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O túnel cavado com colheres que salvou prisioneiros judeus dos nazistas

30 jun 2016 - 11h44
(atualizado às 12h56)
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Pelo menos 70 mil judeus foram assassinados por nazistas em Vilnius, na Lituânia
Pelo menos 70 mil judeus foram assassinados por nazistas em Vilnius, na Lituânia
Foto: EZRA WOLFINGER/NOVA / BBCBrasil.com

Durante a 2ª Guerra Mundial, 12 prisioneiros judeus conseguiram um feito notável: escaparam de seus captores nazistas usando apenas colheres.

Os homens, que a princípio eram 40, cavaram um túnel de 34 metros e conseguiram libertar-se das atrocidades a que eram submetidos pelas forças alemãs.

Eles pertenciam ao que ficou conhecida como a "Brigada do fogo" ─ prisioneiros forçados a queimar cadáveres para encobrir os crimes nazistas, enquanto os russos avançavam rumo ao oeste da Europa na década de 40.

Sabendo que também seriam assassinados, os homens cavaram um túnel em um poço e escaparam. Onze deles conseguiram sobreviver à guerra.

O túnel foi redescoberto na floresta de Ponary, na Lituânia, por uma equipe de arqueológos. Eles utilizaram uma tecnologia avançada para rastrear a estrutura.

A localização exata do túnel desapareceu perto do fim da guerra, mas uma equipe internacional formada por especialistas de Israel, Estados Unidos, Canadá e Lituânia conseguiu localizá-lo.

O grupo recorreu a um sistema de tomografia por impedância elétrica, o mesmo usado para a exploração de petróleo, para preservar restos mortais que possivelmente existissem no local.

'Desejo de viver'

A floresta de Ponar, conhecida agora como Ponary, está localizada nos arredores de Vilnius, capital da Lituânia, e era uma região habitada predominantemente por judeus, antes da eclosão da guerra.

Mas sob ocupação nazista, fossas coletivas foram cavadas na floresta para esconder corpos de até 100 mil pessoas, incluindo 70 mil judeus assassinados durante o Holocausto.

Na medida em que a guerra se aproximava do fim e o Exército Vermelho - as forças militares soviéticas - avançava rumo à Europa Ocidental, os nazistas passaram a tentar encobrir as atrocidades que haviam cometido.

Eles obrigaram, por exemplo, cerca de 80 prisioneiros do campo de concentração de Stutthof, na Polônia, a desenterrar corpos e queimá-los.

Chamados de Leichenkommando ("comando dos cadáveres"), posteriormente ficaram conhecidos como a "Brigada de fogo".

Em uma noite, contudo, em uma das fossas onde vários corpos haviam sido enterrados, os prisioneiros começaram a cavar um túnel.

E no dia 15 de abril de 1940, 40 homens tentaram escapar através da estrutura de 0,18 m².

Mas os guardas ouviram o barulho e conseguiram recapturar vários deles. Outros foram assassinados. Mas 12 escaparam - e 11 deles sobreviveram à guerra para contar sua história.

O arqueólogo Jon Seligman, da Autoridade de Antiguidades de Israel, responsável pelas pesquisas, disse que caiu em prantos quando descobriu o túnel. Seligman descreveu a estrutura como "testemunho reconfortante da vitória da esperança sobre a desesperança".

"O túnel é uma mostra de que mesmo em momentos sombríos, ainda há um desejo de viver", disse ele à agência de notícias AP.

Em entrevista ao jornal americano The New York Times, o arqueólogo Richard Freund, que também participou das buscas, disse que Ponary era um "marco zero para o Holocausto", uma prova dos assassinatos sistemáticos antes de os nazistas começarem a usar câmaras de gás.

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