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O 'horror de Aleppo' em imagem de menino que sobreviveu a ataque aéreo na Síria

18 ago 2016 - 07h56
(atualizado às 08h06)
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Imagem do menino foi captada após resgate em prédio bombardeado em Aleppo
Imagem do menino foi captada após resgate em prédio bombardeado em Aleppo
Foto: AMC / BBCBrasil.com

A imagem de um menino ferido após um ataque aéreo à cidade síria de Aleppo está circulando nas redes sociais e chamando atenção para o desespero das vítimas do conflito no país.

Segundo relatos, o menino seria Omran Daqneesh, de cinco anos de idade. Ele foi uma das vítimas de um ataque aéreo que deixou três mortos e 12 feridos no distrito de Qaterji, controlado por rebeldes e alvo de uma ofensiva aérea por parte de forças do regime Assad.

Cinco delas seriam crianças, segundo disseram à agência AP grupos de oposição.

Nesta quinta-feira, o enviado especial da ONU à Síria, Staffan de Mistura, cancelou uma reunião humanitária no meio do encontro, citando sua "insatisfação profunda" com a continuidade dos combates e criticando os dois lados do conflito.

As imagens do menino, divulgadas pelo grupo de oposição Aleppo Media Center, mostram a criança sendo levada para uma ambulância, onde fica sentada com olhar atordoado e com parte do rosto coberta em sangue.

Segundo relatos, Omran Daqneesh está se recuperando com a família
Segundo relatos, Omran Daqneesh está se recuperando com a família
Foto: AMC / BBCBrasil.com

No vídeo, ele passa a mão no rosto e examina as manchas de sangue antes de limpar a mão na cadeira.

Depois, as equipes de resgate trazem duas crianças e um homem, também feridos no ataque.

Segundo os relatos, Omran Daqneesh está se recuperando com a família.

"A face atordoada e ensaguentada de uma criança sobrevivente resume o horror de Aleppo", disse Adib Shishakly, que integra o grupo de oposição Conselho Nacional Sírio.

Segundo o Unicef, cerca de 100 mil crianças vivem em áreas sob controle rebelde em Aleppo.

Dividida entre o oeste, controlado pelo governo, e o leste, dominado por rebeldes, a cidade é palco de uma disputa sangrenta que já dura quatro anos.

A batalha se intensificou desde que distritos controlados por rebeldes foram cercados em julho, explicou Shashank Joshi, pesquisador-sênior do Royal United Services Institute, em artigo na BBC.

"Estima-se que de 250 mil a 300 mil civis estejam presos em partes de Aleppo que estão sob controle rebelde desde julho. E os governos sírio e russo têm se demonstrado dispostos a conduzir bombardeios aéreos em áreas civis, enquanto rebeldes conduzem ataques, na maioria das vezes ataques de artilharia, em áreas populosas. Hospitais têm sofrido, intensificando a crise humanitária", escreveu Joshi.

Centenas de pessoas foram mortas só nas últimas semanas, segundo organizações que monitoram o conflito.

No ano passado, a imagem do menino sírio Alan Kurdi, de três anos, que morreu afogado na travessia do Mar Mediterrâneo e terminou sendo levado pela maré para uma praia na Turquia, chamou atenção para a situação dos refugiados sírios que deixam o país por conta do conflito.

Nesta quinta-feira, o enviado especial da ONU à Síria, Staffan de Mistura, condenou os dois lados do conflito, dizendo que os combates impediram que os comboios humanitários chegassem à cidade no último mês.

De Mistura disse que abandonou uma reunião em Genebra após apenas oito minutos, "como sinal de profunda insatisfação com a falta de pausa" no conflito.

"Na Síria, o que estamos ouvindo e vendo são apenas ofensivas, contraofensivas, foguetes, bombas, canhões, napalm, cloro, atiradores, ataques aéreos, ataques suicidas a bomba", disse.

"Nenhum comboio humanitário alcançou qualquer das áreas dentro do cerco. Nenhum. Por quê? Por uma razão: os combates. A prioridade nesse momento, claramente pelo que podemos ver, são os combates."

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