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Oriente Médio

Wikileaks: sauditas queriam força árabe para destruir Hezbollah

8 dez 2010 - 18h02
(atualizado em 9/12/2010 às 10h23)
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Tariq Saleh
Direto de Beirute

A Árabia Saudita propôs, há dois anos, o estabelecimento de uma força militar árabe para destruir o grupo líbanês Hezbollah, segundo documentos diplomáticos secretos dos Estado Unidos publicados pelo site WikiLeaks. Neles, o ministro de Relações Exteriores saudita, príncipe Saud al-Faisal, apresentou a altos diplomatas americanos um plano para uma força militar apoiada por poderes aéreo e naval dos EUA e Otan.

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O plano incluia o desembarque de "tropas árabes reunidas de países árabes 'periféricos' sob a bandeira das Nações Unidas". De acordo com os informes diplomáticos, o governo americano respondeu ao pedido com reservas e ceticismo sobre a viabilidade do plano.

O documento, revelado pelo WikiLeaks na terça-feira, cita uma reunião de maio de 2008 entre o embaixador dos EUA no Iraque, David Satterfield, e al-Faisal. Nela, o príncipe saudita disse que uma "resposta segura" era necessária para o "desafio militar" imposto ao governo de Beirute pelo grupo (Hezbollah) apoiado pelo Irã.

Em maio de 2008, o Hezbollah, grupo político e paramilitar xiita, tomou à força parte da capital, Beirute, em confrontos armados nas ruas contra militantes sunitas pró-governo. Na época, o governo do então primeiro-ministro Fouad Siniora estava à beira do colapso.

A Árabia Saudita é o principal aliado da comunidade sunita no Líbano e da maioria governista liderada pelo atual primeiro-ministro Saad Hariri. Já o Hezbollah conta com apoio político, financeiro e militar de da Síria e do Irã.

Frente iraniana

Na reunião, segundo o documento, o príncipe al-Faisal argumentou que uma força árabe era necessária para manter a ordem em Beirute e ao redor. Ele informou aos americanos que os EUA e a Otan precisariam fornecer tranporte e apoio logístico, assim como cobertura aérea e naval de suas forças. As forças árabes também seriam ajudadas por tropas da Unifil, a força de paz da ONU no sul do país, a quem o saudita acusou de "ficar sentada fazendo nada".

O saudita disse que uma vitória completa do Hezbollah em Beirute significaria o fim do governo de Siniora e a tomada do Líbano pelo Irã. Para convencer os americanos, o ministro al-Faisal, segundo os documentos, enfatizou que uma vitória do Hezbollah no Líbano, combinada com as ações iranianas no Iraque e nos territórios palestinos, seria desastrosa para os EUA e toda a região.

Para os diplomatas americanos, al-Faisal também disse que o então primeiro-ministro Siniora apoiava a ideia, e que apenas Jordânia, Egito e a Liga Árabe estavam cientes do plano. Al-Faisal também disse que "de todas as frentes em que o Irã estava agora avançando, a batalha no Líbano para assegurar a paz seria uma batalha mais fácil de ganhar".

O embaixador americano Satterfield disse ao saudita que haviam questões reais sobre a viabilidade política e militar de um esquema como aquele, e ganhar um novo mandato para a Unifil seria, portanto, mais difícil. Na semana passada, outro documento revelado pelo Wikileaks citava uma reunião, em 2006, entre diplomatas americanos e o ex-ministro de Defesa libanês, Elias Murr, em que passava informações para serem entregues a Israel de como os militares israelenses poderiam destruir o Hezbollah durante a guerra daquele ano entre a milícia libanesa e o Estado judaico.

Nas últimas duas semanas, o Wikileaks publicou um total de 250 mil documentos secretos das representações diplomáticas dos Estados Unidos pelo mundo. O governo americano acusou a publicação dos documentos de "irresponsável" e um "ataque à comunidade internacional".

Fonte: Especial para Terra
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