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América Latina

Adversário de Chávez sofre antissemitismo, dizem entidades

17 fev 2012 - 23h02
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Duas importantes organizações judaicas dos Estados Unidos condenaram nesta sexta-feira os comentários supostamente antissemitas feitos por partidários do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, contra o candidato presidencial oposicionista, Henrique Capriles.

Escolhido como candidato único contra Chávez na eleição de outubro, Capriles - que é católico praticante, mas neto de judeus poloneses sobreviventes do Holocausto - tem enfrentado diversos insultos por parte dos chavistas. Um insulto que causou especial indignação foi um perfil feito por um comentarista de uma rádio estatal sob o título "O inimigo é o sionismo".

O próprio Chávez o chamou de "porco" e alguns partidários do presidente divulgaram uma caricatura em que Capriles aparecia de cueca cor-de-rosa e com uma suástica no braço. Um comentarista de TV disse que Capriles foi detido fazendo sexo com outro homem em um carro. O candidato diz que é mentira.

Capriles tem evitado comentar os insultos, e diz que só pretende brigar contra problemas reais dos venezuelanos, como a criminalidade e o desemprego. Chávez, principal líder antiamericano da América Latina, tem entre seus principais aliados internacionais os governos da Síria e do Irã, que são inimigos declarados de Israel.

"Como já testemunhamos no passado, o antissemitismo flagrante e persistente é usado pelo presidente Chávez e seu aparato de governo como uma ferramenta de divisão política, para tratar os judeus como bodes expiatórios", disse Abraham Foxman, diretor nacional da Liga Antidifamação.

"O que estamos vendo no início da (campanha para a) eleição presidencial da Venezuela é uma tentativa de retratar o candidato da oposição como um 'judeu traidor', indigno da presidência e que, se eleito, irá subverter os interesses do povo venezuelano para beneficiar algum mítico complô sionista mundial."

Alguns familiares de Capriles morreram em campos de concentração, e o candidato costuma falar de maneira comovida sobre o tempo em que sua avó passou escondida e como ela fugiu do Gueto de Varsóvia. Os avós maternos dele, de sobrenome Radonski, se mudaram para a Venezuela depois da Segunda Guerra Mundial e criaram uma hoje próspera produtora de cinema.

Outra entidade judaica, o Centro Simon Wiesenthal, enviou uma carta à rádio estatal venezuelana se queixando do artigo publicado em seu site pelo jornalista Adal Hernández. "Em outubro, há duas claras propostas para a Venezuela: a Revolução Bolivariana defendendo a unidade latino-americana e os interesses do povo, ou o sionismo internacional, ameaçando a destruição do nosso planeta", dizia o artigo.

A carta do Centro Wiesenthal dizia: "Pedimos ao presidente Chávez que ponha um fim a essa campanha, que irá certamente se tornar mais ameaçadora com a aproximação da data das eleições. Chávez detém a responsabilidade máxima por seus próprios veículos de comunicação, e pode impedir pessoalmente a incitação ao ódio".

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