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Oriente Médio

Violência na Síria fez mais de 7,5 mil vítimas, segundo a ONU

28 fev 2012 - 13h24
(atualizado às 14h31)
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O número de vítimas da repressão na Síria é de "muito mais de 7,5 mil mortos", declarou nesta terça-feira Lynn Pascoe, secretário geral adjunto da ONU para Assuntos Políticos. Ele admitiu, contudo, no Conselho de Segurança, que as Nações Unidas não podiam "dar cifras precisas" do número de mortos durante as manifestações opositoras na Síria.

Imagem sem data distribuída pelo jornal Sunday Times exibe a jornalista Marie Colvin na Praça Tahrir, no Cairo. A experiente correspondente internacional americana morreu nesta quarta-feira em um bombardeio na cidade síria de Homs. O fotógrafo francês Rémi Ochlik também morreu na Síria nesta quarta
Imagem sem data distribuída pelo jornal Sunday Times exibe a jornalista Marie Colvin na Praça Tahrir, no Cairo. A experiente correspondente internacional americana morreu nesta quarta-feira em um bombardeio na cidade síria de Homs. O fotógrafo francês Rémi Ochlik também morreu na Síria nesta quarta
Foto: Sunday Times / AP

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"Agora há informes confiáveis de que o número de mortos excede os 100 civis por dia, incluindo muitas mulheres e crianças. O total estaria efetivamente acima dos 7,5 mil", disse o funcionário.

Pascoe afirmou que o fracasso da comunidade internacional para "deter o massacre" incentivava o governo sírio a acreditar que podia agir com impunidade. Observadores sírios de direitos humanos afirmaram que mais de 7,6 mil pessoas morreram nos últimos 11 meses, mas este é o maior valor dado até agora pelas Nações Unidas.

Pascoe disse que a resposta com tanques e bombardeios aos protestos era "uma reminiscência do massacre de Hama realizado pelo governo sírio em 1982", ordenado pelo pai do presidente, Hafez, e no qual morreram, ao que parece, milhares de pessoas.

"Infelizmente, a comunidade internacional fracassou em sua obrigação de deter o massacre e as ações e inações (...) parecem ter fomentado no regime a crença de que estava impune para realizar a destruição sem sentido de seus cidadãos", disse Pascoe em uma conferência sobre o Oriente Médio diante do Conselho de Segurança.

Rússia e China vetaram duas resoluções do Conselho de Segurança da ONU que pretendiam condenar a violência da Síria, mas diplomatas afirmaram que as negociações podem levar em breve a uma nova resolução exigindo o acesso humanitário à Síria.

Cerca de 25 mil refugiados, segundo registros da ONU, encontram-se em países limítrofes da Síria e entre 100 e 200 mil estão desabrigados dentro do país, acrescentou Pascoe.

Damasco de Assad desafia oposição, Primavera e Ocidente

Após derrubar os governos de Tunísia e Egito e de sobreviver a uma guerra na Líbia, a Primavera Árabe vive na Síria um de seus episódios mais complexos. Foi em meados do primeiro semestre de 2011 que sírios começaram a sair às ruas para pedir reformas políticas e mesmo a renúncia do presidente Bashar al-Assad, mas, aos poucos, os protestos começaram a ser desafiados por uma repressão crescente que coloca em xeque tanto o governo de Damasco como a própria situação da oposição da Síria.

A partir junho de 2011, a situação síria, mais sinuosa e fechada que as de Tunísia e Egito, começou a ficar exposta. Crise de refugiados na Turquia e ataques às embaixadas dos EUA e França em Damasco expandiram a repercussão e o tom das críticas do Ocidente. Em agosto a situação mudou de perspectiva e, após a Turquia tomar posição, os vizinhos romperam o silêncio. A Liga Árabe, principal representação das nações árabes, manifestou-se sobre a crise e posteriormente decidiu pela suspensão da Síria do grupo, aumentando ainda mais a pressão ocidental, ancorada pela ONU.

Mas Damasco resiste. Observadores árabes foram enviados ao país para investigar o massacre de opositores - já organizados e dispondo de um exército composto por desertores das forças de Assad -, sem surtir efeito. No início de fevereiro de 2012, quando completavam-se 30 anos do massacre de Hama, o as forças de Assad investiram contra Homs, reduto da oposição. Pouco depois, a ONU preparou um plano que negociava a saída pacífica de Assad, mas Rússia e China vetaram a resolução, frustrando qualquer chance de intervenção, que já era complicada. Uma ONG ligada à oposição estima que pelo menos 7,6 mil pessoas já tenham morrido.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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