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Oriente Médio

Gás natural coloca Líbano e Israel em nova tensão diplomática

31 dez 2010 - 15h00
(atualizado às 15h22)
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Tariq Saleh
Direto de Beirute

A descoberta de novas reservas de gás natural na bacia do Mar Mediterrâneo, entre Israel e Líbano, coloca os dois países em mais uma tensão diplomática, incluindo ameaças do grupo xiita Hezbollah, que acusa o governo israelense de buscar a exploração de recursos naturais em mar territorial libanês.

A descoberta de novas reservas de gás natural entre Israel e Líbano coloca os dois países em mais uma tensão diplomática
A descoberta de novas reservas de gás natural entre Israel e Líbano coloca os dois países em mais uma tensão diplomática
Foto: AFP

Segundo estudos de geólogos dos Estados Unidos, a chamada Bacia do Levante contém em torno de 122 trilhões de metros cúbicos de gás natural. O governo de Israel declarou que iniciaria a exploração da energia alternativa de forma unilateral a fim de tornar o país independente de importações.

Segundo os geólogos, a descoberta das reservas, que se estendem do território palestino da Faixa de Gaza até a costa da Síria, poderia beneficiar toda a região. Mas a região em questão é extremamente volátel e instável em meio ao conflito árabe-israelense.

Grande parte das reservas estão depositadas em áreas controladas pelo Líbano, que acusou Israel de buscar a exploração de recursos naturais libanês. O Parlamento do país acelerou a aprovação de uma lei para exploração dos recursos naturais perto de sua costa. O governo libanês também ameaçou denunciar Israel nos órgãos das Nações Unidas para proteger seus interesses. Nesse contexto, o grupo político e militar Hezbollah ameaçou Israel com retaliações militares se violasse a integridade territorial do Líbano.

Entretanto, Israel alega que os campos de gás natural se encontram entre seu território e a ilha de Chipre. O ministro israelense de Infraestrutura Nacional, Uzi Landau, chegou a declarar que o país "não hesitaria em usar a força" para proteger as reservas, apoiado na lei marítima internacional.

O governo israelense declarou que se mostrava preocupado com o fato de que plataformas de exploração ao norte de sua costa poderiam se tornar alvos preferenciais para ataques do Hezbollah.

Egito e Turquia

De acordo com especialistas, fronteiras marítimas são calculadas de várias formas, uma delas sendo um acordo bilateral. Mas Israel e Líbano não possuem relações diplomáticas, e suas fronteiras terrestres ainda são pontos de discórdia.

Até o momento, Israel entrou em um acordo com Chipre, que se encontra no lado oeste da Bacia do Levante. Os dois países dividiram uma área de cerca de 200 milhas náuticas (370 km) entre eles e a fronteira marítima. O acordo foi assinado entre o ministro cipriota de Relações Exteriores, Markos Kyprianou, e o israelense Landau.

O governo do Chipre declarou que o acordo com Israel não conflitaria com um tratado similar assinado com o Líbano, ainda a ser aprovado pelo Parlamento cipriota.

Para adicionar à "Guerra do Gás", como está sendo chamado pelos libaneses o conflito sobre as reservas no mar, o Egito declarou que se asseguraria de que os acordos não infringiriam seu território marítimo e interesses econômicos. Os egípcios também assinaram um acordo com Chipre.

Não bastasse a tensão multilateral em torno das reservas de gás, a Turquia também entrou na briga. Embora a Turquia não tenha aspirações na área demarcada entre Chipre e Israel, o governo turco criticou o acordo por não considerar os direitos dos ¿cipriotas turcos¿e a jurisdição sobre as áreas marítimas da ilha.

Chipre é um país dividido entre o lado grego cipriota e os turcos cipriotas que culminou com a invasão da Turquia, em 1974, alegando um golpe de Estado apoiado pela Grécia. O governo turco disse que Chipre não poderia assinar acordos sem considerar os direitos do norte da ilha, de população majoritariamente turca cipriota.

De acordo com os estudos dos geólogos americanos, os dois principais sítios de gás natural de Tamar e Leviathan poderiam alimentar a demanda de energia de Israel por décadas e estão avaliadas em torno de US$ 300 bilhões.

No Líbano, um país carente de energia e cuja população sofre com frequentes cortes de eletricidade, as reservas estão sendo tratadas como "segurança nacional". Mas as divisões políticas no país impedem o governo de formular um plano de investimentos para exploração de seus recursos.

A lei aprovada no Parlamento somente colocou o assunto em pauta, mas os partidos políticos libaneses não chegaram a um acordo sobre quem e como explorar o gás natural perto de sua costa.

Fonte: Redação Terra
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