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Oriente Médio

Após 2 anos, Mossul continua aguardando libertação do domínio jihadista

10 jun 2016 - 11h37
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A cidade de Mossul está sob o cerco de forças iraquianas quando se completa nesta sexta-feira dois anos do domínio do grupo jihadista Estado Islâmico (EI), um período marcado por atrocidades e com duração maior que a esperada.

No dia 10 de junho de 2014, um grupo de aproximadamente 300 jihadistas invadiu sem resistência a segunda maior cidade do Iraque, abandonada pelo governo e Exército que deixaram a região antes do avanço do EI.

Dois anos depois, o governo da província de Nínive, cuja capital é Mossul, não esquece o abandono e insiste na necessidade de que se acelere a libertação da cidade do domínio dos radicais.

"Consideramos que este é um dia importante, como uma virada história contemporânea de Nínive, no qual os aparelhos de segurança de Mossul renunciaram ao cumprimento de seu dever, que levou a esta grande catástrofe", disse o governo regional em um comunicado divulgado hoje.

Na mesma nota, as autoridades locais também repreenderam Bagdá que cortou os salários dos funcionários após a ocupação, destacando que "isso tem aumentado o sofrimento dos civis".

A conquista inesperada de Mossul, que foi um impulso para a moral dos combatentes extremistas, acabou seguida de uma curta trégua na cidade, onde os jihadistas ofereceram perdão para funcionários, jornalistas e agentes de segurança.

No entanto, os atos de terror, ameaças, detenções e execuções extrajudiciais logo prevaleceram na maioria das cidades dominadas pelo EI, mesmo contra aqueles que tinham jurado fidelidade aos novos governantes.

As mulheres foram das que mais sofreram a imposição da ideologia retrógrada e medieval dos fanáticos do EI, como relata à Agência Efe, a deputada provincial Balkis Taha.

"Mais de 85% das mulheres foram privadas de educação porque o EI fechou vários institutos e faculdades, e reservou o estudo para os homens, exceto na faculdade de medicina", disse Taha.

Elas também não podem sair sozinhas na rua, salões de cabeleireiro foram fechados e só podem ser tratadas em clínicas e hospitais por pessoas do mesmo sexo, devido à segregação imposta pelos ensinamentos islâmicos.

Calcula-se que mais de um milhão de pessoas fugiram de Mossul e de outras áreas controladas pelo EI. No entanto, aproximadamente 2,5 milhões ainda estão sofrendo com o domínio dos terroristas.

No entanto, nestes 24 meses, a euforia que se seguiu à dominação jihadista de Mossul e encorajou seu líder máximo, Abu Bakr al Baghdadi, a proclamar um califado nos territórios da Síria e do Iraque, diminuiu.

Em meados de maio, os EUA relataram que o EI tinha perdido 45% do território que passou a controlar no Iraque.

Além disso, segundo disse à Efe o presidente da Comissão de Segurança do Conselho de Nínive, Mohammed Ibrahim al Bayati, só em Mossul o EI perdeu 9.923 combatentes nesses dois anos.

O governo iraquiano se comprometeu a se concentrar na reconquista de Mossul. No entanto, os avanços lentos afastaram cada vez mais o governo dos ninivenses, dois anos após a queda da seu capital.

"Hoje, dois anos depois da ocupação de Mossul pelo EI, o governo regional de Nínive responsabiliza o governo central e a comunidade internacional pelo atraso da libertação de Mossul, mas mostra seu otimismo e confiança na vitória do Exército iraquiano", diz o comunicado.

EFE   
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