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Oriente Médio

Crise política no Líbano ameaça governo de união nacional

10 nov 2010 - 18h36
(atualizado em 11/11/2010 às 07h44)
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Tariq Saleh
Direto de Beirute

O gabinete libanês realiza nesta quarta-feira uma reunião organizada pelo presidente do país para tentar salvar o governo de união nacional do colapso. No entanto, membros da oposição, liderada pelo Hezbollah, ameaçam boicotar o encontro, expondo ainda mais a fragilidade do atual governo.

Presidente libanês, Michel Suleiman (dir.), e o premiê Saad Hariri, participam de reunião no Palácio Presidencial
Presidente libanês, Michel Suleiman (dir.), e o premiê Saad Hariri, participam de reunião no Palácio Presidencial
Foto: EFE

A mais nova crise política libanesa se deve ao possível indiciamento de membros do Hezbollah na morte do ex-prêmier Rafik al-Hariri, em 2005, pelo Tribunal das Nações Unidas (ONU). Além disso, a oposição tem apelado para que o governo investigue a questão das "falsas testemunhas", que levou investigadores a acusar a Síria pelo assassinato de Hariri.

Enquanto o Hezbollah aumenta o tom contra o tribunal da ONU, acusando-o de servir aos interesses dos Estados Unidos e Israel, seus ministros dentro do governo libanês exigem que a questão das "falsas testemunhas" sejam debatidas e entregues à justiça comum do país para investigação.

A base governista, conhecida como 14 de Março, tem resistido às exigências da oposição, obrigando o presidente libanês, Michel Suleiman, a interceder e convocar a reunião do governo. O temor geral é que o colapso do governo, formado por governistas e oposição, e os indiciamentos do tribunal da ONU, podem levar o país a confrontos armados nas ruas.

A situação política é tão frágil que o ministro de Energia, Gebran Bassil, membro da oposição, alertou que a reunião de quarta-feira poderá ser postergada por "absoluta falta de entendimento". "Dificilmente haverá um acordo na questão das falsas testemunhas. A base governista deverá, inclusive, pedir que a reunião seja adiada para que possam ganhar tempo", disse ele a um jornal libanês.

Ministros do grupo 8 de Março, como é chamada a oposição, se reuniram na noite desta terça-feira para discutir alternativas em caso de falta de acordo com os governistas. Segundo colunistas políticos do país, o grupo não descarta a sua retirada do governo, provocando uma dissolução.

Ajuda sírio-saudita

A crise no Líbano fez com que os governos da Síria e Árabia Saudita, países aliados da oposição e situação, respectivamente, se reunissem nesta terça-feira para discutir uma solução para o impasse. O professor Oussama Safa, diretor do Centro Libanês para Estudos Políticos em Beirute, disse que a intervenção sírio-saudita é sinal de que o cenário é grave. "Síria e Árabia Saudita vinham com péssimas relações, mas recentemente se reaproximaram porque enxergam que as coisas estão extremamente sérias e perigosas no Líbano", disse ele ao Terra.

Em julho, o rei da Árabia Sauddita, Abdullah bin Abdel Aziz, e o presidente sírio, Bashar al-Assad, visitaram Beirute, onde visitaram as principais lideranças libanesas e reafirmaram uma união em torno de uma mensagem por estabilidade no país. "Eles voltando a se reunir prova que há problemas e que houve uma piora na situação", completou Safa.

O líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, fará um pronunciamento ao país nesta quinta-feira, quando deverá se posicionar sobre a reunião governamental. "Se o governo não agir para resolver essa crise, o Hezbollah usará de seus próprios meios. E é isso que assusta a maioria dos libaneses", disse.

Fonte: Especial para Terra
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