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Mundo

O choro do casal de idosos canadense obrigado a viver separado após 62 anos

28 ago 2016 - 16h02
(atualizado às 16h03)
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Wolfram Gottschalk, 83, e sua esposa Anita, de 81, foram mandados pelo governo para casas de repouso separadas; uma imagem sua emocionados durante encontro viralizou nas redes sociais

Wolfram está na lista de espera para poder se reencontrar com a esposa
Wolfram está na lista de espera para poder se reencontrar com a esposa
Foto: Facebook/Reprodução / BBCBrasil.com

"É a foto mais triste que já tirei na minha vida." Assim Ashley Baryik descreve a foto que tirou de seus avós para relatar ao mundo o drama do casal de idosos. A imagem, postada no Facebook, imediatamente foi compartilhada milhares de vezes e foi notícia em todo o mundo.

Na foto, um homem de cadeira de rodas e uma mulher com um andador ortopédico estão sentados de frente para o outro e secam suas lágrimas com lenços de pano.

Wolfram Gottshalk, de 83 anos, e sua esposa Anita, de 81, são casados há mais de seis décadas. Apesar disso, foram obrigados a viver separados pelo que a família considera uma ineficiência no sistema de saúde público canadense.

Anita está em uma residência para idosos na ciudad de Surrey, na província de Columbia Britânica, no oeste do Canadá.

Seu marido, que foi diagnosticado recentemente com linfoma - câncer no sistema linfático - está em outra residência enquanto aguarda na lista de espera o traslado para junto da mulher com quem viveu mais de seis décadas.

Baryik, de 29 anos, compartilhou a imagem dos avós - Omi e Opi, como os chama - para chamar atenção sobre o que a família qualificou de "atrasos e demoras no sistema de saúde pública" do país.

"Choram sempre que se veem"

Ashley conta que seus avós foram separados pela primeira vez em janeiro, quando Wolfram Gottschalk foi hospitalizado devido a um problema cardíaco. Após o incidente, foi recomendado que ele fosse levado a uma casa de repouso.

Wolfram e Anita Gottschalk com a neta, Ashley Kaila Baryik, que publicou a foto no Facebook
Wolfram e Anita Gottschalk com a neta, Ashley Kaila Baryik, que publicou a foto no Facebook
Foto: Facebook/Reprodução / BBCBrasil.com

Enquanto Wolfram aguardava um lugar em um centro para idosos, sua esposa Anita pediu entrada no esquema de vida assistida do sistema público para poder se juntar ao marido.

As autoridades encontraram rapidamente um lugar para Anita, mas o marido continua, após oito meses, vivendo em um centro de transição e na lista de espera por um lugar na residência da esposa.

A neta disse que decidiu pedir ajuda através das redes sociais porque o diagnóstico do avô "deu um novo sentido de urgência à necessidade de reunificar o casal". "É desolador para minha avó, ela que quer estar ao lado do marido todos os dias", disse Ashley.

"Eles choram sempre que se veem, e o processo tem sido emocionalmente esgotante para eles."

Problema maior

A autoridade de saúde de Fraser, jurisdição onde vivem os Gottschalk, disse à agência AP que tenta manter famílias unidas, mas alega que as necessidades médicas de Wolfram são maiores que as de Anita.

Diagnóstico de linfoma em Wolfram eleva urgência de que o casal passe a viver junto, disse neta
Diagnóstico de linfoma em Wolfram eleva urgência de que o casal passe a viver junto, disse neta
Foto: Getty Images / BBCBrasil.com

Um representante da entidade contatou o casal na quinta-feira, afirmando que conseguir um leito para Wolfram é agora sua "prioridade número um".

"É muito triste para a família e para nós também", disse a porta-voz de Fraser, Tasleem Juma.

Após a publicação da imagem no Facebook, doações foram oferecidas para levar o casal para uma residência privada. Mas as ofertas foram recusadas, pois o casal acredita no princípio de que seu exemplo sirva para pressionar por mudanças no sistema de saúde.

"Aceitar dinheiro no nosso caso não resolveria o problema de todas as outras famílias que não podem pagar uma residência privada", disse Ashley.

"Queremos uma saída para melhorar o sistema, não arrecadar dinheiro para achar um final feliz para um único caso, que é sintomático de um problema muito maior."

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