB), Raul Carrion (PCdoB), Paulo Odone (PPS) e Paulo Borges (DEM).

Incêndio na Boate Kiss

Um incêndio de grandes proporções deixou mais de 230 mortos na madrugada do dia 27 de janeiro, em Santa Maria (RS). O incidente, que começou por volta das 2h30, ocorreu na Boate Kiss, na rua dos Andradas, no centro da cidade. O Corpo de Bombeiros acredita que o fogo tenha iniciado com um artefato pirotécnico lançado por um integrante da banda que fazia show na festa universitária.

Segundo um segurança que trabalhava no local, muitas pessoas foram pisoteadas. "Na hora que o fogo começou, foi um desespero para tentar sair pela única porta de entrada e saída da boate, e muita gente foi pisoteada. Todos quiseram sair ao mesmo tempo e muita gente morreu tentando sair", contou. O local foi interditado e os corpos foram levados ao Centro Desportivo Municipal, onde centenas de pessoas se reuniam em busca de informações.

INCÊNDIO EM SANTA MARIA

Entenda detalhes de como aconteceu a tragédia em Santa Maria, na região central do RS, que chocou o País e o mundo e como era a Boate Kiss por dentro

 

A prefeitura da cidade decretou luto oficial de 30 dias e anunciou a contratação imediata de psicólogos e psiquiatras para acompanhar as famílias das vítimas. A presidente Dilma Rousseff interrompeu uma viagem oficial que fazia ao Chile e foi até a cidade, onde se reuniu com o governador Tarso Genro e parentes dos mortos. A tragédia gerou uma onda de solidariedade tanto no Brasil quanto no exterior.

Os feridos graves foram divididos em hospitais de Santa Maria e da região metropolitana de Porto Alegre, para onde foram levados com apoio de helicópteros da FAB (Força Aérea Brasileira). O Ministério da Saúde, com apoio dos governos estadual e municipais, criou uma grande operação de atendimento às vítimas.

Na segunda-feira, quatro pessoas foram presas temporariamente - dois sócios da boate, Elissandro Callegaro Spohr, conhecido como Kiko, e Mauro Hoffmann, e dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira, Luciano Augusto Bonilha Leão e Marcelo de Jesus dos Santos. Enquanto a Polícia Civil investigava documentos e alvarás, a prefeitura e o Corpo de Bombeiros divergiam sobre a responsabilidade de fiscalização da casa noturna.

A tragédia fez com que várias cidades do País realizassem varreduras em boates contra falhas de segurança, e vários estabelecimentos foram fechados. Mais de 20 municípios do Rio Grande do Sul cancelaram a programação de Carnaval devido ao incêndio.

Fonte: Terra
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