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Oriente Médio

Maior parceiro comercial, China ajuda Irã a driblar sanções

2 nov 2010 - 09h28
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Tariq Saleh
Direto de Beirute

Autoridades iranianas declararam na semana passada que as sanções internacionais das Nações Unidas (ONU) não impediram o Irã de continuar fazendo negócios com vários países do mundo. Na mídia árabe, especialistas em comércio internacional disseram que a China é hoje o grande parceiro comercial iraniano e vem ajudando o país a driblar as sanções econômicas.

Segundo analistas, os chineses comercializaram cerca de US$ 22 bilhões com o Irã em 2009 e, hoje, fornecem versões chinesas de quase tudo que o Irã está impedido de importar de países ocidentais.

"Os chineses têm a capacidade de evitar as complicações bancárias que outras nações sofrem se tentarem fazer negócios com a República Islâmica (Irã)", disse ao Terra o professor Mahjoob Zweiri, especialista em Irã da Universidade do Catar.

A China estaria construindo estradas no Irã, ajudando empresas iranianas a copiar maquinário feito no Ocidente e substituiria petroleiras francesas, britânicas e japonesas que estã se retirando dos campos de petróleo e gás iranianos. "Os chineses estão manufaturando praticamente tudo que o Irã antes importava de parceiros comerciais europeus", explicou Zweiri.

As sanções econômicas foram impostas pelo Conselho de Segurança da ONU para restringir transações que possam expndir o programa nuclear e militar do Irã. A proposta foi feita pelos Estados Unidos e recebeu o apoio dos outros membros permamentes do Conselho de Segurança da ONU (Reino Unido, França, Rússia e China) mais a Alemanha.

Além destes países, a União Europeia, Canadá, Austrália e Japão também aprovaram suas sanções contra o Irã no setor de energia. Empresas dos setores farmacêuticos, alimentos e cosméticos não sofrem restrições, mas os EUA tentam convencer todos os países e empresas a evitar o comércio com o Irã.

Na tentativa de contornar o problema, autoridades iranianas apelaram para os laços comerciais com outras nações, incluindo Rússia e Índia, na tentativa de provar que as sanções mais duras da ONU e de países ocidentais e asiáticos não estão afetando sua economia.

Ajuda chinesa
Recentemente, o país recebeu representantes empresariais de 25 países na Feira Industrial Internacional de Teerã, a capital iraniana, incluindo da Turquia, Romênia, Índia e Japão, assim como países ocidentais como Alemanha, França, Itália e Suécia.

"Estes países apoiaram as sanções, mas também tentam fazer negócios em setores onde as sanções não se aplicam. Apenas tomam o cuidado para não burlar as restrições impostas para o setor nuclear, militar e de energia do Irã", enfatizou Mahjoob Zweiri.

Mas é a China, de acordo com ele, que dá o suporte econômico aos iranianos que compensou a retirada ocidental da balança comercial do país. Na feira, os chineses somavam 81 de um total de 309 empresas estangeiras presentes.

Segundo o Zweiri, o apoio chinês ao Irã, com uma população de 75 milhões, é mais do que uma jogada política. "O desenvolvimento da China é baseado na exportação e o Irã é um grande mercado consumidor. As sanções estão criando uma grandes oportunidades para empresas chinesas".

Fares Ishtay, economista da Universidade Libanesa, explica que empresas chinesas passaram a fabricar quase todo o tipo de necessidades do mercado iraniano. Segundo ele, a China ultrapassou, no ano passado, a União Europeia como maior parceiro comercial do Irã. "Na feira, empresários chineses declararam à mídia local e internacional que não tinham nenhum problema em exportar ao Irã", disse Ishtay.

Estimativas da Câmara de Comércio Irã-China preveem que os negócios entre os dois países devam chegar a US$50 bilhões pelo ano de 2016."Se isso vai realmente acontecer não há como prever realmente. Mas no ritmo em que a China vem se inserindo an economia iraniana, não será supresa se essas estimativas se confirmarem", afirmou ele.

Segundo o professor libanês, apesar dos laços comerciais fortes, a China não resolverá os vários problemas econômicos iranianos, como as crescentes taxas de inflação e desemprego, e um setor público demasiado grande e ineficiente. "Mas com certeza, a parceria chinesa está aliviando consideravelmente os efeitos das sanções da ONU".

O governo americano já demonstrou preocupação de que algumas empresas chinesas estariam também vendendo equipamentos a entidades e pessoas vinculadas ao programa nuclear iraniano, uma violação, portanto, às sanções da ONU.

Segundo o Departamento de Estado dos EUA, o governo americano enviou informações à China sobre determinadas empresas chinesas que poderiam estar violando as sanções. A China garantiu aos EUA que investigaria as alegações.

Mas Ishtay salienta que as relações políticas podem esfriar esta intensidade comercial entre China e Irã, já que o governo chinês não quer colocar em risco sua imagem no cenário internacional.

"A China não quer entrar em atrito com os EUA por causa do Irã. Quando chegar um ponto em que terão que fazer escolhas, os chineses levarão em conta onde estão seus maiores interesses econômicos", disse.

Fonte: Especial para Terra
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