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Oriente Médio

Oposição síria afirma que 200 foram mortos em protestos

12 abr 2011 - 09h20
(atualizado às 09h38)
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O principal movimento de direitos humanos da Síria disse que o saldo de mortes dos protestos pró-democracia contra o presidente Bashar al-Assad chegou a 200, e exortou a Liga Árabe a impor sanções à hierarquia governante.

A Síria, mais recente dos países árabes assolados por levantes em massa contra governos autoritários, testemunhou nas últimas três semanas protestos inéditos por toda a nação controlada com mão de ferro.

Assad reagiu com a força - testemunhas dizem que as forças de segurança abriram fogo contra os manifestantes -, vagas promessas de reformas e tentativas de apaziguar a minoria curda. Os protestos não têm dado sinal de arrefecimento, mas ainda não chegaram aos níveis vistos na Tunísia e no Egito, onde os líderes foram depostos.

"O levante da Síria clama com 200 mártires, centenas de feridos e um número semelhante de prisões," afirmou o grupo Declaração de Damasco em uma carta enviada na segunda-feira ao secretário-geral da Liga Árabe.

A Declaração de Damasco foi batizada em referência a um documento assinado em 2005 por líderes civis, islâmicos e liberais proeminentes pedindo o fim dos 41 anos de governo da família Assad e sua substituição por um sistema democrático.

"O regime desencadeia suas forças para sitiar as cidades e aterrorizar os civis, enquanto os manifestantes em toda a Síria ecoam o mesmo clamor 'pacífico, pacífico'", acrescentou.

"Pedimos a vocês... que imponham sanções políticas, diplomáticas e econômicas ao regime sírio, que continua a ser o fiel guardião do legado de Hafez al-Assad," diz a carta, referindo-se ao governo de mão de ferro do presidente Hafez al-Assad, que morreu em 2000 após 30 anos no poder.

Os protestos, que irromperam na cidade de Deraa, no sul, no mês passado antes de se disseminarem, exigem liberdade de expressão e reunião e um fim à corrupção.

As autoridades culpam "grupos armados" e "elementos infiltrados" pela violência, na qual dizem que policiais e soldados também foram mortos. Nesta terça-feira, a agência de notícias estatal SANA deu os nomes de seis agentes de segurança particulares que diz terem sido mortos e 168 feridos em Deraa, subúrbios de Damasco, Homs e Latakia.

"O presidente Assad só tem feito promessas nos últimos 11 anos. Ao invés de soluções ele fala, como o regime costuma fazer, sobre uma conspiração estrangeira," afirma a carta.

A sexta-feira passada foi uma das mais sangrentas desde o início do levante em Deraa, uma cidade agricultora perto da fronteira com a Jordânia onde muitas tribos muçulmanas sunitas se ressentem da riqueza e do poder acumulados pela minoria alauíta, seita à qual Assad pertence.

A organização Human Rights Watch (HRW), que disse que 27 pessoas foram mortas em Deraa, criticou as forças de segurança sírias por impedir que manifestantes feridos chegassem aos hospitais e que equipes médicas os tratassem em duas cidades.

"As autoridades sírias estão reagindo aos protestos contra a repressão com mais repressão: assassinatos, prisões arbitrárias em massa, espancamentos e tortura," declarou Sarah Leah Whitson, da HRW.

Segundo a Human Rights Watch, os manifestantes disseram que alguns dos presentes aos protestos se apossaram de armas de um posto de controle do exército abandonado e dispararam contra as forças de segurança, matando pelo menos uma dúzia deles e ateando fogo a dois carros pertencentes a forças de segurança e ao exército.

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