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Propinas da Odebrecht já implicam diretamente líderes latino-americanos

8 fev 2017 - 19h11
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A delação da construtora Odebrecht sobre as propinas pagas em vários países já envolveu diretamente alguns presidentes e ex-presidentes na América Latina, uma lista deve aumentar nos próximos meses.

O ex-presidente do Peru Alejandro Toledo (2001-2006) foi acusado de receber da Odebrecht uma comissão de US$ 20 milhões, uma denúncia que fez a Procuradoria-Geral do país pedir sua prisão preventiva.

Se considerado o fato de o atual presidente peruano, Pedro Pablo Kuczynski, ter sido o ministro da Economia quando ocorreram as irregularidades em questão, após a acusação contra Toledo, Kuczynski não perdeu tempo para lavar as mãos, em uma espécie de "excusatio non petita, accusatio manifesta", expressão usada no direito para afirmar que quem se desculpa sem ser acusado demonstra culpa.

Como resposta, a esposa de Toledo, Elliane Karp, conhecida por não ter papas na língua, fez publicamente uma ameaça ao mesmo tempo reveladora e inquietante ao presidente: "Não me faça falar porque eu sei bem o que você fez", disse Elliane.

Outra ex-primeira-dama também teria envolvimento com a empreiteira brasileira. A Procuradoria Anticorrupção também investiga a participação de Nadine Heredia, esposa do ex-presidente Ollanta Humala (2011-2016), nas propinas admitidas pela Odebrecht.

Além disso, o ex-presidente Alan García foi convocado a depor, ainda na condição de testemunha, sobre as propinas pagas pela construtora durante seu segundo mandato, entre 2006 e 2011.

Na Colômbia, a Procuradoria-Geral pediu a abertura de uma investigação sobre a denúncia da "contribuição" de US$ 1 milhão da Odebrecht à campanha para a reeleição do atual presidente do país, Juan Manuel Santos.

Duas pessoas já foram presas pelo escândalo envolvendo a Odebrecht no país além da investigação que agora gravita em torno de Santos. Gabriel García Morales, vice-ministro de Transportes durante o governo de Álvaro Uribe (2002-2010), confessou ter recebido US$ 6,5 milhões pagos pela Odebrecht.

O adversário de Santos nas eleições presidenciais, Óscar Iván Zuluaga, também do partido de Uribe, também foi acusado de envolvimento irregular com a empreiteira. Segundo a revista "Veja", parte do salário do publicitário Duda Mendonça, que atuou na campanha de Zuluaga, teria sido pago pela Odebrecht.

No Panamá, foram expedidas duas ordens de busca e captura contra dois filhos do ex-presidente Ricardo Martinelli (2009-2014). Bancos suíços congelaram US$ 22 milhões que eles têm depositados no país e que teriam sido pagos pela Odebrecht, segundo a própria construtora.

Além disso, a Procuradoria-Geral acusou Amado Barahona, diretor da Unidade de Análise Financeira do governo de Martín Torrijos (2004-2009).

As práticas ilícitas da Odebrecht parecem ser sistemáticas, sem preferências por um governo específico, e induzida por um sistema político afetado por uma corrupção crônica e capaz de afetar qualquer administração presidencial.

Também parece evidente que com os valores milionários envolvidos, a Odebrecht não usaria intermediários ou funcionários públicos do baixo escalão para conseguir seus objetivos dentro dos governos.

Como consequência das delações premiadas feitas pelos ex-diretores da empresa no Brasil, as autoridades dos Estados Unidos, onde a Odebrecht também opera, aplicaram a Ata de Práticas Corruptas contra a construtora no exterior.

O Departamento de Justiça dos EUA revelou no dia 21 de dezembro o alcance econômico e os locais de destino dos US$ 788 milhões pagos em propina pela Odebrecht: 12 países da América Latina e África.

Os dados revelados pelos EUA, que a Odebrecht assumiu e pelos quais aceitou pagar uma multa de US$ 3,5 bilhões, mencionam textualmente "funcionários e intermediários" dos governos como destinatários das propinas em questão.

EFE   
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