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Jogos de Paris

Roma rumo aos Jogos 2024: oportunidade ou desnecessário?

17 ago 2016 - 10h08
(atualizado às 18h20)
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A candidatura de Roma aos Jogos Olímpicos de 2024 divide opiniões entre os que acreditam que essa é uma oportunidade econômica única e quem vê a possibilidade de sediar as competições como uma aposta arriscada, como a nova prefeita Virgínia Raggi.

O Comitê Olímpico Italiano (CONI), apoiado por Luca Cordero di Montezemolo, ex-presidente da Ferrari, trabalha há 18 meses em um evento que, em sua opinião, devolveria Roma à elite do esporte mundial e ajudaria no crescimento econômico da cidade.

Organizar os Jogos Olímpicos ajudaria, segundo os promotores, a melhorar o sistema de transporte, a receita e os serviços de limpeza, gerando também 170 mil novos empregos.

Por outro lado, a nova prefeita da capital italiana, Virgina Raggi, considera a candidatura como algo "não ético", alegando que isso implicaria em um grande gasto de dinheiro, que deveria ser utilizado para melhorar os serviços de uma cidade descuidada e com graves deficiências nos serviços básicos.

Virgina Raggi, que foi eleita como prefeita no último dia 22 de junho, já destacou várias vezes que ninguém reivindicou a ela "Jogos Olímpicos, mas sim a melhoria dos serviços básicos" durante sua campanha eleitoral.

O fator econômico é o principal problema que deve ser levado em conta antes de aceitar o desafio de organizar uma Olimpíada, considerando, por exemplo, que Londres gastou US$ 14,9 bilhões e o Rio de Janeiro desembolsou US$ 4,5 bilhões, conforme um estudo da Universidade de Oxford.

O presidente do CONI, Giovanni Malagò, e Montezemolo destacaram em novembro que a intenção era limitar ao máximo a despesa e fixaram US$ 5,9 bilhões como teto de investimento.

"A maioria das instalações já está pronta para ser usada", declarou Montezemolo na apresentação da candidatura à imprensa internacional em Roma em novembro do ano passado.

Entre os espaços que seriam aproveitados estaria a Cidade do Esporte, projetada pelo arquiteto espanhol Santiago Calatrava para o Mundial de Natação de 2009 e cuja construção permanece paralisada e abandonada desde 2010 por falta de investimentos.

Os organizadores também sustentam que a eventual organização dos Jogos teria efeitos muito positivos inclusive em áreas nos arredores da capital, como o bairro periférico de Tor Vergata, que foi eleito sede da Vila Olímpica.

Como resposta aos que criticam a proposta, o CONI e seus representantes apelam aos benefícios "indiretos" para os romanos. No entanto, quem se opõe a Roma 2024 se baseia em dados concretos, que evidenciam a inadequada situação de uma cidade que arrasta graves problemas de corrupção política e notáveis deficiências em seus sistemas de transporte e limpeza.

Neste contexto, alguns especialistas dão como exemplo o caso da cidade de Turim, que organizou os Jogos de Inverno de 2006 e que segue usufruindo dos dividendos desse evento, que melhorou notavelmente a cidade e seus espaços públicos.

Essa edição se destacou por uma ótima organização, tanto em nível esportivo quanto em nível de serviço para os turistas, que entre outras aspectos ganharam uma rede de transporte muito eficaz.

Este será o grande desafio de Roma 2024. Após os graves escândalos de corrupção política e empresarial, a capital italiana terá que demonstrar que tem a força necessária para trabalhar unicamente a serviço do esporte e de seus cidadãos.

O CONI e o Comitê Promotor estão convencidos de que questionar a eventual organização dos Jogos Olímpicos por medo da possível corrupção não faz sentido e continuam trabalhando para seu ambicioso projeto: devolver a capital italiana o protagonismo mundial.

Além de que, apesar dos riscos e dos desafios que a organização de um evento mundial como este proporciona, Roma conta agora - segundo os incentivadores - com uma grande oportunidade para reagir com força à difícil situação atual.

EFE   
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