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Mundo

Jovens falam de esperança em reformas e democracia no Egito

29 nov 2010 - 13h43
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Tariq Saleh
Direto do Cairo

Hisham, Lana e Adel são jovens, de classe média, profissionais recém formados. Eles também são egípcios e sonham com maior democracia em um país onde o atual presidente, Hosni Mubarak, governa o Egito com mão de ferro há três décadas.

Policiais carregam urnas para a contagem dos votos após o encerramento da votação, em Mahalla El Kubra
Policiais carregam urnas para a contagem dos votos após o encerramento da votação, em Mahalla El Kubra
Foto: Reuters

Os três falaram com o Terra sobre suas esperanças de que um dia uma democracia seja parte da realidade egípcia. Em razão da comum intimidação das forças de segurança, os nomes deles foram alterados.

As eleições parlamentares do Egito foram realizadas no domingo, com 5.181 candidatos que disputaram 508 cadeiras no Parlamento. Apesar de cerca de 41 milhões de eleitores estavam aptos a votar, jornais do país especulam que o comparecimento às urnas foi baixo. A comissão eleitoral declarou que os resultados do pleito serão anunciados nesta terça-feira.

Para Adel, um engenheiro civil, toda uma geração de egípcios continuará a viver sob um regime que nega à população seus direitos fundamentais e eleições livres de fraudes. "Achar que estas eleições trazem alguma mudança é uma fantasia. O governo poderia nos poupar de tanta dor e declarar logo que é um ditadura, porque é isso que temos hoje", disse ele.

Adel também disse que não votou nas eleições de ontem porque não acha que fararia muita diferença. "Votar para quê? Meu voto como de muitos outros não fará diferença, o governo sempre vai ganhar", desabafou.

No entanto, Lana, uma ativista política, discorda de seu conterrâneo, e disse que, apesar das fraudes e intimidações, os egípcios, especialmente os mais jovens, devem continuar a ter esperanças de que um dia terão uma democracia plena.

"Acho que não podemos desanimar, apesar de toda a pressão que o governo faz sobre nós. Eu fui votar, mesmo sabendo que meu voto será jogado no lixo. Era me dever, uma maneira de eu protestar e mostrar meu descontentamento", falou ela ao Terra.

Fraudes
O partido do presidente Mubarak, o Partido Nacional Democrático (PND) deve ganahr uma maioria absoluta e enquanto que a oposição, liderada pela Irmandade Muçulmana, deve sair enfraquecido.

O pleito foi marcado por protestos em diferentes regiões da capital Cairo e outras cidades egípcias contra irregularidades que supsotamente ocorreram. Partidos da oposição alegaram que houve fraude em várias seções eleitorais.

Em alguns postos eleitorais, houve confrontos entre simpatizantes da oposição e polícia e membros do PND. Testemunhas disseram que a polícia chegou a dispersar eleitores antes que pudessem votar. Em relatos, opocisionistas acusaram autoridades eleitorais de permir eleitores simpatizantes do governo a votar duas vezes.

Segundo analistas, as eleições somente confirmarão a mão do governo sobre a vida política no Egito, apesar da pressão internacional sobre Mubarak por maiores reformas e transparência.

De acordo com Hisham, o regime egípcio deve cair em um futuro mais próximo, pois o povo se tornou mais consciente do que há 10 ou 20 anos."Com o ativismo político, a internet e a globalização, acho difícil o regime continuar do jeito que está. A pressão aumentou sobre o governo do Mubarak", opinou ele, que também não votou como uma forma de protesto.Hisham, que é analista financeiro, acredita que com a saúde de Mubarak debilitada, o regime está desesperado.

"As pessoas que fazem parte do círculo de Mubarak envelheceram, alguns já morreram, e chegou um momento de renovação. Mas eles não sabem como fazer isso e temem perder o poder".

Lana acha que a pressão constante de movimentos estudantis, de ONGs e sociedade civil farão a diferença a longo prazo. "Eu acredito que todos estes movimentos exercerão pessão no futuro. Alguma hora eles vão ceder", salientou ela.

Mas para Adel, a mudança no Egito passa pelos partidos de oposição, que se mostraram dividos nesta eleição e prejudicou suas campanhas eleitorais. "Quando a oposição decidiu boicotar o pleito, alguns partidos, como a Irmandade Muçulmana, decidiram concorrer. Isso foi uma punhalada nas costas".

Lana concorda com a falta de união da oposição. "Se eles tivessem se unido, teríamos uma oposição forte. Mas cada partido age de acordo com seus interesses e nós, egípcios, ficamos reféns da falta de maturidade democrática", enfatizou ela.

"Mas a esperança vai continuar. Um dia vai mudar porque um presidente não governa sozinho. No fim, ele precisa do povo".

Fonte: Especial para Terra
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