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Estados Unidos

Mais de 100 mil estrangeiros já saíram da Líbia, segundo EUA

1 mar 2011 - 15h13
(atualizado às 22h43)
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Mais de 100 mil estrangeiros, sobretudo egípcios e tunisianos, já fugiram da Líbia e se espera a saída de um número "muito maior", revelou nesta terça-feira o Secretário de Estado Adjunto para População, Refugiados e Migração dos Estados Unidos, Eric Schwartz. "Alguns milhares" de líbios abandonaram o país desde o início dos protestos contra o regime de Muammar Kadafi, afirmou Schwartz, que finalizou nesta terça-feira uma visita de quatro dias ao Equador e continuará sua viagem na Colômbia.

Membros da Guarda Nacional da Tunísia tentam conter os refugiados do Egito, da Tunísia e da Líbia em Ras Ajdir, na fronteira da Líbia com a Tunísia
Membros da Guarda Nacional da Tunísia tentam conter os refugiados do Egito, da Tunísia e da Líbia em Ras Ajdir, na fronteira da Líbia com a Tunísia
Foto: AP

Schwartz reconheceu que as informações sobre a situação humanitária dentro da Líbia "são limitadas" e disse não poder descartar que haja uma onda de refugiados líbios rumo às fronteiras, mas indicou que por enquanto o fator mais preocupante é o grande fluxo de estrangeiros. "O maior desafio é o movimento em grande escala de estrangeiros que querem sair da Líbia, de mais de 100 mil, principalmente egípcios e tunisianos, que já fugiram", explicou o funcionário americano à Efe.

"Podemos esperar que sejam muitos mais", alertou Schwartz. Segundo dados da Comissão Europeia, na Líbia há 1,5 milhão de estrangeiros. O funcionário americano indicou que é necessário estabelecer "instalações de recepção" ao longo das fronteiras com a Líbia, assim como proporcionar meios de transporte para resgatar essas pessoas a seus países de origem, para que sua permanência nos campos de amparo seja "temporária".

Os EUA analisam atualmente a melhor maneira de executar essas retiradas: por ar, terra ou ambos. O Departamento de Estado dos EUA anunciou que reservará US$ 10 milhões para responder à emergência, mas Schwartz indicou que esse número constitui "o começo do apoio".

Por sua parte, a Organização da Conferência Islâmica (OCI) fez nesta terça-feira um apelo urgente a seus países-membros para que ajudem a Tunísia no resgate dos milhares de refugiados estrangeiros que chegaram a seu território e que se encontram "em condições precárias".

Líbios enfrentam repressão e desafiam Kadafi

Impulsionada pela derrocada dos presidentes da Tunísia e do Egito, a população da Líbia iniciou protestos contra o líder Muammar Kadafi, que comanda o país desde 1969. As manifestações começaram a tomar vulto no dia 17 de fevereiro, e, em poucos dias, ao menos a capital Trípoli e as cidades de Benghazi e Tobruk já haviam se tornado palco de confrontos entre manifestantes e o exército.

Os relatos vindos do país não são precisos, mas tudo leva a crer que a onda de protestos nas ruas líbias já é bem mais violenta que as que derrubaram o tunisiano Ben Ali e o egípcio Mubarak. A população tem enfrentado uma dura repressão das forças armadas comandas por Kadafi. Há informações de que aeronáutica líbia teria bombardeado grupos de manifestantes em Trípoli. Estima-se que centenas de pessoas, entre manifestantes e policiais, tenham morrido.

Além da repressão, o governo líbio reagiu através dos pronunciamentos de Saif al-Islam , filho de Kadafi, que foi à TV acusar os protestos de um complô para dividir a Líbia, e do próprio Kadafi, que, também pela televisão, esbravejou durante mais de uma hora, xingando os contestadores de suas quatro décadas de governo centralizado e ameaçando-os de morte.

Além do clamor das ruas, a pressão política também cresce contra o coronel Kadafi. Internamente, um ministro líbio renuncioue pediu que as Forças Armadas se unissem à população. Vários embaixadores líbiostambém pediram renúncia ou, ao menos, teceram duras críticas à repressão. Além disso, o Conselho de Segurança das Nações Unidas fez reuniões emergenciais, nas quais responsabilizou Kadafi pelas mortes e indicou que a chacina na Líbia pode configurar um crime contra a humanidade.

EFE   
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