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Oriente Médio

Bana Alabed, menina de 7 anos que tuitava os horrores da guerra na Síria, consegue deixar Aleppo

19 dez 2016 - 14h03
(atualizado às 14h11)
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Bana Alabed foi resgatada nesta segunda-feira; ONG turca publicou foto da garota com funcionário mostrando que ela está em segurança
Bana Alabed foi resgatada nesta segunda-feira; ONG turca publicou foto da garota com funcionário mostrando que ela está em segurança
Foto: Reprodução Twitter / BBC News Brasil

O resgate de pessoas que vivem na perigosa zona de guerra de Aleppo, na Síria, foi retomado no último domingo. Ônibus e ambulâncias transportaram cerca de 350 moradores de uma das áreas controladas pelos rebeldes na cidade até outra.

Entre os integrantes do grupo está Bana Alabed, garota de sete anos que ficou famosa no mundo todo por seus tuítes denunciando as condições terríveis de vida nas regiões sitiadas.

A informação foi confirmada quando a ONG islâmica turca IHH publicou uma foto da garota acompanhada de um de seus funcionários. "Ela foi retirada de Aleppo nesta manhã com sua família", dizia a postagem.

Operações de evacuação das partes controladas pelo governo na província de Idlib, sitiada por rebeldes, começaram cedo nesta segunda-feira.

Outras milhares de pessoas estão esperando para serem resgatadas de Aleppo.

Os primeiros esforços para retirar indivíduos das últimas regiões controladas por rebeldes falharam e foram interrompidos na sexta-feira - a ação deixou civis presos em vários pontos ao longo da rota, sem acesso a comida e a qualquer abrigo.

O bombardeio no leste de Aleppo deixou a cidade praticamente sem instalações médicas.

No domingo, alguns homens armados colocaram fogo em pelo menos cinco ônibus que estavam prontos para transportar pessoas feridas e doentes da região.

Houve relatos afirmando que o grupo de Jabhat Fateh al-Sham, ligado à al-Qaeda, havia sido responsável pelo ataque. Mas o Hezbollah, conjunto de militantes libaneses que atua junto ao governo sírio, disse que o incidente começou durante ataques entre jihadistas e outros grupos rebeldes que apoiavam a evacuação.

O Exército Sírio Livre, uma facção mais moderada entre os rebeldes, classifica as ações como "imprudentes" e diz que elas colocaram a vida de milhares de pessoas em perigo.

Entre os moradores que esperam poder deixar Aleppo estão crianças doentes e feridas, afirma a Unicef, agência da ONU para a infância. Algumas mais novas foram forçadas a sair da cidade sem seus pais e centenas das mais vulneráveis continuam presas na região, de acordo com a entidade.

Bana Alabed

A menina resgatada nesta segunda-feira ganhou destaque na imprensa mundial após ter usado uma conta no Twitter para falar sobre as dificuldades que enfrentava em Aleppo.

"Essa é a nossa casa. Minhas queridas bonecas morreram no bombardeio na nossa casa. Estou muito triste, mas feliz por estar viva", afirmou em uma postagem publicada no início de dezembro, retuitada mais de 7,4 mil vezes.

Bana tuitava em inglês com a ajuda de sua mãe, Fatemah. Elas viviam em uma zona controlada pelos rebeldes em Aleppo.

Em um dos dias, elas chegaram a se despedir dos seguidores temendo pela vida. Horas depois, porém, vieram novos tuítes dizendo que a família estava viva e que sua casa havia sido destruída.

"Esta noite não temos casa, ela foi bombardeada e está em ruínas. Eu vi pessoas mortas e quase morri", tuitou Bana.

A conta chegou a ter quase 200 mil seguidores, mas acabou desativada por um período, o que causou grande preocupação em todos que acompanhavam a rotina da família pela rede social.

Depois do susto, a conta no Twitter foi reativada.

A vida em zona de guerra

Fatemah, a mãe de Bana, estudou Jornalismo e Ciências Políticas e decidiu publicar um diário da vida da família em setembro.

Em entrevista à BBC, disse que ensinou inglês à sua filha e que seus tuítes são verdadeiros. "Bana quer que o mundo escute as nossas vozes", afirmou.

A família enfrentava escassez constante de alimentos, falta de cuidados médicos e bombardeios contínuos.

A ONU calcula que cerca de 16 mil civis foram deslocados de suas casas desde o avanço do Exército sírio na cidade no início de dezembro.

Antes da revolta popular contra o presidente Bashar al-Assad, em 2011, Aleppo era o centro comercial e industrial da Síria.

Nos últimos anos a cidade foi dividida, com o governo controlando o oeste e os rebeldes, o leste.

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