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Estados Unidos

Obama enfrenta imprensa em coletiva "carregada" após eleição

3 nov 2010 - 19h01
(atualizado às 19h04)
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Ligia Hougland
Direto de Washington

O clima era carregado nesta quarta-feira, no Salão Leste da Casa Branca, onde 200 profissionais da imprensa se reuniram para ouvir o presidente americano, Barack Obama, falar da derrota nas eleições legislativas. Os jornalistas - muitos mostrando abatimento - queriam saber, sobretudo, se Obama se sentia responsável pelos resultados do pleito, que mostraram o descontentamento da população.

Obama concedeu entrevista coletiva nesta quarta após a derrota nas eleições
Obama concedeu entrevista coletiva nesta quarta após a derrota nas eleições
Foto: Reuters

Isso porque Obama é visto como o "queridinho" da mídia, com exceção do grupo Fox News e de alguns veículos conservadores de menor atuação - a maior parte dos principais veículos americanos é simpática aos ideiais liberais do Partido Democrata. Antes da coletiva de hoje, alguns jornalistas brincavam dizendo que, em protesto, não fariam a barba até Nancy Pelosi, a democrata da Califórnia mais temida pelos conservadores, voltar a assumir o papel de porta-voz da Câmara.

No entanto, há pouca dúvida de que o povo americano foi às urnas esta semana para dar uma mensagem clara de descontentamento com o desempenho do governo Obama, que ainda não conseguiu oferecer uma recuperação econômica nem uma criação de empregos significativas. De acordo com a maioria esmagadora da imprensa do país, cada voto que possibilitou a conquista de um novo assento pelos republicanos foi um recado direto e pessoal ao presidente.

"Obama estava indo em direção contrária ao país", disse John Gizzi, editor de política da Human Events, publicação conservadora preferida do ex-presidente republicano Ronald Reagan. "Ainda assim, entre os eleitores negros, nada mudou", segundo Jeneba Ghatt, colunista da Politic365, uma revista online dirigida à minoria negra dos EUA. "Tradicionalmente, os negros não costumam votar nas eleições de meio de mandato. Se o nome de Barack Obama estivesse na cédula, eles teriam votado nele", afirma Ghatt.

A colunista informou que o índice de aprovação de Obama entre a população negra permanecesse igual ao que ele gozava ao assumir a presidência, ficando em aproximadamente 91%. Mas esse índice não é o mesmo para o restante da população, e isso foi mostrado nas urnas. A vitória histórica do Partido Republicano nas eleições possibilitou aos políticos de linha conservadora conquistar a maioria na Câmara dos Deputados, tirando alguns assentos dos democratas no Senado. A troca de representação de um partido para outro foi a maior nos Estados Unidos em mais de 60 anos.

Abatimento

Barack Obama recebeu com semblante carregado a imprensa de Washington na Casa Branca. "As pessoas estão frustradas", disse Obama. "Nos últimos dois anos fizemos progresso, mas claramente não fizemos progresso para muitos americanos e assumo total responsabilidade por isso", afirmou.

Esta será a primeira vez na história do país em que um partido terá a maioria na Câmara dos Deputados enquanto que o partido rival controlará o Senado e a presidência. A discordância entre as políticas republicanas e democratas poderá causar um entrave em Washington. Os republicanos prometem reverter o plano de reforma da saúde que é considerado o orgulho de Obama.

Além disso, políticos conservadores e liberais têm visões conflitantes em termos de corte dos impostos. Os republicanos querem que a generosa redução tributária oferecida pelo ex-presidente George Bush seja extendida além de 2011. Os democratas evitam uma resposta concreta quanto a isso.

Quando Bill Clinton perdeu a maioria tanto na Câmara quanto no Senado, em 1994, ele ainda assim conseguiu trabalhar com os líderes republicanos no Congresso, assinando orçamentos que diminuíram a dívida pública e reduziram os impostos sobre ganhos de capital. Agora, resta ver se Obama tem o mesmo carisma e a capacidade de diálogo do ex-presidente democrata.

"Acredito que há esperança para a civilidade e o progresso", disse o presidente americano. "Posso ter um nome engraçado e ter vivido em lugares diferentes, mas os valores que aprendi com minha mãe e meus avós são os mesmos (do povo americano)", acrescentou Obama.

Fonte: Especial para Terra
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