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Oriente Médio

Paz estaria próxima se Rabin estivesse vivo, dizem analistas

4 nov 2010 - 17h44
(atualizado em 5/11/2010 às 09h39)
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Tariq Saleh
Direto de Beirute

Analistas ouvidos pelo Terra disseram que o processo de paz entre palestinos e israelenses estaria melhor atualmente caso o ex-premiê de Israel, Yitzhak Rabin, assassinado há exatos 15 anos, ainda estivesse vivo. Os especialistas acreditam que Rabin tinha a liderança necessária e o apoio da sociedade israelense para fazer concessões aos palestinos que eles julgavam "dolorosas", mesmo não havendo como confirmar se sua presença teria garantido o sucesso de um acordo de paz.

Bill Clinton intermedia encontro entre líderes israelense, Yitzhak Rabin, e palestino, Yasser Arafat, em setembro de 1993 na Casa Branca
Bill Clinton intermedia encontro entre líderes israelense, Yitzhak Rabin, e palestino, Yasser Arafat, em setembro de 1993 na Casa Branca
Foto: AFP

Rabin foi morto a tiros por um extremista judeu no dia 4 de novembro de 1995, em Tel Aviv. Nesta quinta-feira, o país realizou homenagens pelo aniversário de morte do líder israelense. Ele e o líder palestino Yasser Arafat, morto em 2004, assinaram os chamados Acordos de Oslo, em 1993, que visava a criação de um Estado palestino, o fim da ocupação israelense e a garantia de segurança para Israel.

Além das negociações com os palestinos, Rabin assinou um acordo de paz com a Jordânia, que se juntou ao Egito, sendo os únicos países árabes com relações diplomáticas com o Israel. Mas após sua morte, a paz entre israelenses e palestinos retrocedeu, e mais assentamentos de colonos judaicos foram construidos nos territórios palestinos.

Para Paul Salem, diretor do Centro Carnegie para o Oriente Médio em Beirute, a morte de Rabin foi uma perda irreparével de liderança dentro de seu governo e partido, o Trabalhista. "Inegavelmente, se ele estivesse vivo, o processo de paz teria tomado um rumo diferente do que se viu após sua morte, quando outros dois primeiros-ministros assumiram sem apoio para negociar com os palestinos ou vontade política para concessões", disse ele.

Após a morte de Rabin, Benjamin Netanyahu, do partido de direita Likud, ganhou as eleições para primeiro-ministro e freiou os acordos do processo de paz. O sucessor de Netanyahu, Ehud Barak, do mesmo partido de Rabin, também fracassou em fazer a paz com os palestinos nos encontros de Camp David, em 2000.

Após o colapso das negociações, o direitista Arial Sharon foi eleito primeiro-ministro de Israel, em 2001, e palestinos inciaram a chamada Segunda Intifada (revolta palestina contra a ocupação), em 2002. Atentados à bomba em ciades israelenses também aumentarma nesse período.

Paul Salem explica que o que se viu depois de Rabin foi um "colapso de esperança de paz tanto entre israelenses quanto entre palestinos". "Os palestinos ficaram sem um parceiro hábil com quem negociar. As frustrações de ambos os povos fez aumentar o radicalismo nos dois lados", completou. "Se estivesse vivo, Rabin teria tido mais habilidade do que Netanyahu, Barak ou Sharon em oferecer alternativas para a paz".

Clinton

O ex-presidente americano Bill Clinton comentou o aniversário da morte do líder israelense nesta quinta-feira à mídia americana. Ele foi o presidente dos EUA que intermediou, na época, as negociações entre Rabin e Arafat. "Teria havido paz no Oriente Médio se Yitzhak Rabin estivesse vivo. Mais três anos e a paz teria sido alcançada entre palestinos e israelenses", salientou ele.

Para outro analista, Rami Khoury, da Universidade Americana de Beirute, a morte de Rabin apenas refletiu uma resistência não apenas de setores da sociedade israelense a concessões, mas das principais lideranças políticas de Israel. "Yitzhak Rabin conseguiu com muito esforço convencer a liderança de Israel a negociar, mas já havia sinais de que os Acordo de Oslo fracassariam e apenas prolongariam a ocupação", salientou.

Khoury explicou que enquanto foi inegável os esforços de Rabin por um maior entendimento com os palestinos, dificilmente a ocupação israelense e os assentamentos judaicos nos territórios palestinos teriam terminado mesmo se ele estivesse vivo. "Sua presença encorajava o diálogo, mas nem toda a liderança política israelense, inclusive dentro de seu partido, estava totalmente unida em torno do que ele acreditava. E jamais saberemos se ela estaria caso estivesse vivo hoje".

Em 1994, Yitzhak Rabin, Yasser Arafat e Shimon Peres receberam o Prêmio Nobel da Paz, por seus esforços pela paz através dos Acordos de Oslo.

Fonte: Especial para Terra
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